Ucrânia: Uma guerra pelo ordenamento mundial que se está a desintegrar

 

Herbert Böttcher

 

O cínico ataque da Rússia à Ucrânia deve ser condenado sem "se" nem "mas", e de modo nenhum pode ser justificado. Deixa mortos e feridos, obriga as pessoas a fugir e destrói infra-estruturas vitais. Com esta guerra, as "guerras de ordenamento mundial" estão a atingir um novo e perigoso nível de escalada. Desde as batalhas no Iraque e na ex-Jugoslávia nos anos noventa, têm sido travadas principalmente em Estados em ruínas e em torno deles, principalmente no Sul global. Destruíram o modo de vida de inúmeras pessoas. Até hoje, estão a levar cada vez mais gente à fuga e à morte.

A situação em torno da invasão da Rússia não pode ser explicada pela malvadez de Putin como governante autocrático, nem pela malvadez das acções dos intervenientes ocidentais. O que é decisivo são os contextos estruturais em que as acções dos intervenientes estão inseridas. É o contexto do colapso do ordenamento mundial dominante (1) e dos seus impérios (2) na crise do capitalismo. O processo de desintegração já não pode ficar limitado aos "Estados em ruínas" na periferia, mas está também a "pressionar" os Estados europeus. Em 1989, o Ocidente capitalista considerou-se o vencedor sobre o Leste desmoronado. Não se reconheceu que este não era um concorrente sistémico, mas sim o "irmão gémeo" do Ocidente capitalista chegado ao fim: a variante estatista da produção de mercadorias, também chamada capitalismo de Estado. O colapso desta variante da produção de mercadorias, porém, já era uma expressão do facto de a produção capitalista de mercadorias se encaminhar para a sua crise final, porque é forçada a substituir o trabalho criador de valor e de mais-valia pela tecnologia e, assim, a cortar o seu próprio alimento. A concorrência pela localização do investimento que acompanha a moderna produção de mercadorias levou o bloco de Leste à ruína devido às suas opções de acção capitalista estatalmente limitadas, levou ao segundo grande "colapso da modernização" (Robert Kurz), após a crise da dívida do Sul global.

 

Guerras nascidas das crises do sistema capitalista mundial

É logicamente consequente que o Ocidente vitorioso também tenha caído cada vez mais em crise. Esta crise manifesta-se em fenómenos geralmente conhecidos mas incompreendidos: processos de divisão social, endividamento, destruição das bases ecológicas da vida, desintegração dos Estados, aumento das guerras (civis), migração e fuga, violentas "estratégias de processamento" ideológicas... Estes processos de desintegração afectam também os antigos impérios bipolares oriental e ocidental, que ainda tiveram de lidar com a sua concorrente China. Os países dos centros ocidentais conseguiram amortecer os processos de crise externalizando-os: os EUA através de circuitos de défice – mediados pelo dólar como dinheiro mundial – em que a dívida exorbitante pôde ser mantida durante décadas, no quadro de uma verdadeira economia de bolhas financeiras. O estatuto do dólar americano como moeda de reserva mundial foi garantido não em último lugar pelo poder militar dos EUA. No quadro dos processos de desintegração, houve repetidas intervenções e guerras ocidentais, frequentemente em violação do direito internacional e legitimadas com mentiras – entre outras na ex-Jugoslávia, no Iraque ou no Afeganistão, onde ocorreu um massacre ordenado pelo Coronel Klein da Bundeswehr em 2009. A defesa da Alemanha no Hindu Kush e as chamadas intervenções humanitárias mais não foram do que a tentativa de pôr na ordem em sentido ocidental um mundo global em desintegração – um esforço claramente falhado. (3) Mas deixou de ser possível aos EUA e aos seus aliados da NATO manterem o seu papel como polícia mundial e, portanto, como garante da ordem capitalista – com o conflito sírio, o mais tardar, tudo isto se tornou demasiado claro. Com o "modelo de sucesso" Hartz IV e a consequente redução dos custos do trabalho, a Alemanha conseguiu subir à posição de (vice-)campeã mundial das exportações, financiando os seus excedentes de exportação através do endividamento dos países importadores na periferia europeia e mundial, enquanto os processos de desintegração progrediam sobretudo nas periferias da Europa Ocidental e Oriental.

