EXIT! Crise e crítica da sociedade da mercadoria, nº 14 (Março 2017)
Índice e Editorial
Alguma coisa ainda vai andando! – Sobre o sonho de vida capitalista eterna através de todas as crises.
Carta aberta às pessoas interessadas na EXIT! na passagem de 2016 para 2017
Leni Wissen: A matriz psicossocial do sujeito burguês na crise. Uma leitura da psicanálise de Freud do ponto de vista da crítica da dissociação-valor
Introdução
A crise final e o seu recalcamento
O processo de crise pós-moderno e a formação dum tipo social narcisista
Crítica da dissociação-valor e psicanálise
A teoria da libido de Freud do ponto de vista da crítica da dissociação-valor
Evolução sexualmente diferente do desenvolvimento psicossocial
O processo de crise e o carácter social narcisista
Sexualidade de crise
Robert Kurz: A frieza para com o próprio eu e a pulsão de morte do sujeito sem fronteiras
A lógica da dissociação e a crise da relação entre os sexos
A frieza para com o próprio eu
A economia da autodestruição: A globalização e a "incapacidade de exploração" do capital
A metafísica da modernidade e a pulsão de morte do sujeito sem fronteiras
Robert Kurz: Dissidência preguiçosa. As características da síndrome de oposição destrutiva na teoria crítica
Diferença, dissenso e dissidência
Pensar por si engorda
A liberdade de crítica
Kannitverstan [não entendo]
Maçador é agradável
Presente e contra
Heroicamente contra as proibições de pensar
Pensar transversal (e/ou queer) liberta
Daniel Späth: Frente transversal em toda a parte! Ou: A 'novíssima direita', a 'novíssima esquerda' e o fim da transcendência na crítica social
A crise da União Europeia e a viragem imanente da pós-modernidade
Confusão sobre a frente transversal – Sobre a génese histórica da “ideologia alemã” como pressuposto da crítica da ideologia do neofascismo
A era pós-moderna da crise fundamental, a disputa sobre a Europa e a nova hegemonia da Alemanha na administração europeia de crise
A viragem imanente da pós-modernidade, a crise europeia e o surgimento da “novíssima direita” na Alemanha
A classe média dividida na Alemanha
A “novíssima direita” em contradição: As divisões no neofascismo alemão e a “dialéctica das ideologias” sem fronteiras
Bernd Czorny: A compreensão do tempo na pré-modernidade e na modernidade com referência a Postone
1. Introdução
2. As ideias de tempo nas sociedade arcaicas e antigas
3. As ideias de tempo na Idade Média
4. A ideia de tempo na Idade Moderna
5. A dialéctica de tempo abstracto e tempo histórico em Postone
6. Conclusão
Richard Aabromeit: Dinheiro – é claro, certo? Parte I: Ensaio sobre a origem, a história e a essência do dinheiro
Nota prévia
Introdução
1. O dinheiro no senso comum, na opinião pública e na ciência burguesa
2. … bem como em Marx, entre os marxistas e seus próximos
3. A posição convencional sobre a história do dinheiro
4. De que se trata então?
5. A origem histórica empírica do dinheiro
Excurso: O dinheiro em sociedades pré-capitalistas fora do Ocidente
6. Breve história do dinheiro desde o aparecimento das moedas
7. A natureza do nosso dinheiro
Epílogo: O dinheiro na teoria económica e na política económica
Roswitha Scholz
Crítica da dissociação-valor e teoria crítica
Gerd Bedszent
A oligarquia como manifestação do poder de Estado em erosão
Thomas Meyer
Business as usual – Sobre a loucura continuada do modo de produção capitalista
Richard Aabromeit
Jeremy Rifkin: A Sociedade do Custo Marginal Zero. Recensão do seu último livro
Thomas Meyer
Vigiar e punir – Sobre o terror de Estado democrático em tempos de neoliberalismo
Editorial
Nos últimos anos, desde 2008, estão a inundar o mercado publicações sustentando que o fim do capitalismo não só é possível, mas mesmo provável. Para mencionar aqui apenas alguns títulos: David Harvey, 17 contradições e o fim do capitalismo (Berlim, 2015) [Boitempo, São Paulo, 2016]; Wolfgang Streek, Tempo comprado: A crise adiada do capitalismo democrático (Berlim, 2015) [Actual Editora, Coimbra, 2013]; Paul Mason, Pós-capitalismo (Berlim, 2016) [Objectiva, Lisboa, 2016]; Ulrike Hermann, Der Sieg des Kapitals. Wie der Reichtum in die Welt kam [A vitória do capital. Como a riqueza veio ao mundo] (Frankfurt/Main, 2013); Mark Fisher, Kapitalistischer Realismus ohne Alternative? [Realismo capitalista sem alternativa?] (Hamburgo, 2013) [Original: Capitalist Realism: Is there no alternative?. Winchester: Zero Books, 2009 ]; Fabian Scheidler, Das Ende der Megamaschine. Geschichte einer scheiternden Zivilisation [O fim da megamáquina. História de uma civilização a falhar] (Viena, 2015). Sobre isso disse Wallerstein em 2009 que o capitalismo provavelmente não viveria mais de 30 anos (Telepolis, 6.2.2009), e Varoufakis defendeu com veemência que seria preciso salvar primeiro o capitalismo para ainda poder haver tempo de pensar em alternativas, caso contrário iria tudo por água abaixo (der Freitag, 16.03.2015). Esta lista não é de modo nenhum completa e poderia ser facilmente acrescentada, mas não é aqui o lugar para entrar no detalhe de todas as publicações.
