Pré-Anúncio da EXIT! nº 4
OS ABISMOS DO SUJEITO
Na história da modernização, as crises foram sempre o aquecimento para cada surto seguinte do desenvolvimento capitalista. Ao mesmo tempo, o sujeito masculino e branco ocidental (MBO) e seus tanchões na periferia do mercado mundial chegaram a diversas formas de expressão de um auto-entendimento ideológico, que se agudizava nas crises. Hoje, porém, o moderno patriarcado produtor de mercadorias esbarra, no seu todo, em limites internos e externos da sua própria dinâmica. A crise atinge o âmago do sujeito da modernidade, porque trabalho, política e relação entre sexos se tornam insustentáveis como categorias fundamentais da socialização. Esta crise do sujeito é digerida de modo cada vez mais destrutivo. Por todo o lado a regressão, os arcaísmos e a nostalgia aferrada a concepções há muito tornadas obsoletas são uma ameaça. A tradicional prática política já não encontra fundamento nas relações, nem fundamentação nas teorias tornadas inconsistentes. Uma esquerda que historicamente ficou sem pátria procura a todo o custo esconder uma realidade social mundial com elementos da antiga constelação da luta de classes, da regulação política e do pensamento utópico, que, todavia, já não apresentam nenhum ponto de contacto com aquela realidade. Estas tentativas cruzam-se, em todas as regiões mundiais, com tendências a refugiar-se em constructos de uma religiosidade pós-moderna ideologizada e a impor a "ordem" a qualquer preço. O conteúdo autoritário da história da modernização surge em formas de decomposição, que contêm os motivos do contra-iluminismo burguês.
Razão suficiente para levar por diante a crítica emancipatória da modernidade, seguir o rasto dos pressupostos da sua forma de sujeito, bem como devassar os seus modos de pensar e de agir. No nº 4 da EXIT!, a sair no fim do Outono de 2006, continua o programa de crítica do sujeito e da ideologia, com textos de Robert Kurz (Cinzenta é a árvore dourada da vida e verde é a teoria. O problema da praxis como evergreen da crítica social reduzida), Carsten Weber (O primeiro brado do sujeito. Pressupostos da modernidade na história da Idade Média), Claus Peter Ortlieb e Jörg Ulrich (Os abismos metafísicos das ciências naturais modernas. Um diálogo), Martin Dornis (O que é a ideologia? Objectividade negativa e padrão de interpretação subjectivo como condições de idêntico nível dos processos sociais), Roswitha Scholz (Homo Sacer e os ciganos. O anti-ciganismo como variante essencial e ainda assim "esquecida" do racismo no patriarcado produtor de mercadorias), bem como duas recensões de Udo Winkel (Carl Schmitt e os judeus) e de Frank Rentschler (A vida não vive. A subjectividade pós-moderna e a ânsia pela bio-política). Finalmente Udo Winkel confronta-se com trabalhos apresentados a propósito do ano dedicado a Heinrich-Heine.
Original EXIT! 4 Vorankündigung ABGRÜNDE DES SUBJEKTS in www.exit-online.org, 05/2006