exit! Crise e Crítica da Sociedade das Mercadorias nº 18 sai na Primavera de 2021 – Índice e Editorial
Publicado na zu Klampen Verlag. Preço de capa 22 euros (ISBN 9783866747890) ou assinatura.
Índice
Tomasz Konicz: O Fim do Ocidente na Crise do Coronavírus
Thomas Meyer: Alternativas ao Capitalismo – Em Teste: Movimento Pós-crescimento, Commons e a Questão da "Síntese Social"
Thomas Koch: Sobre a Actualidade de 'Sinal Verde para o Caos da Crise' de Robert Kurz
Andreas Urban: Igualdade, 'Mulheres de topo' e Crise da Masculinidade – Aspectos Cultural-Simbólicos do Asselvajamento do Patriarcado
Editorial, carta aberta e apelo a donativos
No "ano do coronavírus" 2020, o curso da crise intensificou-se. O coronavírus cai mesmo no meio da crise do capitalismo. Isto tem um efeito particularmente dramático nos sistemas de saúde arruinados pela poupança e pela economificação, mas ainda mais quando as pessoas, nas regiões em crise, estão completamente indefesas contra o vírus, e impotentes perante os efeitos das medidas tomadas no decurso da "luta contra a pandemia". Além disso, o coronavírus não surgiu do nada no mundo, mas está ligado à dominação capitalista sobre a natureza. No que diz respeito ao surto da pandemia, há muito a dizer sobre a chamada zoonose, uma infecção que pode ser transmitida dos animais para os seres humanos. Com o avanço da crise do capitalismo, está a tornar-se cada vez mais difícil – apesar de toda a "retórica ecológica" – proteger a natureza e, com ela, também os animais do processo da valorização e, portanto, da destruição pelo capital. Com a crescente ausência de substância do capital, cresce cada vez mais a pressão para sujeitar os fundamentos naturais da vida ao processo de valorização. A produção de carne, o comércio de animais selvagens, o extermínio de espécies, a destruição da floresta tropical etc. alimentam a transmissão de vírus. O comércio global e as rotas de viagem asseguram a sua propagação.
Nos centros ocidentais, o vírus encontra democracias que apostaram tudo na tentativa de ajudar a acumulação de capital em crise, e de combater com medidas autoritárias-repressivas, até ao estado de excepção democraticamente legitimado, os efeitos sociais da crise na figura do "material humano supérfluo" para a valorização do capital, o que se torna particularmente visível nos migrantes, para além dos socialmente desclassificados. A este respeito, as medidas coronavírus coincidem com a viragem do pólo liberal para o pólo autoritário da socialização democrático-capitalista.
Ora as medidas coronavírus – apesar das críticas justificadas em pormenor (inconsistência parcial das medidas, desvalorização dos "danos colaterais " (1) etc.) – diferem dos habituais "padrões de reacção" autoritários, tanto na medida em que o vírus não é um fantasma, mas sim uma realidade perigosa, como na medida em que é suposto protegerem – ao contrário da tendência – pessoas e grupos que, como os doentes e os idosos, pertencem ao capital humano que não é (ou já não é) valorizável. Isto não quer dizer que os governos tenham visto subitamente uma luz humanitária, mas sim que a capacidade de funcionamento do sistema deve ser mantida, de modo que – no segundo "confinamento" com a custódia das crianças em creches e escolas – o trabalho e o consumo possam ou devam continuar, enquanto se pretende que as restrições em áreas privadas, bem como na restauração e nos negócios dos eventos e da cultura, abrandem o vírus e protejam o sistema de saúde da sobrecarga (situação em que as capacidades do "sistema de saúde orientado para a concorrência" são aparentemente consideradas como "constantes naturais").
Aqui o coronavírus oferece a possibilidade de fortalecer certas tendências. Isto diz respeito, entre outras coisas, à chamada digitalização, cujos agitadores e ideólogos da justificação prometem a solução para todos os problemas. A queixa sobre o fracasso da educação, especialmente para crianças socialmente desfavorecidas, apresenta-se como uma prova da especial "urgência" da digitalização. A necessidade pode agora, ainda mais, ser tornada uma virtude. Especialmente para o tempo depois do coronavírus, o agravamento do estado de excepção já pode ser ensaiado. Isto também se aplica aos contornos emergentes de uma política de saúde autoritária. Será cada vez mais orientada para tornar a sociedade resiliente, flexível e resistente a futuros riscos sanitários. É uma política de imunização contra crises previsíveis (alterações climáticas antropogénicas, empobrecimento social em massa etc.). São aceites como uma desgraça que não pode ser evitada, e para a qual parece haver apenas a possibilidade de medidas de protecção. Sob a primazia da resiliência preventiva, tudo o que promove o coronavírus e irá alimentar futuros surtos de infecção pode então continuar nos conhecidos processos de crise: Dominação da natureza, criação e valorização de animais, globalização e mobilidade para a produção e comércio etc., tudo isto sob a dominação abstracta de um irracional fim-em-si capitalista. É necessário preservá-lo em todo o caso e a qualquer preço – mesmo que isso seja completamente ilusório. Aqui é possível estabelecer uma ligação entre aquilo que foi aplicado em boa consciência durante a crise do coronavírus e a finalidade de estabelecer um estado de necessidade permanente: Assim, a restrição dos direitos fundamentais foi justificada por medidas de política de saúde. Foi e está a ser "aplicada pelo governo", com a ajuda de decretos – é a "hora do executivo". (2) Ao mesmo tempo, é preciso lembrar que uma pandemia não foi nem é de modo nenhum necessária para o permanente endurecimento do aparelho de segurança, através de leis policiais, câmaras de vigilância por toda a parte (Stasi 2.0) etc. (3) A transformação da "democracia liberal" num estado policial militante, no qual a polícia pode fazer o que quiser com os seus poderes constantemente aumentados, é uma possibilidade e o cerne da própria democracia burguesa. A fim de "lidar" com qualquer problema, as pessoas têm estado repetidamente dispostas a sacrificar tudo à "segurança". A segurança, afinal, é um "super direito fundamental", como disse o antigo Ministro do Interior alemão Hans-Peter Friedrich em 2013.
