Jörg Ulrich

A individualidade como religião política

Caprichos teológicos e abismos metafísicos da subjectividade (pós-)moderna

Edição em língua alemã: Verlag Ulmer Manuskripte

Ulmer Manuskripte

Individualität als politische Religion

Theologische Mucken und metaphysische Abgründe (post)moderner Subjektivität

Deutsch

Weilerhalde 37, 89143 Blaubeuren bei Ulm; E-Mail: kontakt + @ulmer-manuskripte.de

ISBN : 3-934869-77-7

1ª edição: 01.2002, Paperback, 300 páginas, 36,00 Euro

Caracterizar a presente sociedade como "pós-religiosa" ou "pós-metafísica", esta uma das teses provocatórias do presente trabalho, falha sistematicamente o cerne da forma dominante da socialização, designadamente o facto de que os indivíduos, tendencialmente soltos de todos os condicionamentos sociais, são submetidos, na "cultura do novo capitalismo" (Richard Sennett), a um princípio metafísico que os domina efectiva e inapelavelmente, como os deuses, espíritos e demónios antes dele jamais puderam fazer.

Deus, sendo de acordo com o seu conceito já sempre a negação essencial do ser humano, simplesmente o não-humano, é conservado através da sua moderna abolição, e apenas no processo social autopoiético vestido de eternidade, na forma da racionalidade sistémica abstracta dominante, chega a si mesmo.

Na época da individualização, portanto, os "filhos da liberdade" não festejam a sua emancipação de qualquer dominação, mas, pelo contrário, aqui a lógica interna da sociedade de mercado emancipa-se dos seres humanos concretos, tal como também da realidade material. O indivíduo pós-moderno, vacilante entre a auto-mercantilização, a auto-encenação, a estrebuchante e desamparada busca de sentido e a violência sem objectivo, tem que apresentar diariamente e nunca para si mesmo a prova de Deus, para ser um indivíduo socialmente apto.

Com cuidadas e amplas investigações teóricas, entre outras sobre o conceito de sujeito transcendental em Kant, sobre o carácter mercantil do indivíduo em Marx e sobre a concepção de unicidade na obra do anarquista individual Max Stirner, o autor elabora o conteúdo teológico da actual noção de individualidade, tal como a teoria da individualização tornada popular com referência aos trabalhos de Ulrich Beck, que assim se revela como "teologia após a morte de Deus" e como flanqueamento intelectual para as brutais consequências dos avanços da modernização.

"Com a individualização a alienação torna-se radical e, metaforicamente falando, o machado atinge a raiz, que é o homem."

"A religião, na sua determinação como auto-alienação do ser humano, só seria arruinada quando o alinhamento e o direccionamento para a generalidade abstracta nunca executados pelo próprio pudessem ser quebrados, através da apropriação da sociedade, do tempo e da própria vida posta em acção por cada indivíduo, vida que então, para usar as palavras de Kant, nunca mais se deixaria "levar pela trela" por qualquer instância superior."

"Seja uniformizado de modo colectivista, ou multiforme, flexibilizado e mobilizado com idêntica racionalidade de valorização, em conformidade com o artigo de marca e com a indústria da realidade mediática: a colocação do ser humano individual sob um ‘Realissimum’ impessoal, seja ele povo e raça ou mercado e coacção objectiva, preenche a definição do conceito de religião política."

"Não devemos entregar-nos ao ‘pensamento positivo’ que hoje é cada vez mais exigido, pois isso aloja-nos sempre apenas na prótese metafísica de sentido de uma pretensa "verdadeira individualidade" só para ser realizada."

Sobre o autor:

Jörg Ulrich, Dr. rer. soc., nascido em 1954, cientista político e publicista, numerosas publicações sobre temas de cultura, sociedade, política e filosofia.

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