Congresso "Jogo sem fronteiras" últimas considerações:
UM JOGO COM
ESTREITAS FRONTEIRAS
O autismo anti-alemão em acção
No anúncio do congresso "Jogo sem fronteiras" de Munique, na Internet, passa-se algo semelhante como nas fotografias oficiais do comité central do PCUS na era de Estaline: um personagem ou grupo depois do outro tem de ser apagado, desaparecendo sem deixar rasto. Desvaneceu-se a participação dos autores da " Subtropen", de Diedrich Diederichsen, do grupo "Kanak Attak" e de outros representantes do espectro de orientação cultural da esquerda, assim como a de Winfried Wolf e outros. Os organizadores nem uma palavra perdem com esta rarefacção e as diferenças de opinião expressas pela mesma com relação à sua concepção oportunista de um achincalhamento pró-imperial de movimentos. Não vai a este ponto a "abertura" e a predisposição para a discussão. À tão boa quanto velha maneira dos quadros partidários estalinistas faz-se de conta que não existe o que é por demais evidente; e tudo isso apenas com o intuito de salvar uma pretensão que se tornou insustentável. A determinada recusa de se perguntar a si próprio por que motivo um congresso proclamado como "debate" da esquerda reflectida sobre o movimento anti-globalização encolheu a um mini-panorama transparente até se tornar ridículo fala por si quanto ao carácter autista de todo este certame.
O que ali se reúne é agora precisamente aquela fauna esquerdista que, ou ela própria é em parte belicista, ou faz serviços de lacaio ao belicismo, ou se recusa a demarcar-se claramente da ideologia belicista. É precisamente esse espectro delimitado de uma "esquerda" que substitui a crítica dos movimentos sociais pela denúncia ideológica e que depois do 11 de Setembro da forma mais vergonhosa jurou fidelidade aos "valores ocidentais" para enaltecer de forma irreflectida a constituição capitalista do sujeito pelo Iluminismo burguês do século XVIII e insinuar os seus serviços ao contemporâneo colonialismo de crise dos guerreiros em prol do ordenamento mundial. É precisamente esse círculo restrito dos amigos preocupados da assassina potência mundial dos EUA e de anacrónicos negacionistas da globalização que vem apresentar uma interpretação do mundo nos termos do início do século XX a fim de dar à sua "crítica do capitalismo", ela própria "absivamente simplificada" e mumificada nos conceitos do marxismo do movimento operário, os magníficos ares de uma teoria de vanguarda.
Resumindo e concluindo, no congresso "Jogo sem fronteiras" agora a fauna anti-alemã está completamente em família. Na própria tripa, a salsicha refoga melhor. E convinha que assim continuasse. O congresso visava desde o princípio decorrer sob a hegemonia da ideologia anti-alemã pró-ocidental, eurocentrista, adepta da ideologia da modernização, apologética do capital e democraticamente estupidificada. E é precisamente isso que agora acontece, no entanto sem a mãozinha dos idiotas úteis. Mesmo que agora esta fauna encolhida até à conhecibilidade encha esta ou aquela sala e se considere bestial por causa disso: com um desenvolvimento da crítica do capitalismo até a um nível que se adeqúe à situação de crise planetária é que a sua ideologia mesquinha e retrógrada não tem certamente nada a ver. O único objectivo a encarar pode ser o de isolar totalmente estes aprendizes de feiticeiro do regime imperial de crise, que já nem têm a capacidade de se envolverem em um debate que merecesse esse nome, deitando por terra as suas bases ideológicas. Só então a necessária crítica do "anticapitalismo abusivamente simplificado" e do antisemitismo estrutural dos movimentos poderá ser feita a partir de uma posição emancipatória.
22.05.2003
Robert Kurz
Nota: O grupo
"Krisis" tem planeada uma colectânea de textos para
acabar de vez com a ideologia anti-alemã que deverá encerrar
este complexo a fim de podermos passar aos temas que realmente
interessam.