A democracia torna o seu núcleo repressivo visível no seu "lidar com as contradições". Se rebentam motins, que muitas vezes consistem apenas em motins vazios de conteúdo (como em Estugarda em Junho), isto não é entendido como expressão da irracionalidade e da insensatez da própria "normalidade" burguesa. Numa atitude de falta de reflexão fundamental, tais surtos de violência são recebidos com indignação. Há quem se mostre 'indignado' e 'chocado'. A violência policial, pelo contrário, é julgada de forma bastante diferente. Esta seria 'justificada' e 'necessária', mesmo 'proporcional'. Além disso, o Estado deveria tomar medidas duras contra a "resistência ao poder do Estado". (4) Isto é especialmente verdade quando se pretende defender a "propriedade privada": Para este fim, 1500 polícias são por vezes mobilizados para "remover" apenas cerca de 20 pessoas (!) de uma casa ocupada (Berlim, Liebigstraße 34, em 9.10.2020). O "uso correcto" dos direitos fundamentais no "melhor de todos os mundos" consiste precisamente em afirmar o "existente" de uma maneira decente e bem comportada.
Qualquer debate sobre violência em manifestações e protestos é, portanto, completamente inútil se a violência "legítima" ou legitimada da polícia for transfigurada em "Estado de direito", e as relações de poder e dominação, racismo, desigualdade social, falta de habitação etc. permanecerem fora do discurso. O facto de a própria sociedade burguesa ser profundamente violenta no seu "curso normal", através da exclusão social e do racismo entre outras coisas, é suprimido nestes hipócritas "debates" sobre violência. Ou externalizado: o racismo seria de facto um problema nos EUA, mas na Alemanha existem supostamente apenas "casos isolados". Que absurdo que neste país ninguém fosse capaz de se reconhecer em Donald Trump, que queria declarar a Antifa uma organização terrorista, (5) em conformidade com a doutrina de Estado da RFA (teoria do extremismo, anti-anti-fascismo) (6). O bode expiatório é sempre o outro. Grotesco é o esforço que a RFA e os seus órgãos repressivos (até o MAD [contra-espionagem militar] se ocupa com isso) fazem para deitar a mão aos chamados Adbusters, ou seja, pessoas que alteram satiricamente cartazes. (7) Através do frenesim da perseguição contra o Adbusting, em contraste com a manca vontade de limpar as redes extremistas de direita no seio da polícia e das forças armadas (NSU 2.0, Hannibal, Nordkreuz etc.), pode-se ver uma vez mais onde estão as prioridades das "autoridades de segurança". (8)
Business as usual é também a aplicação de dois pesos e duas medidas: Enquanto as manifestações de direita podem ser feitas sem grandes problemas, apesar das violações dos regulamentos, como a "manifestação coronavírus" no final de Outubro em Berlim, as manifestações de esquerda são brutalmente espancadas, como a de Ingelheim, uma manifestação contra o partido nazi "Die Rechte". (9) Aparentemente, aplica-se a sabedoria da vida: "Quem se opuser aos nazis não encontra polícias amigáveis". O diabo sabe porquê.
E estes não são "casos isolados": o inimigo está à esquerda e é exactamente assim que os anti-fascistas são tratados pela polícia: Como inimigos, para os quais a lógica da 'lei e ordem' é concretizada com gás pimenta e bastão.
O tratamento dos refugiados mostra o que são afinal os "valores democráticos". (10) Fascistas e democratas concordam sobre isto. A diferença aparente é apenas que os dignos democratas impõem a si próprios um véu de humanidade, com o qual pensam poder criticar as posições racistas da AfD, mas isso não os impede de fazer no final aquilo que ideologicamente acusam a AfD de fazer. A carne de que eles pretensamente se estão a demarcar é a sua própria carne. São finalmente apanhados pela sua própria sombra reprimida e mal compreendida. É a própria sociedade burguesa que cria o seu pretenso contrário.