 

A crise na Ucrânia e a crise da Rússia

Embora os processos de crise também se tenham intensificado nos países ocidentais, as conexas contradições internas foram compensadas económica e politicamente pela expansão para Leste, sobretudo através do alargamento da NATO para Leste – ao contrário das garantias dadas em 1989/90. A Rússia 'derrotada' tornou-se um factor insignificante no cálculo do poder – degradada a fornecedor de matérias-primas ao 'nível do terceiro mundo'. Estes processos foram acompanhados militarmente por actividades que foram alargadas para além do território da aliança. As garantias de segurança exigidas pela Rússia foram negadas e, ao mesmo tempo, sob o Presidente Trump, importantes acordos de controlo de armamento foram abandonados e o próprio armamento avançou ainda mais.

O susto é agora grande, já que a Rússia quer afirmar-se como grande potência e assegurar as suas esferas de influência de forma semelhante aos EUA e à Europa. Após os desastrosos "jogos de poder" na Síria, a Ucrânia – que foi colocada num rumo pró-ocidental com o apoio da Europa e dos EUA – é agora o local da execução. A sua orientação pró-Ocidente não é simplesmente uma expressão de autodeterminação livre, mas integrada na crise global. Como Estado em erosão, a Ucrânia tinha-se tornado uma loja de serviços para oligarcas de várias cores. Alguns dos oligarcas, e com eles o chamado movimento democrático, viram uma saída para a "luta de oligarcas e de desintegração" numa ligação com o Ocidente. Este caminho prometia democracia e direitos humanos e sujeitou a Ucrânia a um regime de ajustamento estrutural da forma habitual, que empobreceu ainda mais a população empobrecida, e ao mesmo tempo tentava manter os ucranianos e ucranianas à procura de emprego fora dos mercados de trabalho europeus – excepto a mão-de-obra barata. Devido à penetração económica e política ocidental, na sequência dos alargamentos da UE e da NATO, a Europa Oriental – à semelhança da Europa do Sul – tornou-se um local barato para a expansão da produção e para o consumo endividado de bens ocidentais. Na natureza contraditória desta situação, não deve ser mal interpretado que a luta ocidental pelo alargamento porventura tenha acompanhado e acompanhe a necessidade compreensível e justificada da Europa Oriental de final e definitivamente deixar para trás o domínio soviético e agora russo.

Enquanto o Ocidente limitava cada vez mais a esfera de influência da Rússia, este país foi cada vez mais forçado a desempenhar o papel de fornecedor de energia e de matérias-primas no quadro da cooperação económica. A Rússia quer estabelecer um limite a isto com a guerra contra a Ucrânia (assim como anteriormente com destacamentos estrangeiros na Síria ou na Líbia). Por um lado, esta guerra injustificável está associada ao sofrimento e à morte da população. Além disso, é particularmente perigosa porque é acompanhado por sonhos russos de grande poder, que estão histórica e ideologicamente ligados a sonhos ilusórios de um grande império russo, legitimados pelo fundamentalismo religioso. Putin já justificou a conquista da Crimeia com o significado sacro e religioso da ilha para a Rússia, pois fora na Crimeia que o Grande Príncipe Vladimir de Kiev tinha aceite o cristianismo em 988. Entre os filósofos reaccionários preferidos por Putin está Ivan Ilyin (1883-1954), cujo corpo, enterrado na Suíça, Putin "trouxe para casa" em 2005 com uma encenação apropriada. Segundo ele, o Estado é uma comunidade orgânica – análoga ao "poder pastoral" de Foucault – governada e mantida unida por um monarca compreensivo e cuidadoso. Aleksander Dugin, um dos filósofos da corte de Putin, está também à altura dos tempos pós-modernos. Ele afirma que a verdade é uma questão de fé, e que existe uma verdade russa especial. Este tipo de pensamento move-se nas proximidades de ideias étnicas de identidade, que, por exemplo, acompanharam o genocídio nas guerras de ordenamento mundial travadas nos Balcãs nos anos noventa.