Embora muitas destas análises apresentem velhas abordagens, ou também novas pseudoconcepções, em todo o caso inadequadas para a solução do desastre, por exemplo, hipóteses social-democratas e keynesianas, uma política de pequenas redes, economia solidária, commons, a Internet das coisas, etc., mesmo assim não têm outra escolha senão considerar um possível fim do capitalismo, ainda que as suas análises e perspectivas muitas vezes mostrem que não conseguem ou não querem acreditar assim tanto nisso. Se há pelo menos duas décadas que nós temos vindo a ser acusados/as de apocalípticos/as, e têm troçado de nós com chalaças como "A revelação dos profetas" (tal o título de um livro por Rainer Trampert e Thomas Ebermann de 1994, por exemplo), entretanto já não é possível fechar os olhos assim tão simplesmente perante a realidade.
Mas é justamente a alguns pretensos velhos campeões da crítica do valor que isto não impressiona nada. Assim as Streifzüge editaram um número com o tema "Exibição do umbigo" (nº 66, 2016), em que a anterior previsão de colapso é posta em questão com os recentes desenvolvimentos. Franz Schandl atesta à EXIT! um "pensamento negro" vindo de Robert Kurz e um "fim do capitalismo fantasiado". (1) E Uli Frank escreve o seguinte no site das Streifzüge, sobre a grande crise de 2009: "Era isto o colapso final, o cumprimento das profecias da Krisis? Mas logo se voltou a falar da retoma ... o Estado e o capital tinham jogado tudo na batalha decisiva para evitar a desestabilização do sistema ... Pouco depois da crise já vinham os primeiros anúncios de vitória". (2) Chega a ser uma habilidade pôr simplesmente em dúvida a desintegração / o colapso do capitalismo e negar a realidade: basta um olhar aos média, e até mesmo ao seu próprio meio, as Streifzüge, que aceitam, por exemplo, muitos artigos de Tomasz Konicz; mas, para a "abertura" das Streifzüge (ver abaixo), estas posições também são naturalmente possíveis. Frank saboreia neste contexto Jeremy Rifkin e o seu livro A Sociedade do custo marginal zero, que parte da suposição optimista de que vão surgir do capitalismo também alternativas positivas (ver, sobre a crítica deste livro, Richard Aabromeit nesta edição da EXIT!).
No entanto, foi repetidamente sublinhado por Robert Kurz que o capitalismo não colapsa num único acto, mas é toda uma época de colapso, embora ele desde o início sempre tenha falado de colapsos repentinos, com efeitos realmente devastadores sobre a vida real nas regiões afectadas. Quando estas previsões, em seguida, ocorreram, ninguém (cá na terra) quis saber nada disso. A vida eterna do capitalismo é considerada tão segura como o ámen na igreja. É caso para perguntar o que ouviram e leram estes pretensos fãs da crítica do valor, enquanto ainda se consideravam ampla e ilimitadamente da crítica do valor; obviamente não aprenderam que se trata realmente do "Colapso da modernização", que é evidente há várias décadas. Em Schandl e Frank é visível a esperança de que tudo permaneça como está, e que uma pessoa se possa contentar com jogos de estratégia de crítica do valor, sem ter de levar realmente em conta o fim do capitalismo. O velho militante da espontaneidade, Frank, vê assim, por exemplo nos movimentos open source, bem como no princípio do “tudo incluído”, a revelação aqui e agora de uma sociedade sem a forma do valor, independentemente de se acabar com o capitalismo ou não. Schandl pretende manifestamente nunca ter ouvido falar da crítica do valor, pois joga a crítica contra a análise/teoria. Quer que a última seja a serva da primeira: "A crítica pretende que o conhecimento não deve ser considerado por si, mas poderia torná-lo disponível para nós." Tem de se tratar de uma "vida próspera juntos". Teoria e crítica são novamente jogadas contra uma "vida" existente em si. "A crítica não pode substituir a vida". Teoria e análise concreta são aqui feitas desaparecer por magia, em jogos de linguagem no alemão convencional, e substituídas por edificação, que se comporta dialeticamente. Schandl ataca expressamente a "mensagem na garrafa" e, assim, a teoria crítica de Adorno e Horkheimer, que insiste constantemente no distanciamento das relações sociais, como real pressuposto da transcendência. Ele escreve: "A crítica pura não existe, é ficção. A crítica tem de tomar-se também a si mesma como objecto, com intenção crítica, e reflectir sobre amalgamentos e envolvimentos. Por outro lado, é claro, também é verdade que nenhum ressentimento está livre de crítica. Até as rebeliões mais difusas têm traços de um verdadeiro núcleo onde ainda podem ser reacionárias. Estas alegações finais insistem num testemunho e constituem uma estrita rejeição de qualquer pensamento monológico e homológico" (Schandl, ibidem). Para Schandl a questão não é, como ele alega, que o "mal-estar (tenha de ser) acompanhado