Agora as medidas coronavírus não passam despercebidas. Porém, não são as objecções às consequências sociais e psicológicas ou as críticas à economificação do sistema de saúde que se têm revelado particularmente eficazes (11), mas sim as manifestações ›Hygiene‹ e ›Querdenken‹, de frente transversal e ideologia da conspiração. (12)
O facto de estas manifestações terem tido uma ressonância bastante grande também tem a ver com o facto de o chamado mainstream, o 'centro burguês', se ter deslocado cada vez mais para a direita. Isto é demonstrado, por um lado, pelos discursos racistas (AfD, Pediga), que visavam "expandir os limites do que pode ser dito" (Gauland). O que foi obviamente bem sucedido, considerando, por exemplo, que Die Zeit em 2018 discutiu com toda a seriedade os prós e contras sobre se os refugiados deveriam ser resgatados. A direita é onde está o centro, pode dizer-se com Kurt Lenk. (13) Por outro lado, há muito que existem vários publicistas a tematizar a crise (ou o que entendem por ela) de uma forma reaccionária. Assim aparece um best-seller atrás do outro. Aqui se envergonha a ignorância da esquerda que nada quer saber sobre o 'colapso da modernização', o 'limite interno', a 'crítica categorial' e a teoria da crise, e teimosamente tem recusado envolver-se em todos os debates. (14) Provavelmente custa demasiado, em termos de capacidade de reflexão, poder admitir só ter dito merda durante anos (lembre-se, por exemplo, o panfleto anti-alemão 'Der Theoretiker ist der Wert' [ O teórico é o valor] (15)). Todos os tipos de obscurantistas de direita estão agora a penetrar nesta 'lacuna' com as suas reaccionárias 'interpretações da crise'. O libertário de direita Markus Krall, por exemplo, cujas observações chegam ao delírio, acredita que a Alemanha está à beira de uma "ditadura eco-socialista", que só poderia ser evitada por uma "revolução burguesa". (16) O que estes pensadores reaccionários da crise têm em comum é acreditarem que o capitalismo pode voltar a pôr-se de pé, entre outras coisas através da reforma do sistema monetário, por exemplo, com a cobertura do ouro. O ouro é, afinal, "o derradeiro seguro de crise", segundo Max Otte (membro da 'Werteunion', organizador do 'Neuen Hambacher Festes', convidado de Ken Jebsen e defensor de uma 'coligação burguesa' com a AfD). (17) É evidente que isto se dirige àqueles que têm alguma riqueza significativa e temem perdê-la através do processo de crise. A classe média está a ficar com os pés frios e a transpirar o extremismo do centro.
Há muito que isto não esgota o armário dos horrores. Nestes círculos, move-se um certo Thorsten Schulte, o "Silberjunge", um revisionista da história da pior espécie (que apresentou outro best-seller, "Fremdbestimmt" [Sob determinação alheia]), naturalmente um convidado de Ken Jebsen, que disse o seguinte em frente à Chancelaria Federal em Berlim, no dia 1. 8: "Só nos podemos distanciar deste sistema satânico (!) de governo, que governa nesta Chancelaria Federal, e eu rezo a Deus e a Jesus Cristo, e isto não é uma acção de relações públicas, tenho aqui um rosário. [...] Jesus Cristo está do nosso lado. E digo-o claramente. Todos testemunham hoje o início, e digo isto muito seriamente, do Apocalipse (!) [...]. E é por isso que vos estendo esta cruz aqui, seus seres satânicos (!) aí dentro. Contribuiremos com amor e com o caminho de Deus para chegar à autodeterminação [...] E derrubaremos este sistema com o caminho do amor".
Aqui, a necessidade de autoridade que se tem vindo a desenvolver há algum tempo, na esteira da "viragem para o decisionismo autoritário" (18) do pós-modernismo, é acompanhada de uma alucinação de ideologia da conspiração, misturada com um inchado jargão religioso ou populista religioso. (19) Este tipo de discurso, cingido de 'piedade' missionária, enquadra-se na imagem global de Schulte e dos seus; afinal, "os teóricos da conspiração [...] estão a transbordar positivamente com a necessidade de comunicar e com o zelo missionário da persuasão". (20)
Com "Q-Anon", está a ganhar influência crescente (também sobre as manifestações anti-coronavírus alemãs) uma teoria de conspiração particularmente bizarra, que também foi promovida por Donald Trump. Assim, vários candidatos republicanos ao Congresso (diz-se que foram cerca de 60) posicionaram-se como seguidores do "Q" (Marjorie Taylor Greene foi efectivamente eleita para o Congresso). Trump é visto nesta alucinação conspiratória como alguém em luta contra o 'Estado profundo' (formado por uma 'rede de elites pedófilas') que tortura e mata crianças raptadas em masmorras subterrâneas, a fim de produzir delas o derivado da adrenalina adenocromo para um 'elixir juvenil'. O paralelo com a lenda anti-semita do assassinato ritual é óbvio.
Onde a mania da conspiração se exprime, o anti-semitismo não está longe, como mais uma vez ficou bem claro na crise do coronavírus: "Por exemplo, cerca de uma em cada cinco pessoas em Inglaterra concorda mais ou menos com a opinião de que os judeus criaram o vírus para fazer ruir a economia e fazer negócio com a situação". Também se puderam observar auto-vitimizações anti-semitas nas manifestações anti-coronavírus na Alemanha, dos chamados "anti-vacinistas", que aparentemente se alucinavam como os "judeus de hoje", vestindo T-shirts com uma estrela judaica (!) nas quais estava escrito "não vacinados" (!!!). (21) É assim óbvio que os opositores da vacinação, na sua alucinação afectiva, não podem de modo nenhum fazer uma crítica ao aparelho médico (por exemplo, no sentido de uma crítica à redução dos cuidados médicos por "razões de custos"). Isto também é deixado bem claro pelo teórico da conspiração e anti-semita Christoph Hörstel (que é um orador frequente na manifestação anti-semita Al-Quds (22) em Berlim), que falou com toda a seriedade da "ideologia do vírus", ou seja, segundo Hörstel, os próprios vírus são apenas uma invenção de maquinações duvidosas!
