SOMOS
OPEL
Nos
vários pacotes para salvar o capitalismo de si mesmo, o milhar de milhão
constitui a menor unidade, como é sabido. Agora o conselho de empresa e os
funcionários da Opel sempre em crise não querem acanhar-se e querem fazer a
sua parte. O chefe da Opel, Reilly, e o presidente do conselho de empresa,
Franz, acordaram um pacote de renúncia de salários, férias e subsídio de
Natal de mais de mil milhões de euros nos próximos cinco anos. Isso deve
servir de base para as garantias estatais de 1.800 milhões de euros. De modo
nenhum está assegurado que estes milhões venham realmente, tendo presente a
expectativa de uma política de austeridade rígida. Em qualquer caso, vão ser
eliminados pelo menos 4 mil dos 24 mil empregos da Opel na Alemanha. Segundo o Süddeutsche
Zeitung, o conselheiro de empresa Franz disse do acordo: "Não há dúvida,
assim procedem os vencedores”. Será mesmo? Enquanto no resto da União
Europeia se convocam greves gerais e se ocupam empresas, a Alemanha, S. A. vira
em comunidade popular de administração da crise. Já não basta o orgulho no
menor número de dias de greve. O potencial de ameaça de Hartz IV e o maior
sector de precariedade na Europa Ocidental faz com que o coração dos
sindicatos alemães lhes caia aos pés: o medo devora as almas. O acordo da Opel
ameaça constituir o prelúdio duma corrida à renúncia em indústrias-chave,
pressionando o nível geral dos salários ainda mais para baixo. O que não
adianta nada. A co-gestão empresarial dos representantes do pessoal só pode
reforçar a espiral macroeconómica descendente após o termo dos programas de
apoio à conjuntura. Mas a visão sobre o contexto social está assim
perturbada. A comunidade de renúncia ideológica baseia-se unicamente na falsa
esperança de salvar a própria pele empresarial na concorrência de crise, não
se importando com o que aconteça aos outros. Se o desastre das finanças públicas
provocar a segunda onda de recessão económica, a Opel será na mesma a
primeira a ficar no fio da navalha. No estado de consciência de obediência
antecipatória a única ajuda já é só rezar.
Original
WIR
SIND OPEL
in
www.exit-online.org.
Publicado na edição impressa de Freitag,
27.05.2010