de perto e dissecado" (ibidem), pelo contrário, a questão para ele é mais a empatia com a alma pequeno-burguesa pós-moderna. Neste contexto, a teoria revela-se obviamente como um "defeito, ela é, quando muito, percebida como arrogância, não como aquilo que deveria ser: ajuda e crítica. Assim, a crítica parece a muitos uma imposição, como um esforço a que não se seguem motivação e satisfação, mas conflito e discórdia" (ibidem). Consequentemente, nas Streifzüge exibe-se a atenção para com a fraqueza humana de um modo intolerável. Eles (poucas elas) prescrevem um impiedoso ser simpático; depois de ler tantos textos das Streifzüge a pessoa sente-se como se tivesse devorado, pelo menos, quatro fatias de bolo de creme de manteiga de uma vez. Uma linguagem heideggerizada, por exemplo em Schandl, faz passar a teoria e a análise para segundo plano. "O Homem" em abstracto é o verdadeiro objecto e destinatário deste escrevinhar; é para ele que se apela "amorosamente". Faz lembrar involuntariamente uma canção de Xavier Naidoo nesse sentido, já apropriada pelo discurso de frente transversal: "Se a canção deixa meus lábios, é apenas para tu receberes amor...". Aqui, a fórmula vazia da "vida boa" é repetida como num moinho de orações. Um tal tomar partido pelos que sofrem contra o escândalo do seu sofrimento, não é, na realidade, nada! É isso que parecem, obviamente, as suas "tentativas de estourar o sujeito burguês", como Schandl intitulou uma vez um dos seus textos.
É certo que esta crítica da nossa parte é velha, contudo ganha nova urgência no continuado desenvolvimento de direita há décadas, face a uma renovada viragem à direita desde 2008, até à eleição de Trump para presidente dos EUA. Por isso é preciso dar aqui à impressão mais uma vez algumas críticas aparentemente expressas até à náusea (consultar a rubrica na homepage da EXIT! “Para a crítica da crítica do valor redutora" na secção "Aktuelles"). É simplesmente hipócrita que os Streifzüge ainda façam uma crítica à repreensão dos especuladores. Eles próprios têm, na realidade, um sentimento contra a abstração, a que às vezes dão expressão não assim tão discretamente. Neste contexto, Schandl olha para trás, para os anos de crítica do valor, e constata que ela terá perdido importância desde 2004. Ele quer para si um "grupo arco-íris" e não um “camarote da crítica" sinistramente decidido. O não ser ou ser pouco seguido pelo público fala assim, no fundo, pela perversidade desta posição, pois trata-se aqui de “conseguir” alguma coisa. Torna-se claro como um tal "grupo arco-íris" se mostra em termos de prática de publicação, quando um Peter Klein pode publicar um artigo nas Streifzüge que diz: "Queiram ou não queiram, as novas direitas praticam com a sua conduta desastrosa um anticapitalismo, mesmo que desamparado. Nem que seja apenas porque eles, como resultado bárbaro do mais recente estádio de desenvolvimento capitalista, podem ser entendidos como o seu rosto horroroso. E como tais eles merecem ser levadas a sério. Impressiona-me mesmo que aqui, finalmente, surjam por uma vez perdedores que já não se deixam intimidar pela ideologia dominante da 'culpa própria'”. (3) É verdade que depois, logo a seguir, há um texto de Lothar Galow-Bergemann que implicitamente contradiz o texto de Klein. Com o objetivo aparente de se distanciar de Peter Klein. No entanto, isso é um truque, com o qual podem ser de facto transportados os conteúdos de frente transversal. Finalmente, também já se deixou o outro lado ter a palavra, de resto críticos expressamente integrantes da frente transversal, como Galow-Bergemann. Foi assim que já sempre imaginámos o “prazer de transformação em magazine”. (a)
"É preciso ultrapassar os… exercícios escolásticos preliminares" (Schandl, ibidem). No seu frenesim de harmonia, Schandl é de facto alheio a uma "visão de mundo maniqueísta", como aqui se designa uma atitude que não quer deixar-se fazer estúpida pelas circunstâncias (Adorno) e que não procura conversa com toda a gente. Schandl lamenta que o impacto da crítica do valor seja "actualmente muito limitado" e conclui: "A nossa práxis de actuação é questionar toda a estrutura da performance." Não é por acaso que Schandl aqui cai na linguagem do teatro, mas não o suficiente para denunciar o que isto é, pelo contrário, uma caça ao homem populista é para ele o mais alto mandamento, em que se trata de "vida", não importando como a subjetividade se apresenta. Que a crítica do valor tenha agora supostamente tão pouca receptividade é no entanto de admirar; com tanta atenção à fraqueza humana, evocação da vida e disponibilidade para mostrar ao povo a boca cheia de ressentimento, a “crítica do valor” das Streifzüge teria de ter uma clientela maciça, ao contrário de outras "seitas e grupúsculos" de crítica do valor, com o seu "pensamento negro" e o