No âmbito destas ideias, o confronto com o Ocidente tem uma carga cultural e religiosa de forma identitária fundamentalista. O Oriente defende a sua própria identidade religiosa e cultural contra o declínio religioso e moral do Ocidente. Contra a democracia liberal ocidental, é aqui apresentada a ideia de autocracia, a dominação de uma pessoa. A Ucrânia, que na opinião de Putin pertence à Rússia, deve ser reconduzida ao reino a que "originalmente" pertencia. Todos os países que poderiam ser contados na bruma de um Grande Império Russo têm motivos para se preocuparem. Isto é especialmente verdade para a Polónia, que foi vítima dos interesses da (grande) Rússia e da Alemanha várias vezes na sua história.

 

Guerra pela liberdade, democracia e direitos humanos

Perante tais fantasias de Putin e Cia., as 'narrativas' ocidentais de liberdade, democracia e direitos humanos não são de modo nenhum racionais, mas têm também um carácter mitológico. Por um lado, são refutadas pelas realidades da crise – desde a repressão contra os refugiados, os cortes sociais e o desmantelamento das liberdades civis, até às conhecidas guerras de ordenamento mundial, incluindo gigantescos surtos de militarização. Estão inextricavelmente ligadas às relações capitalistas de dominação. Quanto mais a crise progride, mais o liberalismo capitalista se decomporá sucessivamente em estruturas e ideologias autoritárias e repressivas, à semelhança da história da imposição do capitalismo. Elas não são o oposto do liberalismo, mas o seu inevitável reverso. À semelhança das alucinações pós-1989, com a vitória do Ocidente sobre o comunismo, é agora uma das "mentiras da vida" do Ocidente defender, contra um ditador descontrolado e um Oriente autoritariamente dominado pela Rússia, um Ocidente agindo prudentemente com base em valores democráticos. O sistema de produção de mercadorias, que se deparou com os seus limites lógicos internos e ecológicos externos, e ao qual as supostas alternativas socialistas também pertenciam, está a ficar cada vez mais fora de controlo. Isto reflecte-se nas acções dos intervenientes que, na situação actual, estão a disfarçar a sua verdadeira impotência com megalomania – de modo não muito diferente da sua contraparte fora de controlo em tal megalomania.

O aspecto perigoso da actual situação reside sobretudo no facto de não ser entendida como uma expressão da crise global do capital mundial, na qual o globo está a ser sacrificado ao irracional fim-em-si da multiplicação do dinheiro ou do capital – e mesmo a um ataque nuclear, (4) se os decisores ficarem completamente loucos. Harald Kujat, antigo Inspector-Geral das Forças Armadas alemãs e Presidente do Comité Militar da NATO, por exemplo, alertou para o risco de erros de cálculo e de falhas humanas e técnicas. Na crise crescente da produção capitalista de mercadorias, não é de modo nenhum o bem e o mal, a racionalidade e a irracionalidade que se confrontam, mas sim os agentes e sujeitos que estão envolvidos em estruturas de relações fetichizadas e nas suas cargas normativas e simbólicas. Sem reconhecerem o carácter mortal e irracional destas relações, imaginam-se do lado bom e racional, enquanto o lado oposto é atribuído ao reino do mal e da irracionalidade. Ambos os pólos de um mesmo capitalismo de crise têm de ser ultrapassados – e não se tem de dar a palavra a um deles nem de aumentar ainda mais os seus arsenais de armamento. Pensar em termos de tais polaridades é expressão de uma visão imanente, na qual os Estados-nação e os seus interesses são sempre pressupostos. As dificuldades imanentes na resolução de conflitos, se não na sua resolução pelo menos na prevenção da sua escalada para guerras que, em última análise, já não podem ser controladas, tornam mais uma vez claro que os Estados-nação fazem parte do fetichista sistema produtor de mercadorias, no âmbito do qual não pode haver coexistência pacífica das pessoas – e muito menos quando as crises se intensificam a todos os níveis. Se analisarmos a situação sobriamente, torna-se claro que a única perspectiva sem ilusões e realista que resta é uma crítica a este sistema fetichista visando ultrapassá-lo.

