Roswitha Scholz
Luta das mulheres = Luta de classes como resposta à crise fundamental? O género mais uma vez como contradição secundária!? Crítica do manifesto "Feminismo para os 99%"
Após um período de feminismo desconstrucionista, as abordagens marxistas-materialistas têm dominado o discurso feminista nos últimos anos, desde os episódios de crise no final dos anos 90 (crise dos Tigres Asiáticos, estabelecimento do Hartz-IV, crise do mercado financeiro 2008ss. e outros). (1) Quanto mais o "colapso da modernização" (Robert Kurz) se torna evidente desde então, mais o pêndulo ameaça oscilar completamente na direcção do marxismo vulgar. Na minha opinião, isto torna-se claro no manifesto "Feminismo para os 99%", de Cinzia Arruzza, Tithi Bhattacharya e Nancy Fraser (2019), em que raça, classe e género, por exemplo, são apenas superficialmente mediados entre si, supostamente em pé de igualdade. A posição aí assumida vai assim dar simplesmente ao capitalismo androcêntrico, como um complexo-mestre, sem realmente ter em conta o Outro do capitalismo enquanto tal. Do mesmo modo, a dominação da natureza é atribuída apenas a um capitalismo orientado unicamente para o "fazer mais" e aos seus agentes. Neste sentido, é preciso criticar neste manifesto 'feminista' não em último lugar que a relação de género assimétrica, mas também o racismo, a homofobia, etc., sejam mais uma vez transformados em contradições secundárias, como acontecia antes nas concepções marxistas tradicionais. Este será um dos tópicos da crítica que se segue.
Concluirei expondo o ponto de vista da crítica da dissociação e do valor, que se opõe a tais materialismos primitivos, os quais mais uma vez se estão a intensificar na crise do coronavírus (cf. Scholz 2011). Arruzza & Cª expuseram a sua posição em onze teses, e eu, pela minha parte, vou resumi-las em cinco pontos, mais o epílogo.
1, Neoliberalismo e greves (de mulheres)
No seu manifesto, Arruzza & Cª opõem-se a um feminismo liberal que defende a entrada das mulheres nos escalões superiores da política e dos negócios, e só quer participar no poder no capitalismo/neoliberalismo. Ao poder neoliberal-capitalista contrapõem as greves das mulheres em vários países. "Globalmente, o feminismo da greve das mulheres antecipa a possibilidade de uma nova fase sem precedentes de luta de classes: feminista, internacionalista, ecológica e anti-racista" (ibid., 18).
As autoras do manifesto colocam estes novos movimentos feministas na tradição das "lutas pelos direitos laborais e pela justiça social" (ibidem, 16). Ao fazê-lo, defendem uma nova definição de trabalho: "A militância da greve das mulheres irrompeu numa altura em que os sindicatos outrora poderosos, cujo foco é o sector transformador, ficaram significativamente enfraquecidos. Para reavivar a luta de classes, as activistas voltaram-se para outra arena: o ataque neoliberal aos cuidados de saúde, às pensões, e à habitação" (ibidem, 18). "É aqui, no domínio da reprodução social, que encontramos muitas das mais militantes greves e actos de resistência dos nossos dias. Desde a vaga de greves de professores nos EUA, passando pela luta contra a privatização da água na Irlanda, até às greves dos Dalit catadores de lixo na Índia – todas lideradas e conduzidas por mulheres – as trabalhadoras estão a resistir ao assalto capitalista à reprodução social. Embora estas greves não estejam oficialmente ligadas ao movimento internacional de greve das mulheres, têm muito em comum com ele. Estão também a procurar uma valorização do trabalho necessário para reproduzir as nossas vidas, resistindo ao mesmo tempo à exploração desse trabalho" (ibidem, 19).
O que elas pretendem é o seguinte: "O feminismo que temos em mente renuncia a medidas sem convicção e esforça-se por abordar as causas capitalistas de uma barbárie que se expande por metástases [...] Este feminismo não se limita às questões da mulher [...] Representa a causa de todos os que são explorados, dominados e oprimidos, e espera ser uma espiral de esperança para toda a humanidade. É por isso que falamos de um feminismo dos 99 por cento" (ibid., 24, ênfase no original).