seu estilo polémico. As Streifzüge, ao contrário destes últimos, que bom, claro que também permaneceram vivamente na sua diversidade. Como razão para isso Schandl menciona a legítima protecção das próprias forças. Daí que é particularmente evidente no final do artigo que ele há muito se tornou um zombie da crítica do valor, e não quer nada mais do que tranquilidade. E, justamente por isso, uma crítica da dissociação-valor apaixonada, provocante e que não se acomoda com as circunstâncias não podia deixar de ser para ele uma coisa insuportável; não em último lugar também por causa de toda a retórica da vida e da vitalidade. Além disso, na atitude do bonzinho transparece uma agressão desmedida e uma tendência à raiva, mas que não pode expressar-se, caso contrário o próprio se tornaria não fiável. Disso acusam-se de preferência os outros. E, assim, não deve haver um verdadeiro fim do capitalismo, talvez também para Frank, e é preferível uma crítica do valor sem a tese do colapso. Isso torna diversas críticas do valor comuns com os críticos burgueses do fim do capitalismo (ver acima), ambos querem o questionamento fundamental do capitalismo mantendo os seus fundamentos, sendo que os críticos burgueses-marxistas ainda ousam mais imaginar o seu fim. Um populismo crítico do valor já está sempre em programa nas Streifzüge, mesmo se pretendem continuar a manter abertos bastidores teóricos.
Embora já há quase 13 anos nós tenhamos apontado e evidenciado em muitos textos a crítica do valor redutora das Streifzüge, da Krisis e Cª, e o próprio Schandl a revele em parte: com a diferente referência teórica, o problema da heideggerização da crítica do valor e da mentalidade de habilidoso associada a uma ultrapassagem supostamente procurada do capitalismo, a exuberância do movimento das digressões, (b) o alimentar das falsas necessidades pequeno-burguesas e a falta de crítica do sujeito, não menos importante a referência defeituosa à crítica da dissociação-valor, etc. que mais uma vez emerge em Schandl e Frank (em Frank tematizada apenas de passagem sobre o médium masculino Robert Kurz), com tudo isso somos obrigados a uma tal comunidade forçada de crítica do valor. A crítica da dissociação-valor mais uma vez é assim abusada por interesses androcêntricos. Schandl ainda insiste que as suas posições estão suspeitosamente perto das de um Robert Kurz, mesmo que o "pensamento negro" deste tenha de ser ultrapassado: "Não é só a despedida do pensamento negro que é necessária, também está na hora de dar o passo do pensar monológico para o dialógico” (ibidem), com total indiferença para com a questão de saber com quem se fala, porque até mesmo um pensamento reacionário supostamente inclui sempre momentos transcendentes de crítica…
Mesmo a Krisis, segundo Schandl, parece ir por maus caminhos há muito tempo: "Isto também se aplica moderadamente aos desenvolvimentos na Krisis desde 2004. Também aqui nunca nos conseguimos desmarcar das diversas limitações do 'sistema Krisis' (Lorenz Glatz)". Entretanto parece assim que também a Krisis teria ficado literalmente muito confusa com a vida, a atenção à fraqueza humana e o populismo das Streifzüge. Na realidade, assim teriam tido de dar razão à nossa crítica, feita desde 2004, a um desenvolvimento para a direita e à vontade de "vender" (Robert Kurz) das Streifzüge, que eles então ainda apoiavam. Mas isso não acontece. É provável que responsável por isso não seja apenas um falso orgulho. Veja-se, por exemplo, as considerações de Norbert Trenkle sobre como a emancipação poderia parecer hoje, (4) e salta à vista que ele não passa da descentralização e da apropriação da riqueza, para emancipar-se do fetiche da mercadoria. Nem uma palavra sobre anti-semitismo, racismo e sexismo, nem sobre a dissociação-valor como contexto social de base, e isto no Outono de 2015, quando o movimento dos refugiados e a viragem à direita faziam manchetes em toda a parte; em vez disso é benevolentemente citado um Stefan Meretz, que, como autoridade do "open source" e dos "commons", também escreve nas Streifzüge. A crítica do sujeito está totalmente ausente, justamente no tema da emancipação (sobre isso veja-se a crítica de Thomas Meyer a Paul Mattick nesta edição). Particularmente Karl-Heinz Lewed pretende provavelmente ser o defesa central na Krisis, com os seus trabalhos derivados de Robert Kurz no que respeita ao islamismo e à pulsão de morte. Ainda que a diferença em relação às Streifzüge não possa ser assim tão grande, na Krisis continuam como antes a procurar apagá-la (sobre isso veja-se o artigo Dissidência preguiçosa, também nesta edição). Até agora as publicações de Peter Klein e Lothar Galow-Bergemann (vide supra) também não foram objecto de crítica na homepage das Streifzüge; é sugerida uma crítica do valor basicamente intacta e gostar-se-ia que as