A
pior palavra do ano não designa qualquer prémio ambiental: viaturas
completamente novas são destruídas com elevados custos energéticos, para
serem produzidas outras com ainda maiores custos energéticos. Esta é a
sociedade do bota-fora no seu melhor. Pouco adianta, porém, se o depósito
vazio da máquina do fim em si mesmo capitalista voltar a ser abastecido pelo
Estado com umas míseras gotas de combustível. Isto não é uma ajuda à
conjuntura, porque, em contrapartida, os revendedores de carros usados abrem falência
em série, as limusines Mercedes e BMW mesmo assim não são compradas - e a
alegria dos produtores de veículos utilitários é o sofrimento de todas as
outras empresas cujos produtos não são subsidiados. Então que é isto? Um
presente eleitoral para amantes de automóveis de rendimento médio,
naturalmente. Porque se continua a ir por água abaixo, é certo e sabido que
virá o próximo programa conjuntural. Se é preciso aliciar os eleitores
precisamente na depressão, o slogan que se aplica, também ao Ministro das
Finanças, é: depois de nós o dilúvio, quer dizer, a inflação. O que seria
ainda susceptível de ser pensado na sede do partido? Possivelmente um prémio
de abate para frigoríficos, leitores de CD, ecrãs planos ou tarecos diversos.
Talvez até mesmo para os queijos e enchidos, três semanas antes da data de
validade. E assim, finalmente, os bens de consumo seriam declarados oficialmente
lixo universal. Mas não será isto um pouco complicado? Mais simples seria um
genuíno presente eleitoral, como é costume cada vez mais, mesmo no círculo de
entes queridos, sob a árvore de Natal: não mais qualquer valor de uso
seleccionado, mas sim logo o puro equivalente geral. Ou seja, simplesmente 2500
€ acabadinhos de imprimir para todos, de modo que as cidadãs e os cidadãos
pudessem ir à vontade, mais uma vez, às compras em grande. Isso de facto não
ajuda nada a longo prazo, mas, perante uma crise real e umas eleições
realmente livres, seria também uma última refeição de condenado realmente grátis,
sem discriminar ninguém.
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