Para elas, a crise actual, visível em várias manifestações sociais e ecológicas, e nos colapsos nas esferas da reprodução/serviços, é causada pelo capitalismo, "especialmente aquela forma cruelmente predatória de capitalismo sob a qual vivemos hoje: globalizante, financeirizante, neoliberal" (ibid., 27). Com o pano de fundo de um conceito redutor de capitalismo e da conexa "tentativa" de personalizações, na minha opinião abre-se aqui uma porta ao anti-semitismo estrutural.
Isso também se exprime na formulação de que "os tentáculos das finanças enrolam-se em torno do tecido social" (ibid., 28, cf. sobre a crítica, entre outros, também: Scholz 1995). De resto, já é visível em tais passagens que se pretende incluir todas as possíveis disparidades sociais na categoria classe, e que o "aspecto" feminista é, assim, apenas um entre muitos dentro da extensão das classes do "capitalismo", devendo ser subordinado a ela em termos de lógica de identidade (cf. sobre a crítica de tais posições: Scholz 2005) Mas Arruzza & Cª também apresentam a particularidade do trabalho reprodutivo, na sua particularidade, como uma generalidade, apenas para o fazer desaparecer imediatamente de novo noutras instâncias reprodutivas / institucionalizações, em hipóteses ontologizantes, como vou mostrar de seguida.
2. Capitalismo, trabalho reprodutivo e sexismo
Arruzza & Cª vêem as actividades reprodutivas femininas como um momento importante na reprodução global do capitalismo (embora também sejam necessárias noutras sociedades, assumem um carácter diferente no capitalismo). Elas vêem o sexismo como inscrito no capitalismo. Ao fazê-lo, contrapõem ao "fazer seres humanos" atribuído às mulheres o mais valorizado "fazer mais". O "fazer seres humanos" inclui não só a reprodução biológica das pessoas, mas também da força de trabalho, ou seja, têm de ser produzidas "pessoas com atitudes, inclinações e valores [...] capacidades, competências e aptidões". Estas são "condições prévias fundamentais – materiais, sociais, culturais – da sociedade humana em geral e da produção capitalista em particular [...] Chamamos a esta esfera abrangente de actividades indispensáveis à vida reprodução social" (ibid., 33, ênfase no original). Estas actividades não são pagas no capitalismo, são consideradas inferiores e são também delegadas pelos trabalhadores nas mulheres. No entanto, em Arruzza & Cª estas actividades reprodutivas são, em última análise – como foi dito – apenas uma sub-questão do capitalismo em geral. Isto é expresso, por exemplo, na seguinte passagem: "Como feministas, estamos conscientes de que o capitalismo não é apenas um sistema económico, mas algo mais abrangente: uma ordem social institucionalizada, que inclui também aquelas relações e práticas aparentemente 'extra-económicas' que sustentam a economia oficial. Por detrás das instituições capitalistas oficiais de trabalho assalariado, produção, comércio e finanças estão os seus indispensáveis pilares e condições de possibilidade: Famílias, comunidades, natureza, Estados territoriais, organizações políticas e sociedades civis, e, por último mas não menos importante, enormes volumes e numerosas formas de trabalho não remunerado e expropriado. Aqui se inclui uma grande parte do trabalho necessário à reprodução social, que ainda é largamente realizado por mulheres e muitas vezes não é remunerado. Estes também são elementos constitutivos da sociedade capitalista – e palcos de luta dentro dela" (ibid., 82s.).
Neste contexto, Arruzza & Cª consideram o termo "crise dos cuidados" redutor: "A crise é uma crise estrutural. É parte integrante da crise mais vasta e geral do capitalismo contemporâneo. Dada a gravidade desta crise geral, não surpreende que as lutas pela reprodução social se tenham expandido explosivamente nos últimos anos. As feministas do Norte global descrevem frequentemente o seu principal objectivo como "equilíbrio entre profissão e família". Contudo, as lutas pela reprodução social abrangem muito mais" (ibid., 101, ênfase no original) – tais como protestos e lutas pela habitação, lutas pela alimentação, por salários mais elevados e melhores condições de trabalho das profissões sociais, e pelos direitos dos migrantes e afins. A reprodução em Arruzza & Cª é também determinada por classe, 'raça' e orientação sexual. As mulheres não brancas foram forçadas no passado e são obrigadas no presente a realizar actividades reprodutivas não remuneradas ou mal remuneradas. Espera-se que as mulheres eduquem os filhos para identidades de género burguesas. Em termos de política demográfica, devem ser induzidas a ter os filhos "certos" para a sua própria nação e a cuidar duma classe trabalhadora subordinada.