diferenças não participassem. Justamente em tempos de frente transversal avançada, no entanto, não se trata de colocar lado da lado todos os possíveis e, assim, os tornar públicos “equitativamente”. Pelo contrário, é preciso fazer valer veementemente as distinções e as diferenças, e afirmar claramente uma posição. Aqui se inclui também o reconhecimento de que a Krisis e a EXIT! se distinguem por princípio no que respeita ao individualismo metodológico, à questão da substância do capital e à crítica da dissociação-valor. No entanto, mesmo em eventos e seminários deparamo-nos repetidamente com pessoas que querem fazer uma unificação obrigatória, quase à força, independentemente das tendências de compatibilidade com a frente transversal que saltam à vista, sobretudo no caso das Streifzüge, sendo que da parte da EXIT! desde muito cedo se chamou a atenção para o desvio de direita da crítica do valor (ver, por exemplo, Scholz: Maio chegou," EXIT!, nº 2, 2005).
Se necessário, porém, a teoria crítica também tem de ter a coragem, como sempre, de hibernar numa cabana pobre, e não andar a insinuar-se a todos por toda a parte. Decisivo aqui é o conteúdo e não uma falsa atenção à fraqueza humana, à abertura vazia e à afabilidade. Talvez nunca tenha sido tão necessária como hoje uma distância crítica para com as condições sociais, numa situação em que a crítica (da dissociação e) do valor, tradicionalmente distanciada, parece ter-se tornado obsoleta no seu “estar nas nuvens”. Quando Wilhelm Heitmeyer hoje constata um desejo de normalidade perigoso e, na verdade, reacionário, que representa o terreno fértil para a sociedade da exclusão por ele estudada há décadas, e verifica com razão que já teríamos podido ter reparado nisso (der Freitag 13.10.2016), o mesmo se aplica também, e por maioria de razão, à crítica radical da dissociação-valor, que prevê (previu) a decadência e finalmente o colapso do capitalismo. Já há mais de 20 anos ela denunciou uma sociedade "de porteiros" (Scholz, Die Metamorphosen des teutonischen Yuppie [As Metamorfoses do Yuppie Teutónico] Krisis 16/17, 1995).
Com tanta disposição para a diversidade e a abertura, não é de estranhar que nas Streifzüge também tenha reaparecido recentemente um que antes pertencera à sua tripulação de crítica do valor, mas há muito se passou para o lado oposto (cuidado, imagem do inimigo, polémica e agressão!): Andreas Exner. O título do seu artigo nas Streifzüge – surpresa! – é assim: "A fase de transição com perspectiva aberta". (5) Há muito tempo que ele tinha acusado a crítica do valor de dar muito pouca atenção ao antagonismo de classe e à constante colonização, à acumulação contínua de capital através da incorporação perpétua de força de trabalho (in: Karl Reitter (Orgs.): Karl Marx – Philosoph der Befreiung oder Theoretiker des Kapitals? [Karl Marx – Filósofo da libertação ou teórico do capital?], Viena, 2015). Agora, no seu "texto de passagem", lança-se na pose dos subalternos, com referência a Bourdieu, flagelando na crítica do valor o seu intelectualismo elitista. Há algum tempo médico do trabalho, ele quer salvar uma ciência reificada, e põe-na em campo com toda a seriedade contra a crítica do valor no sentido de Robert Kurz, situação em que são desconsideradas todas as “Fábulas do mercado” que Claus Peter Ortlieb revelou (ver EXIT! nº 1, 2004). Assim, para ele, a teoria já tem de ser sempre teoria da práxis. Empiria e ciência são invocadas como autoridades honorárias, sem reparar que a empiria e a ciência vulgares recusaram antes toda a teoria e empiria (!) da crítica do valor, como se vê hoje nos cenários de crise. Robert Kurz, com boas razões, nunca quis ser um cientista e académico burguês, e também foi justamente por isso que esteve em posição de prever o colapso do capitalismo. Mas agora Exner imagina que ele teria ansiado por reconhecimento na academia marxista burguesa, em vez de ver que uma tal academia constata agora o fim do capitalismo, sem mencionar a crítica (da dissociação e) do valor que o previu há muito, o que um pós-crítico-do-valor afirmativo no entanto se recusa a admitir. Mas, se alguém quiser seguir uma carreira na academia e nas cenas de esquerda, isso já não horroriza ninguém; pois já se está disposto a vender a própria avó, como se dizia acertadamente há algumas décadas, mesmo se nos protestos estudantis há alguns anos se gritou com Andre Gorz "Esmaga a Universidade". É neste contexto problemático que se move depois uma pretensa abertura, para lá de todo o conteúdo, de toda a substancialidade e de toda a crítica, no carácter não vinculativo de um não-dogmatismo aparente. Vários/as supostos/as críticos/as do valor se tornaram há muito tempo pulgas saltitantes da cena (ou já o eram desde o início), no caso da Krisis poder-se-ia estar ainda perante um esforço por uma autêntica