 

Empolados, ingénuos, simplistas – e muitas perguntas

O discurso e a acção do governo federal revelam-se empolados, ingénuos e simplistas. Quando o Chanceler fala de um "ponto de viragem", ele quer dizer uma clara vantagem na luta entre o bem e o mal, entre a ditadura russa e o Ocidente livre. O seu Ministro dos Negócios Estrangeiros dos Verdes fala mesmo de "arruinar a Rússia". Os instrumentos para tal são a entrega de armas à Ucrânia, sanções económicas e um forte armamento de 100 mil milhões de euros. Tudo isto assenta na lógica cega do que contribuiu para a actual escalada: intensificação da concorrência entre os blocos no sistema mundial em desintegração, acompanhada por uma cooperação económica que está agora terminar. É absurdo: uma política que falhou está agora a ser imposta, vendida e saudada como solução, numa escala mais elevada e mais perigosa dos problemas. A parte mais sangrenta da luta contra um oponente dominante deve ser combatida pelos ucranianos, que são elogiados como heróis. É de temer que quanto mais tempo durarem os combates, mais pessoas – soldados e civis – serão sacrificadas e receberão um estatuto de heróis, para agradecer ou para legitimar o seu sacrifício.

As consequências do armamento e das sanções económicas são previsíveis: entre outras coisas, o agravamento das crises, através de encargos económicos mais elevados. Já podem ser vistos sob a forma de aumentos de preços de fuelóleo, combustível e gás. O gás natural não é apenas necessário para o aquecimento, mas também para numerosos processos na indústria. Os elevados preços do gás também afectarão a economia, podendo mesmo levar ao encerramento de empresas, devido à escassez de combustível. Com o agravamento da situação económica, também se deterioram as perspectivas de implementação das medidas indispensáveis para fazer face ao agravamento da crise climática. E o que será do sujeito liberal, que não consegue sequer suportar restrições limitadas a "uma liberdade" no combate à pandemia de coronavírus, e que teme mais a protecção do clima do que as tempestades, se vierem restrições ainda mais severas à normalidade capitalista? Todos os problemas em torno da mania da conspiração, do racismo e do anti-semitismo são susceptíveis de se intensificarem ainda mais, se o financiamento do armamento e as sanções económicas na crise do capitalismo atingirem cada vez mais os seus limites, e se juntamente com as correspondentes medidas de austeridade houver colapsos económicos, inflação crescente e o rebentar de bolhas financeiras. Nos EUA, Trump e o seu bando de apoiantes poderão ganhar ainda mais força, apostando na "América primeiro" sem ter em conta o que está a acontecer no resto do mundo. Na Alemanha, é de temer que a AfD venha a beneficiar, já que – para além da Esquerda – é praticamente o único partido a apontar as consequências sociais das sanções económicas e do rearmamento.