Ao contrário do que os seus adeptos talvez possam acreditar, "as teorias da conspiração [...] nunca oferecem contraprojectos alternativos ao senso comum prevalecente de uma sociedade, [...] mas ligam-se oportunistamente às opiniões prevalecentes". (23) Ou reformulam o 'mainstream', por exemplo, 'procurando' uma resposta na cansativa frase que, claro, tudo 'explica' pelo cui bono? A pandemia de coronavírus e as medidas tomadas contra ela também são entendidas neste sentido. Ernst Wolff, por exemplo (muitas vezes convidado por Ken Jebsen, orador na 'conferência anti-censura' de 2019 de Ivo Sasek da ideologia da conspiração) avalia o confinamento assim: "O confinamento não foi certamente mais do que o pretexto deliberadamente induzido para o que pode ser o último grande resgate do sistema financeiro existente." (24)
O resultado desta "subjectificação da crise" mais não é do que uma revolta conformista. Não há sinais de crítica ao movimento de valorização do capital nem à forma como este promove o aparecimento e a propagação de pandemias (fluxos de mercadorias globalmente interligados, destruição ambiental, "sistema de cuidados de saúde rentável" etc.) entre estes "pensadores transversais". Ideólogos da conspiração de todos os tipos não criticam o capitalismo (ou dinheiro, trabalho etc.), mas ainda o naturalizam. (25) O facto de se apresentarem como 'alternativos', ou mesmo 'críticos', parece ser uma piada muito má, perante a qual o riso nos fica atravessado na garganta.
É de salientar aqui que a "cena de esquerda" não está de modo nenhum livre das ilusões da teoria da conspiração. (26) Este tipo de pensamento não se encontra apenas nas seitas estalinistas como o MLPD [Partido Marxista-Leninista Alemão], mas é também expresso por vários "críticos do neoliberalismo" de esquerda, que insinuam que o neoliberalismo foi mais ou menos uma espécie de golpe de Estado traiçoeiro que poderia ser eliminado por políticas "correctas". (27)
Contudo, o termo "frente transversal", frequentemente invocado nestas "manifestações de pensamento transversal" e noutros contextos, levanta mais questões do que realmente responde. O facto de posições de esquerda, de direita e burguesas parecerem convergir não é porque "alianças" entre campos distintos estejam a ser abordadas (ao contrário dos "esforços transversais" na República de Weimar), mas sim porque o campo de referência categorial que partilham está a atingir limites históricos e, por conseguinte, todos eles se estão a asselvajar na sua obsolescência. Ou, nas palavras de Robert Kurz: "Os ideologemas de direita, de esquerda e liberais podem ser tão pouco claramente delimitados como as posições burguesas, pequeno-burguesas e proletárias. Nenhuma destas alternativas apenas aparentes pode continuar a marcar independentemente um campo histórico, nenhuma pode permanecer em coerência intelectual consigo mesma. O cansado pragmatismo e ecletismo que se espalha em todos os campos, que já não são campos, deixa transparecer o puro desamparo face ao desenvolvimento social mundial, que já não pode ser compreendido pelas escolas de pensamento e padrões de interpretação até agora comuns. Este comum desamparo, que faz colapsar qualquer distinção clara de conteúdo teórico e político, aponta para o declínio do comum quadro histórico de referência". (28) Pode assim falar-se aqui de uma paralisia da consciência. Uma sociedade incapaz de se distanciar de si mesma, e cujos sujeitos, longe de qualquer reflexão crítica, imaginam o capitalismo como um destino inevitável, favorece "interpretações do mundo" insanas ou anacrónicas de todo o tipo. A mania da conspiração, que está cada vez mais difundida, completa a paralisia. A "susceptibilidade às teorias da conspiração [...] aumenta obviamente sempre que a concepção assume que já não há qualquer hipótese de uma forma de vida independente e autodeterminada, e que, em vez disso, em toda a parte apenas poderes anónimos põem e dispõem em segredo. Em situações de pressão aparentemente sem esperança, que podem ser causadas, por exemplo, pelo declínio social e por uma deterioração drástica da situação económica, as teorias da conspiração abrem uma enganadora estrada real para a interpretação das relações mais complicadas, e transmitem a sensação segura de finalmente saber o que está a acontecer à sua volta e a si [...]". (29) É evidente que não é de modo nenhum suficiente contrariar as teorias da conspiração e os seus apoiantes com argumentos e factos, como se tenta fazer em vários locais. É de salientar aqui que uma crítica da mania da conspiração permanece insuficiente, ou mesmo falsa, se lhe contrapuser uma razão instrumental que se revela ser a "razão interna" do próprio modo de produção e de vida capitalista profundamente irracional. Quanto mais infundadas e mais desesperadas se tornam todas as "estratégias de administração da crise", menos são susceptíveis de diferir a mania da conspiração e a "razão burguesa" (ou os seus derivados asselvajados). Isto é tanto mais verdade quanto menos a "normalidade" puder ser mantida ou simulada. E não irá mudar após a eleição de Joe Biden como Presidente dos EUA. Pelo contrário, é de esperar um maior agravamento das contradições sociais. O mesmo se pode esperar dos "padrões de reacção" autoritários do chamado "Estado de direito". O 'ensaio' do estado de excepção durante o coronavírus vai mostrar os seus frutos em breve.
Nestes tempos de asselvajamento da consciência, continua a ser necessário, e agora mais do que nunca, conceptualizar as relações sociais. Pedimos mais uma vez que nos apoiem com donativos este ano, para garantir que isso continue a ser possível no futuro. Os textos publicados neste número da exit! documentam o nosso contributo.