crítica do valor, além da Nova Leitura de Marx (cf. Karl-Heinz Lewed, Krisis 3/2016), assim esperando um novo "ganho em distinção" (Bourdieu) e uma nova venda, pois, bem à maneira pós-moderna, ainda se nega a substância do capital e se postula hoje como extremamente original uma "totalidade formal", quando a subsunção real sob o capital em todos os lugares se tornou tema da argumentação, com o simultâneo evidenciar da sua desvalorização. Insiste-se numa crítica do valor realmente autêntica (e num correspondente entendimento analítico da forma do valor ) em Lewed, ao mesmo tempo que se dá espaço a "diferentes" concepções de crítica do valor, até mesmo "programaticamente", já como "auto-entendimento" (ver a rubrica "Who we are" na homepage da Krisis). De resto, a antítese da totalidade abstrata não é a totalidade substancial, como se diz na tradução alemã do livro Tempo, Trabalho e dominação social de Postone (2003), mas precisamente a totalidade concreta, à qual não se pode contrapor uma totalidade formal, como em Lewed, pelo contrário, esse termo inclui justamente o progresso historicamente concreto do capitalismo e a vida social real.
A questão, portanto, não é apenas o fim do capitalismo "como nós o conhecemos", uma formulação que ainda espera a continuação do capitalismo seja lá como for, pelo contrário, têm de ser seriamente consideradas reflexões sobre como se vai continuar depois do patriarcado capitalista, e quais os passos de transformação necessários para isso. Assim, a abordagem da crítica da dissociação-valor não procura apressadamente saídas (falsas), mas diz bem abertamente que tais saídas não existem no presente imediato. Ela não se enterra nas críticas afirmativas do valor, nem mesmo do pós-valor, que na realidade têm medo da ideia de uma sociedade diferente. O sistema de referência aqui não é a salvação do sujeito, como em Schandl & Cª, em que "o Homem", hoje, não deve ser realmente submetido a nenhuma crítica, devendo pelo contrário poder ser assim simplesmente como tal, em toda a sua própria perigosidade pública. Em vez disso, os pontos principais deste número da EXIT! são: psicanálise e sujeito, estratégias de frente transversal naquele tempo e agora, bem como dinheiro na pré-modernidade e na modernidade:
O artigo “A matriz psicossocial do sujeito burguês na crise”, de Leni Wissen, visa, por um lado, determinar a "matriz psicossocial " do sujeito burguês, com base numa leitura da psicanálise de Freud do ponto de vista da crítica da dissociação-valor. Pois, ainda que o pensar, o agir e o sentir das pessoas não possam ser derivados directamente da forma da dissociação-valor, coloca-se a questão de saber por que reproduzem as pessoas diariamente as categorias abstractas no seu pensar, agir e sentir. Ora, uma vez que a forma de socialização capitalista não aparece em abstracto, mas mediada com os seus desenvolvimentos empíricos, também o sujeito e as suas mediações psicossociais estão submetidos à processualidade da socialização capitalista. Por isso o artigo irá, por outro lado, seguir a pista da propagação do narcisismo nas condições da época de crise pós-moderna.
Também nesta edição não podemos deixar de publicar um extracto do livro esgotado de Robert Kurz “A guerra de ordenamento mundial”, uma vez que os amoques, os atentados suicidas e as guerras civis sem sentido aumentaram maciçamente nos últimos anos, como era de esperar, na sequência do processo de decadência aí previsto. Uma das suas teses centrais diz: "Após séculos de história de ajustamento ao capitalismo e após a imposição da relação de capital como relação mundial imediata, a mesma e única forma universal de sujeito que 'encarna' o vazio metafísico do valor idêntico em toda a parte é que constitui o eu interior dos indivíduos, como essência totalmente incolor e mesmo sem quaisquer qualidades, ao passo que a diferença cultural já apenas representa uma capa exterior, quase que folclórica. É também por isso que as 'bombas vivas' (Enzensberger...) errando pelo mundo do capital globalizado são os produtos mais genuínos desse mesmo mundo: sujeitos idênticos da mesma metafísica real, em que se tornou manifesta a pulsão de morte própria desta socialização negativa. Os perpetradores dos amoques nas high schools dos EUA e os bombistas suicidas islâmicos estão mais unidos pela sua forma de sujeito e, daí, pelos seus actos, do que separados pelos seus diferentes panos de fundo culturais." Kurz tem aqui em consideração também pontos de vista psicanalíticos. Ao contrário de Badiou, que ultimamente também chamou a atenção com uma tese de pulsão de morte (Der Freitag, 21.3.2016), Kurz analisa tais tendências tendo por fundo a lógica da dissociação e a crise da relação de género, no contexto de uma economia de autodestruição, de globalização e de "incapacidade de exploração" do capital.