Arruzza & Cª explicam a violência contra as mulheres no capitalismo da seguinte forma: "Porque o capitalismo atribui o trabalho reprodutivo esmagadoramente às mulheres, limita a nossa capacidade de participar plenamente como iguais no mundo do 'trabalho produtivo'. Como resultado, a maioria de nós acaba em relações de trabalho sem perspectivas e ganhando muito pouco para sustentar uma família. Isto repercute-se na "vida privada", e em nosso detrimento, uma vez que a nossa reduzida capacidade de acabar com as relações nos deixa comparativamente impotentes dentro delas. O principal beneficiário de todo o arranjo é, inquestionavelmente, o capitalismo. Mas o resultado é que estamos sujeitas à dupla violência: a dos nossos familiares e parceiros íntimos, e a exercida pelos executores e facilitadores do capital" (ibid., 41s.). Não é, portanto, um patriarcado capitalista que deve ser estruturalmente considerado nas relações de violência, mas basicamente um capitalismo que também inclui várias dimensões de desigualdade (racismo e sexismo), as quais são depois autorizadas a viver a sua vida miserável como contradições secundárias, por assim dizer sistemicamente relevantes. Um entendimento "sistémico" do capitalismo em termos de um tosco relacionalismo (ver acima, que tudo é contado como reprodução), transforma-se assim numa primitiva personalização da atribuição de culpas aos agentes do capital, especialmente do capital financeiro, situação em que o "companheiro" masculino sexista é considerado de pouca importância, e quase apresentado como vítima.
Arruzza & Cª pronunciam-se, a meu ver com razão, contra um "feminismo prisional" que vê o aparelho judicial como meio adequado para abordar (não apenas) a violência de género (cf. Urban 2018). Isto porque o próprio sistema de justiça é constituído em termos específicos de classe e racistas (cf. Arruzza & Cª 2019, 43). Não penetram numa perspectiva da dissociação-valor, a partir da qual a relação entre o geral e o particular poderia ser determinada. Pelo contrário, para elas, o capitalismo da luta de classes é o geral a partir do qual tudo é deduzido. A este respeito, também não vêem as medidas na forma do mercado, por exemplo o microcrédito, como um meio adequado para melhorar a situação das mulheres no Sul, uma vez que estão aí expostas ao domínio (ou seja, à violência) dos credores, pelo que Arruzza & Cª, por sua vez, se esforçam por realçar, pela aparência, a relação hierárquica de género fenomenologicamente, como um momento do capitalismo. "Sabemos que a violência de género no capitalismo não é uma avaria, mas uma condição sistemática. Está profundamente enraizada na ordem social e não pode ser compreendida ou mitigada, a menos que se inclua o complexo mais vasto de violência capitalista: a violência biopolítica das leis que negam a liberdade reprodutiva, a violência económica do mercado, do banco, do senhorio e do agiota, a violência estatal da polícia [...] a violência transnacional dos guardas de fronteira, dos regimes migratórios e dos exércitos imperiais", etc. (ibid., 44). A este respeito, as mulheres não brancas nos EUA foram particularmente afectadas pela crise hipotecária (ibid., 45). Leis "inimigas do trabalhador", por exemplo nas maquiladoras mexicanas, que conduzem à violência, à violação pelos patrões, a intimidações e controlos humilhantes do corpo das mulheres são aqui combatidas como meios disciplinares (ibid.: 46s.) – com o que a oposição hierárquica de género em Arruzza & Cª degenera novamente numa contradição secundária. É localizada num contexto de luta de classes. Se uma masculinidade (patriarcal) está em crise, esta questão já não pode ser aí colocada – seja sob que forma for, de direita ou de esquerda (cf. Urban na exit! 18). Para Arruzza & Cª, este questionamento fica completamente absorvido no 'capitalismo'.