O texto "O Fim do Ocidente na Crise do Coronavírus", de Tomasz Konicz, traça as convulsões da hegemonia norte-americana, bem como a sua continuada erosão dentro do sistema de aliança ocidental em desintegração, no contexto do processo histórico de crise do limite interno do capital que se desdobra por etapas. A partir da transformação da base económica da posição hegemónica de Washington, que teve lugar há uns bons 40 anos e foi desencadeada pelo fim do boom fordista do pós-guerra e pelo subsequente período de crise de estagflação, bem como da modificação do papel militar da máquina militar dos EUA, após o fim da "Guerra Fria" contra o socialismo de Estado que colapsou em 1989, é enfatizado o papel central dos circuitos globais do défice, incluindo a financeirização do capitalismo, na manutenção da hegemonia dos EUA até 2008. Com o surto de crise de 2008, porém – esta a tese central do texto – os momentos de concorrência de crise também se afirmaram no Ocidente, de modo que foi precisamente o nacionalismo económico da administração Trump que acelerou a desintegração do Ocidente e o colapso final da hegemonia americana. Consequentemente, um regresso ao status quo ante Trump já não será possível. O processo histórico de crise progrediu tanto até agora, e não em último lugar alimentado pelo coronavírus, que qualquer tentativa de alcançar "estabilidade" por parte dos centros ocidentais se revelará inútil.
O objectivo do texto "O Crescimento e a Crise da Economia Brasileira no Século XXI como Crise da Sociedade do Trabalho: Bolha das Commodities, Capital Fictício e Crítica do Valor-Dissociação", de Fábio Pitta, é relacionar os fenómenos do crescimento económico no Brasil a partir de 2003 e da crise económica após 2012/2013 com a economia das bolhas financeiras alimentada pelo capital fictício, como um momento de reprodução global do capitalismo contemporâneo na sua crise fundamental. O texto parte de uma crítica a autores brasileiros que analisam a crise apenas em termos do "atraso" do Brasil. Uma bolha nos mercados financeiros de derivados de mercadorias, que levou a um aumento significativo dos preços, impulsionou as exportações brasileiras, bem como o endividamento do país. Isto permitiu a concorrência pela dívida entre empresas da chamada "economia real", levando a uma aceleração no desenvolvimento das forças produtivas, a um aumento da composição orgânica do capital, e a uma expulsão do trabalho vivo dos processos de produção – isto tem vindo a acontecer no Brasil desde os anos 70, mas intensificou-se recentemente. Tais processos só puderam durar até ao rebentamento da bolha das mercadorias entre 2011 e 2014, como consequência do rebentamento da bolha financeira global em 2008, que neste texto, partindo de Robert Kurz, é entendida sob as determinações do capital fictício e da acumulação simulada. A partir de 2012, há no Brasil um elevado endividamento público e privado, desemprego em massa, falências empresariais generalizadas, instabilidade política, e o aumento do radicalismo de direita, o que exacerbou o asselvajamento social e a violência contra as mulheres, os negros, os indígenas e os trabalhadores rurais. Finalmente, o texto defende a necessidade da crítica radical da dissociação e do valor, que na sua crítica do capital, da mercadoria e do trabalho visa ultrapassar esta mediação social.
O texto de Thomas Meyer oferece outra contribuição para a série de artigos "Alternativas ao Capitalismo – Em Teste". (30) Neste são escrutinados o movimento pós-crescimento e os commons. Torna-se claro que estas alegadas alternativas ao capitalismo não só estão longe de uma crítica categorial, mas também podem ser ligadas a uma administração repressiva da crise. Com conceitos como "dinheiro regional", recorre-se a substitutos do mercado e do Estado, a fim de prolongar o capitalismo como zombie. Sendo a necessidade de questionar o capitalismo em termos "práticos" de facto maior do que nunca, por exemplo questionando a questão da "financiabilidade", os movimentos do pós-crescimento e dos commons fornecem pouco mais do que uma "alternativa" na miséria social da crise; pontos cruciais, como a questão da síntese social, não são abordados.
Após a republicação do texto de Robert Kurz sobre a mania do automóvel na última exit! (Springe 2019), o artigo de Thomas Koch "Sobre a Actualidade de 'Sinal Verde para o Caos da Crise' de Robert Kurz" esclarece desenvolvimentos mais recentes e mais agudos no automobilismo, sobretudo no contexto da catástrofe climática e dos movimentos ambientalistas. Que opções existem nas "visões de futuro" da mobilidade eléctrica ou da condução autónoma, e das soluções tecnológicas, face à perda global de controlo associada às palavras-chave coronavírus e clima? Os desenvolvimentos que tiveram lugar no coração do automobilismo, com o chamado escândalo das emissões, e a sua projecção numa gestão que está muito longe da realidade são também objecto de reflexão crítica.