Já é evidente que as pessoas com baixos rendimentos não serão capazes de lidar com o já iminente aumento dos custos do aquecimento e da alimentação. A Rússia e a Ucrânia são, designadamente, grandes produtores de trigo. Especialmente nos países dos dois terços do mundo, as crises alimentares irão intensificar-se, se ainda não estiverem presentes devido às alterações climáticas – como em Madagáscar, entre outros. Isto aplica-se à falta de importações da Rússia, bem como ao aumento dos preços da energia, que são altamente relevantes para os transportes e a agricultura. E o que será então dos fugitivos e dos refugiados? A "cultura de boas vindas" que se desenvolveu em 2015 não só acabou rapidamente, como se transformou em ódio e agressão contra os povos não ocidentais. Actualmente, os refugiados politicamente "correctos" continuam a vir da Ucrânia. Mas o que acontece quando cada vez mais pessoas se sentem obrigadas a fugir? E o que acontecerá àqueles que são forçados a fugir em resultado das sanções económicas e da crescente repressão política na Rússia, mas que não são vistos em qualquer relação directa com a guerra na Ucrânia, ou a quem não é concedido asilo devido à sua origem? É de temer que os refugiados sejam massivamente postos uns contra os outros e que seja intensificada a repressão contra aqueles que fogem dos países em crise global. Enquanto os refugiados brancos da Ucrânia são aceites, e com razão, os refugiados não brancos são impedidos de atravessar a fronteira da Ucrânia, e permanece fechada a fronteira altamente militarizada da Polónia com a Bielorrússia, onde um número desconhecido de requerentes de asilo acampam com fome ao frio. Uma antecipação de futuros confrontos é apresentada como legitimação de tais acções. O gabinete de comunicações da Eslováquia disse num tweet entretanto apagado: "Os refugiados ucranianos vêm de um ambiente que é diferente, num sentido cultural, religioso e histórico, daquele de onde vêm os refugiados do Afeganistão". Do mesmo modo, o Primeiro-Ministro da Bulgária, Petkov, fala de refugiados vindos da Ucrânia "a quem estamos habituados. Estas pessoas são europeias. Estas pessoas são inteligentes. Eles são educados... não são pessoas com passados pouco claros, que podem até ter sido terroristas".

Para que possam surgir perspectivas de saída para as crises cada vez mais agudas da socialização capitalista, é indispensável olhar para o todo (5) das condições e para os seus complexos enredos. É preciso romper com os mitos e mentiras da vida do "Ocidente livre", bem como com os de uma missão para um império russo ou qualquer outro fundamentalismo autocrático. Têm de ser substituídos por uma reflexão clara e autocrítica sobre os envolvimentos e enredos das actuais constelações de crise. O maior perigo parece ser uma amálgama identitária num baluarte do bem contra o mal, da liberdade contra a ditadura, que ignora as vítimas da liberdade ocidental, tal e qual como o seu reverso autoritário-ditatorial e racista as ignora.

 

************************

 

(1) https://exit-online.org/textanz1.php?tabelle=aktuelles&index=23&posnr=765. Em português: http://www.obeco-online.org/rkurz456.htm e http://www.obeco-online.org/livro_guerra_ordenamento.htm

(2) https://exit-online.org/textanz1.php?tabelle=aktuelles&index=2&posnr=805. Em português: http://obeco-online.org/tomasz_konicz21.htm

(3) https://exit-online.org/textanz1.php?tabelle=autoren&index=45&posnr=640&backtext1=text1.php. Em Português: http://www.obeco-online.org/tomasz_konicz19.htm

(4) https://www.oekumenisches-netz.de/2021/09/der-atomare-todestrieb-impuls-zur-pax-christi-dioezesanversammlung-2021/.

(5) https://www.oekumenisches-netz.de/wp-content/uploads/2020/03/Ganze_final.pdf. Em português: https://www.oekumenisches-netz.de/wp-content/uploads/2020/04/Ganze_final-PT.pdf

 

 

Original “Ukraine: Ein Krieg um die zerfallende Weltordnung”. Publicado em www.oekumenisches-netz.de 05.03.2022 e em www.exit-online.org 12.03.2022. Tradução de Boaventura Antunes

http://www.obeco-online.org/

http://www.exit-online.org/