Também publicamos nesta edição o texto inédito por Robert Kurz "Dissidência preguiçosa. As características da síndrome de oposição destrutiva na teoria crítica", que se baseia em muitos anos de experiência justamente com uma “oposição destrutiva” em contextos teóricos de esquerda. Trata-se no essencial do seguinte: "Cada posição da teoria social crítica contém necessariamente contradições internas não resolvidas e questões em aberto, é inacabada e marcada na sua formulação pela individualidade nem sempre nobre dos seus autores. Nenhum corpus de publicações teóricas pode, portanto, ser subscrito integralmente por todos e todas neste contexto comum até ao último detalhe, por assim dizer com o próprio sangue ... A dissidência pode ser bastante proveitosa, quando ocorre como mudança de via histórica, no local intelectual do fim de uma época." Como exemplo ele cita a constituição da antiga crítica do valor ou a crítica da dissociação-valor. Neste caso, no entanto, corre-se o risco de uma forma de dissidência que é tudo menos apontada para a frente: "Teria de se falar, nesse sentido, de uma dissidência regressiva, que geralmente também pode ser designada como dissidência preguiçosa; aludindo, com certeza, ao conceito hegeliano de 'existência preguiçosa'. Trata-se aqui, nomeadamente, não apenas de um papel regressivo no interior de uma transformação teórica, mas mesmo de um impulso de auto-afirmação abstracta destrutiva, ou de uma oposição vazia ... especialmente hoje, em tempos pós-modernos, cujas criaturas se assustam perante qualquer definição, quando parecem ter aderido a um grupo teórico ou político." Vemos repetidamente que temáticas amplamente trabalhadas, como, por exemplo, uma referência crítica ao iluminismo, a rejeição de um entendimento de práxis problematicamente imediato e de uma referência filosófica existencial a "a vida" ( ver acima), a definição da relação de dissociação sexual como relação equiparada ao valor para a determinação da forma social, etc., são questionadas no meio mais próximo da EXIT!, sendo proferidos de novo contra elas argumentos mais que velhos, como se fossem algo "completamente novo". Isto é cansativo e não leva longe, tanto mais que existem alguns textos em que essas posições já foram longa e amplamente discutidas e criticadas. Neste contexto, Kurz critica também uma divagação transversal (e/ou queer) pós-moderna, que propaga um pluralismo de opiniões abstracto, sem referência ao conteúdo. “Os misturadores de teorias e mediadores de teorias procedem como se o conflito não residisse na coisa em si, mas apenas na unilateralidade do pensamento dos protagonistas; até que os amistosos pensadores queer mostrem o meio-termo dourado, que, infelizmente, sempre leva apenas à desrealização pós-moderna da coisa em si ".
Que tais divagações transversais não permanecem apenas no inofensivo universo do jogo pós-moderno é o que mostra Daniel Späth, tomando por tema o movimento de frente transversal em crescimento desde o crash de 2007/8. Nesta primeira parte do seu artigo "Frente transversal em toda a parte! Ou: A 'novíssima direita', a 'novíssima esquerda' e o fim da transcendência na crítica social", ele apresenta o contexto condicional social real e histórico que faz avançar o neofascismo na Alemanha e na Europa, e submete a "novíssima direita" a uma crítica nos vários planos da "totalidade concreta". Depois de um desenvolvimento histórico-teórico da relação entre a universalidade negativa e a particularidade nacional, com especial enfoque na ideologia alemã, é estabelecida a relação entre a socialização de crise pós-moderna e a formação do neofascismo alemão, em que assume uma particular importância a reflexão sobre uma viragem imanente pós-moderna. Em seguida, são apresentadas as três alas do neofascismo – "Alternativa para a Alemanha (AfD)", "Vigílias pela paz" e “Patriotas europeus contra a islamização do Ocidente (PEGIDA)" – , tanto na sua unidade como também nas suas diferenças. Finalmente, a "dialéctica das ideologias" predominante é submetida a uma análise detalhada, pois as controvérsias internas do neofascismo podem ser reduzidas ao jogar da própria ideologia contra outra, pelo que estas disputas dentro do fascismo serão abordadas em pormenor.