Na sua contribuição, Andreas Urban discute aspectos cultural-simbólicos do "asselvajamento do patriarcado" (Roswitha Scholz). O ponto de partida são sobretudo as várias mudanças socialmente muito discutidas a nível da relação de género, em particular as tendências pós-modernas para a suavização das normas e identidades de género. Nas últimas décadas, por exemplo, tem havido uma normalização crescente das carreiras profissionais femininas e um avanço das mulheres para posições sociais de topo, especialmente económicas e políticas. Este contexto inclui também medidas políticas para a igualdade entre homens e mulheres (quotas para as mulheres etc.). Por outro lado, os homens experimentam, designadamente devido a tais desenvolvimentos no campo das relações de género, mas também devido a crescentes distorções no mercado de trabalho, cortes sensíveis na sua posição hegemónica que foi crescendo historicamente e, portanto, também na sua identidade masculina – tendências que estão a ser tratadas recentemente no sentido de uma "crise da masculinidade". No centro desta contribuição está a tese de que, ao contrário das avaliações habituais (feministas), tais mudanças não podem ser vistas como indícios de uma suavização crescente, ou mesmo da ultrapassagem das estruturas patriarcais e androcêntricas que foram crescendo historicamente, mas antes como indícios do seu gradual asselvajamento, na crise fundamental do capitalismo e das relações de dissociação-valor que lhe estão subjacentes. Isto é particularmente evidente no facto de as hierarquias de género continuarem a ser reproduzidas quase ininterruptamente, tanto a nível material como a nível simbólico, embora por vezes de uma forma diferente.
De Robert Kurz, foi publicado em português pela Consequência o ensaio de 1993 "Die Demokratie frißt ihre Kinder" (31): A Democracia devora seus Filhos, Rio de Janeiro 2020, com um prefácio de Roswitha Scholz. (32) Em francês, uma nova edição de Anselm Jappe: Guy Debord, foi publicada por La Découverte, Paris 2020, bem como a segunda e terceira edições de Jaggernaut – Crise et critique de la société capitaliste-patriarchale, por Crise & Critique, Albi 2020, com textos, entre outros, de Claus-Peter Ortlieb; de Robert Kurz: L’industrie culturelle au XXIe siècle – De l’actualité du concept d’Adorno et Horkheimer (ibid.) (33); além disso, uma antologia sobre a crise do coronavírus: De virus illustribus – Crise du coronavirus et èpuisement structurel du capitalisme (ibid.). Este volume mostra que a nova crise económica mundial não é uma consequência do vírus, mas já tinha começado antes. Examina as dificuldades de relançar de novo o capitalismo, bem como as oscilações dos Estados entre "salvar a economia" e "salvar as populações", e mostra as consequências específicas, também em termos de dissociação-valor, num país como o Brasil. São analisadas as novas técnicas de vigilância e discute-se a questão de saber se pelo menos a consciência ecológica pode beneficiar desta crise.
O livro Béton – Arme de construction massive du capitalisme, de Anselm Jappe, (publicado por L'Echappée, Paris 2020) examina o papel do betão, que tem recebido muito menos críticas do que outros materiais massivamente utilizados, como o plástico ou o petróleo. Após resumir a sua história e consequências, mostra-se que este material pode ser visto como o lado "concreto" da abstracção do valor: a "gelatina" de valor mencionada por Marx materializa-se no betão sempre igual, quantidade sem qualidade, o que nivelou a diversidade da construção no mundo a favor de uma monótona arquitectura baseada no betão.
A editora Schmetterling publicou de Tomasz Konicz: Klimakiller Kapital – Wie ein Wirtschaftssystem unsere Lebensgrundlagen zerstört [Capital assassino do clima – Como um sistema económico destrói o nosso modo de vida], Viena/Berlim 2020.
Thomas Meyer pela redacção, Novembro de 2020.
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(1) Uma visão geral é dada por Wurzbacher, Ralf: Risiken und Nebenwirkungen, aber keine Packungsbeilage – Die coronavirus-Eindämmung droht mehr Leid zu verursachen, als sie verhindern [Riscos e efeitos colaterais, mas nenhuma bula informativa – A contenção coronavírus ameaça causar mais sofrimento do que preveni-lo], Nachdenkseiten.de de 20.11.2020. Contudo, os "danos colaterais" e a sua extensão teriam de ser considerados no contexto da economificação do sistema de saúde e não como um argumento fundamental contra as medidas coronavírus. Sobre a crítica do 'hospital empresarial' ver também: Kreilinger, Verena; Wolf, Winfried; Zeller, Christian: Corona, Krise, Kapital – Plädoyer für eine solidarische Alternative in den Zeiten der Pandemie [Coronavírus, Crise, Capital – Em Defesa de uma Alternativa Solidária em Tempos de Pandemia], Köln 2020, 62ss.
(2) Cf., por exemplo, Gössner, Rolf: Durchregieren per Dekret – Infektionsschutzgesetz: Die parlamentarische Demokratie befindet sich im Ausnahmezustand. Das muss sich endlich ändern [Governar por decreto – Lei de Defesa da Infecção: a democracia parlamentar está em estado de excepção. Isto tem de acabar por mudar], in: Der Freitag Nr.47/2020.
(3) Cf. Gruppe Fetischkritik Karlsruhe: Das Virus – Kritik der politischen Pandemie I/II, 2020, em exit-online.org. Trad. port.: O Vírus – Crítica da Pandemia Política I/II, in: www.obeco-online.org/
(4) Cf. Heinelt, Peer: Unmittelbarer Zwang – Gewalt im Polizeidienst – da lässt der Gesetzgeber seinen Schergen reichlich Spielraum [Coacção directa – Violência na polícia – O legislador dá aos seus capangas uma grande margem de manobra], in: Konkret 10/2020.
(5) Cf. Konicz, Tomasz: Terrortruppe Antifa? [Antifa tropa terrorista?], Telepolis vom 2.6.2020.
(6) Cf. a antologia: Berendsen, Eva; Rhein, Katharina; Uhlig,Tom David (Hg.): Extrem unbrauchbar – Über Gleichsetzungen von links und rechts [Extremamente imprestável – Sobre a equiparação entre esquerda e direita], Berlin 2019.
(7) Nowak, Peter: Terrorabwehrzentrum gegen satirisch verfremdete Plakate [Centro de anti-terrorismo contra cartazes satiricamente modificados], Telepolis de 26.2.2020. Cf. também: Badura, Leander F.: »Wir zuerst. SPD.« ["Nós primeiro. SPD".], freitag.de de 12.5.2020.
(8) Cf. por exemplo: Kaul, Martin; Schmidt, Christina; Schulz, Schulz: Hannibals Schattenarmee [O exército -sombra de Hannibal], taz.de de 16.11.2018, bem como: Rechte Netzwerke und die »Affäre Caffier« [Redes de direita e o "caso Caffier"], Jung und Naiv Nr. 489, youtube.com vom 27.11.2020.
(9) Cf. Konicz, Tomasz: Braunstaat BRD? [RFA Estado castanho?], Telepolis de 29.10.2020. Cf. também: Selle, Anett: Polizeigewalt bei Demo in Ingelheim – Blut und Panik im Tunnel [Violência policial em manifestação em Ingelheim – Sangue e pânico no túnel], taz.de de 18.8.2020.
(10) Cf. Böttcher, Herbert: Moria – Eine vorhersehbare Katastrophe, 2020, bem como: »Wir schaffen das!« – Mit Ausgrenzungsimperialismus und Ausnahmezustand gegen Flüchtlinge ["Nós podemos fazê-lo!" – Com imperialismo de exclusão e estado de excepção contra os refugiados], 2016, auf exit-online.org. Trad. port. do primeiro texto: Moria – Uma catástrofe previsível, in: www.obeco-online.org/
(11) Uma visão geral disto numa perspectiva marxista é fornecida pela seguinte antologia: Stanišić, Sascha; Arnsburg, René (Hg.): Pandemische Zeiten – Corona, Kapitalismus, Krise und was wir dagegen tun können [Tempos de pandemia – Coronavírus, capitalismo, crise e o que podemos fazer contra isso], Berlin 2020.
(12) Cf., por exemplo, Nowak, Elisa: Ultrarechte Machtprobe [Prova de força da ultradireita], freitag.de de 30.8.2020, bem como Hanloser, Gerhard: Ressentiment und Souveränismus [Ressentimento e soberanismo], Telepolis de 1.9.2020. Aqui se faz notar repetidamente que, especialmente nas manifestações desde o segundo confinamento, não são de modo nenhum "apenas" os teóricos da conspiração ou os nazis que estão em movimento, mas também aqueles que estão economicamente arruinados pelas medidas do coronavírus. Contra isto, porém, é de objectar que não se distinguem exactamente de tais correntes de direita, nem tentam criar algo próprio. Provam assim estar mais compatíveis com "interpretações reaccionárias da crise" do que se poderá esperar deles uma crítica emancipatória. Cf. também: Kommunalinfo Mannheim: Vom Querdenken zur Querfront [Kommunalinfo Mannheim: Do pensar transversal à frente transversal], youtube.com vom 2.12.2020.
(13) Cf. Kurt Lenk: Rechts wo die Mitte ist – Rechtsextremismus, Nationalsozialismus, Konservatismus [A direita onde está o centro – Extremismo de direita, nacional-socialismo, conservadorismo], Baden-Baden 1994.
(14) Cf., por exemplo: Ortlieb, Claus Peter: Absturz einer Debatte – Zu Andreas Exners Versuch einer Auseinandersetzung mit der Krisentheorie [A ruína de um Debate – Sobre a Tentativa de Andreas Exner de debater a Teoria da Crise], 2008, in: exit-online.org. Ver também: Kurz, Robert: Krise und Kritik I/II in: exit – Krise und Kritik der Warengesellschaft Nr.10/11, Berlin 2012/13. Trad. port.: Crise e Crítica I/II in: http://www.obeco-online.org
(15) Publicado por Initiative Sozialistisches Forum, Freiburg 2000.
(16) Sobre Krall: Meyer, Thomas: Kleinbürgerliche Hirne in der Krise – Die ›Zombiefizierung‹ des Geistes und der Niedergang des Kapitalismus, 2020, em exit-online.org.Trad. port.: Os cérebros pequeno-burgueses na crise – A 'zombieficação' da mente e o declínio do capitalismo, online: http://www.obeco-online.org/thomas_meyer17.htm. Ver também textos de Andreas Kempers: andreaskemper.org.
(17) Otte, Max: Weltsystemcrash – Krisen, Unruhen und die Geburt einer neuen Weltordnung [Crash do sistema mundial – Crises, distúrbios e o nascimento de uma nova ordem mundial], München 7. Aufl. 2020, 1ª ed. 2019, 484. O taz.de de 14.2.2020 cita assim Otte: »Rein persönlich aber bin ich der Ansicht, dass die CDU die Möglichkeit für bürgerliche Koalitionen mit der AfD auf allen Ebenen (!) ausloten sollte« ["A título puramente pessoal, contudo, sou de opinião que a CDU deveria explorar a possibilidade de coligações burguesas com a AfD a todos os níveis (!)"].