Bernd Czorny investiga no seu ensaio a história das ideias de tempo. As concepções pré-modernas de tempo são caracterizadas por uma forma cíclica, indissoluvelmente ligada a actividades ou eventos concretos. Na modernidade, no entanto, o conceito de tempo sofre uma abstracção através do dinheiro; perde-se a ligação directa da actividade ou do evento ao tempo. Moishe Postone constata, na modernidade, uma dialéctica de tempo abstracto e tempo histórico concreto, derivada da dialéctica de trabalho abstracto e trabalho concreto, de riqueza abstracta e riqueza material. Aqui, o tempo abstracto é a medida e determinação da riqueza abstracta. Com o aumento da produtividade, a respectiva unidade de tempo no que diz respeito à produção de riqueza material é cada vez mais reduzida, de modo que a determinação do trabalho socialmente necessário é deslocada ao longo do eixo do tempo abstracto, o que constitui um paradoxo, no sentido de que o período de tempo abstracto permanece constante enquanto é substancialmente redefinido. A totalidade do capitalismo só é completamente percebida quando a relação de dissociação sexual é tida em conta. A dissociação diz respeito, designadamente, a actividades de reprodução, como a atenção, assistência e cuidado com as pessoas, até ao erotismo, sexualidade e amor, que estão associados ao sexo feminino. Roswitha Scholz, com base em Frigga Haug, determina aqui duas lógicas de tempo: a lógica de poupar tempo, que obedece às leis do mercado e do lucro, e a lógica de gastar tempo, para o domínio da reprodução. Como resultado abre-se um novo plano de observação do tempo que também tem de ser tido em conta.
Richard Aabromeit começa nesta edição uma série de artigos sobre o tema "dinheiro", com três partes previstas: a primeira é aqui apresentada e, após a breve exposição de uma concepção da história diferente da habitual, trata da origem, da história e da essência do dinheiro. Pretende mostrar o significado do dinheiro e dos seus precursores, ou seja, como e de onde nos chegou o dinheiro; são esboçadas oito das principais abordagens para a explicação da origem do dinheiro e depois submetidas a uma apreciação crítica. É depois ilustrada resumidamente a afirmação de que, na verdade, todas as narrativas da origem têm a sua justificação específica, com algumas limitações. Em seguida, é traçada a história do dinheiro numa breve resenha, desde as suas origens como moeda até hoje. No final ensaia-se uma tentativa de determinar a essência do dinheiro na sua existência actual, ou seja, na formação da dissociação-valor, vulgo capitalismo. Esta tentativa baseia-se no conhecimento de que o dinheiro, na forma por nós conhecida, apenas existe realmente desde há cerca de 500 anos e para isso estabeleceu a sua essência. As outras duas partes do artigo, nas próximas edições da revista, vão debater-se com a teoria e a política em torno do dinheiro, e examinarão detalhadamente a relação do dinheiro com os sujeitos e com a totalidade, dentro da formação da dissociação-valor.
Esta edição da revista conclui com cinco textos mais curtos: as teses de Roswitha Scholz sobre “Crítica da dissociação-valor e teoria crítica”, a classificação feita por Gerd Bedszent de "A oligarquia como manifestação do poder de Estado em erosão" e três ensaios-recensão de Thomas Meyer e Richard Aabromeit sobre livros por Paul Mattick, Loic Wacquant e Jeremy Rifkin.
Para concluir: congratulamo-nos com a publicação, nos últimos anos, de duas traduções de livros de Robert Kurz: O colapso da modernização em Espanhol (2016, editora Marat, Argentina) e Dinheiro sem valor em Português (já em 2014, Editora Antígona, Portugal).
Roswitha Scholz pela redacção, em Dezembro 2016
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(1) Streifzüge Nr. 66, online: http://www.streifzuege.org/2016/zur-kritik-der-kritik (acesso: 01.12.2016).
(2) Online: http://www.streifzuege.org/2016/20-jahre-krisis (acesso: 01.12.2016).
(3) Online: http://www.streifzuege.org/2016/stellt-euch-vor-das-proletariat-kommt-in-bewegung-und-die-linke-ekelt-sich (acesso: 01.12.2016).
(4) Vgl. Norbert Trenkle, Gesellschaftliche Emanzipation in Zeiten der Krise, online: http://www.krisis.org/2015/gesellschaftliche-emanzipation-in-zeiten-der-krise/(Zugriff: 01.12.2016).
(5) Online: http://www.streifzuege.org/2016/ein-durchgangsstadium-mit-offner-perspektive (acesso 01.12.2016)
(a) Subtítulo das Streifzüge, glosado criticamente no texto Vendedores de almas de Robert Kurz, 2010 (Nt. Trad.)
(b) A palavra plural Streifzüge que serve de título à revista de Viena significa literalmente incursões, digressões (Nt. Trad.)
Original EXIT! Krise und Kritik der Warengesellschaft, Heft 14, März 2017, Inhalt und Editorial in www.exit-online.org. Tradução de Boaventura Antunes