(18) Cf. Scholz, Roswitha: Die Rückkehr des Jorge – Anmerkungen zur »Christianisierung« des postmodernen Zeitgeistes und dessen dezisionistisch-autoritärer Wende, in: exit! – Krise und Kritik der Warengesellschaft Nr.3, Bad Honnef 2006, 157–175. Trad. port.: O regresso do Jorge. Notas sobre a "cristianização" do espírito do tempo pós-moderno e sua viragem para o decisionismo autoritário, online: http://www.obeco-online.org/roswitha_scholz5.htm
(19) Sobre a populista “tomada ao serviço” da religião Cf. Concilium – Internationale Zeitschrift für Theologie: Populismus und Religion, Heft 2/2019, Ostfildern 2019.
(20) Nesse sentido o historiador Rudolf Jaworski no ensaio: »Verschwörungstheorien aus psychologischer und aus historischer Sicht [Teorias da conspiração de uma perspectiva psicológica e histórica]«, in: Caumanns, Ute; Niendorf, Mathias: Verschwörungstheorien – Anthropologische Konstanten – historische Varianten [Teorias da Conspiração – Constantes Antropológicas – Variantes Históricas], Einzelveröffentlichungen des Deutschen Historischen Instituts Warschau, Osnabrück 2001, 19.
(21) Cf. Fuchshuber, Thorsten: Antisemitismus in der Pandemie: Alter Wahn, neues Gewand [Anti-semitismo na pandemia: velha alucinação, novas vestes], jungle.world vom 23.7.2020. Sobre as manifestações coronavírus na Alemanha ver também: https://report-antisemitism.de/documents/2020-09-08_Rias-bund_Antisemitismus_im_Kontext_von_covid-19.pdf bem como: Momentmal: Vom »Querdenken« zur Querfront – Coronaproteste als Podium für Antisemitismus [Espere um minuto: do "pensamento transversal" à frente transversal – Protestos coronavírus como pódio para o anti-semitismo], youtube.com de 29.11.2020.
(22) Sobre ›Al-Quds-Tag‹ Cf. Wahdat-Hagh, Wahied: Der islamistische Totalitarismus – Über Antisemitismus, Anti-Bahaismus, Christenverfolgung und geschlechtsspezifische Apartheid in der ›islamischen Republik Iran‹ [Totalitarismo islâmico – Sobre o anti-semitismo, o anti-bahaismo, a perseguição aos cristãos e o apartheid específico de género na ›República Islâmica do Irão‹], Frankfurt 2012, 151ss.
(23) Jaworski 2001, 27.
(24) Ernst Wolff of Wall Street Spezial: Corona-Pandemie – Endziel digitaler Finanzfaschismus [Pandemia Coronavírus – O objetivo final do fascismo financeiro digital], youtube.com de 7.9.2020, ab ca. 10 Min.
(25) Cf. sobre isso exemplarmente o chamado »Plan B« de Andreas Popp und Rico Albrecht: https://www.wissensmanufaktur.net/plan-b/ .
(26) Cf. Wassermann, Martin: Agenten, Eliten und Paranoia – Das Verschwörungsdenken in der deutschen Linken [Agentes, Elites e Paranóia – O Pensamento da Conspiração na Esquerda Alemã], Berlin 2012, https://associazione.files.wordpress.com/2020/02/maulwurfsarbeit_ii.pdf .
(27) Cf. a secção »Die Krise als subjektives Willensverhältnis« [»A crise como relação de vontade subjectiva«]: Kurz, Robert: Krise und Kritik II, in: exit! – Krise und Kritik der Warengesellschaft Nr.11, Berlin 2013, 98ss. Trad. port.: Crise e Crítica II, Online: http://www.obeco-online.org/rkurz410.htm
(28) Kurz, Robert: Das Weltkapital – Globalisierung und innere Schranken des modernen Warenproduzierenden Systems [O Capital Mundial. Globalização e Limites Internos do Moderno Sistema Produtor de Mercadorias], Berlin 2005, 367.
(29) Jaworski 2001, 22.
(30) Até agora publicados: »Gemeinwohlökonomie« de Dominic Kloos (2018) e »Bedingungsloses Grundeinkommen« de Günther Salz (2019). Ambos disponíveis em exit-online.org. Trads. Ports. “A economia do bem comum” e “Rendimento básico incondicional” disponíveis em http://www.obeco-online.org/
(31) Primeira publicação in: Edition Krisis (Hg.): Rosemaries Babies – Die Demokratie und ihre Rechtsradikalen [Rosemaries Babies – A democracia e seus radicais de direita], Unkel Rhein/Bad Honnef 1993.
(32) Cf. auch: Scholz, Roswitha: ›Die Demokratie frisst immer noch ihre Kinder‹ – heute erst recht!, in: exit! – Krise und Kritik der Warengesellschaft Nr.16, Springe 2019, 30–60. Trad. port.: ‘A democracia continua a devorar os seus filhos’ – hoje ainda mais!, online: http://www.obeco-online.org/roswitha_scholz32.htm
(33) Primeira publicação em 2012 na exit! Nr.9. Trad. port: A indústria cultural no séculoXXI. Sobre a actualidade da concepção de Adorno e Horkheimer, online: http://www.obeco-online.org/rkurz406.htm
Original exit! Krise und Kritik der Warengesellschaft Nr. 18 erscheint im Frühjahr 2021 – Inhalt und Editorial in: www.exit-online.org. Tradução de Boaventura Antunes