3. Sexualidade e Capitalismo, Violência Colonial e Racista
Sempre se tentou regular a sexualidade no capitalismo, segundo Arruzza & Cª. Na fase em que começou processar nas suas próprias bases, isto foi feito na figura de 'normas burguesas' e 'formas de regulação' estatais heteronormativas e de dualidade de género, que se difundiram internacionalmente e na cultura de massas (cf. ibid..., 47ss.) Em tempos mais recentes, tornaram-se então convenientes ao capitalismo as flexi-identidades sexuais correspondentes a tendências gerais de flexibilização, sendo-lhes contudo complementares, por outro lado, os reaccionários movimentos populistas de direita. "Como resultado, os movimentos de libertação de hoje encontram-se presos entre a peste e a cólera: um lado gostaria de entregar as mulheres e as pessoas LGBTQ+ à dominação religiosa ou patriarcal, o outro gostaria de entregar-nos ao capital numa bandeja de prata para exploração. As feministas para os 99% recusam-se a jogar este jogo. Rejeitamos tanto a cooperação neoliberal como a homofobia e a misoginia neotradicional. Queremos reavivar o espírito radical da rebelião de Stonewall de 1969 em Nova Iorque, mas também o dos movimentos feministas sexo-positivos, de Alexandra Kollontai a Gayle Rubin, e o do apoio de gays e lésbicas à greve dos mineiros britânicos de 1984" (ibid., 54s.). Aqui se abstrai de que a heterossexualidade compulsiva resulta da separação das esferas de produção e reprodução, em termos da dissociação-valor como contexto compulsivo.
Ao mesmo tempo, Arruzza & Cª sabem que as mulheres (brancas) também participam no colonialismo e no racismo. Mais adiante, escrevem: "Estamos [...] também conscientes de que o capitalismo é a raiz do problema, e que o racismo e o imperialismo são componentes essenciais do capitalismo. Este sistema social [...] só pôde funcionar graças ao violento roubo colonial [...] à escravatura [...] à expropriação [...] A distinção entre 'trabalhadores' explorados livremente e 'outros' dependentes expropriados assumiu diferentes formas ao longo da história do capitalismo – na escravatura, no colonialismo, no sistema do apartheid e na divisão internacional do trabalho" (ibid., 58s.). Mais uma vez, tudo é subsumido a um capitalismo universalista, verdadeiramente os "Outros", como os escravos, os não-brancos só aparecem neste contexto, apesar de se afirmar que os escravos negros são a condição prévia do "trabalhador livre"; no entanto, estes não são tidos em conta na sua própria lógica como Outros, mas supostamente são uma componente imanente do capitalismo desde o início; também não se reflecte aqui que o marxismo nunca os incluiu como realmente Outros, mas apenas em ligação com uma concepção de imperialismo ligada a uma ideologia do progresso ela própria racista.
Ainda hoje ligada a isto está a exploração dos recursos minerais, a exploração do trabalho no 'Terceiro Mundo' e afins, como dizem Arruzza & Cª: "O capitalismo, por razões sistémicas, sempre criou classes de pessoas racializadas" (ibid., 59). Tudo deve ser incluído na rubrica "classe" para Arruzza & Cª. Mais uma vez, isto é aqui deixado claro. Hoje, argumentam, a financeirização e as políticas de endividamento estão a expulsar os povos indígenas com políticas de apropriação de terras no Sul. As despesas sociais estão a ser reduzidas e gerações de trabalhadores estão a ficar endividadas para pagar aos credores globais. "O capitalismo financeiro é acompanhado de expropriação racializada a todos os níveis e em todas as regiões" (ibidem, 61). Arruzza & Cª concluem: "De facto, o racismo, o imperialismo e o etnonacionalismo são pilares essenciais de uma misoginia generalizada, bem como da disponibilização de todos os corpos das mulheres. Porque o seu modo de funcionamento nos prejudica a todas, todas devemos combatê-los com todas as nossas forças" (ibid., 62, ênfase no original), sem cairmos numa sororidade generalizada que subestime as diferenças. Os pontos comuns teriam de ser resultado da prática política e da negociação (ibid.); tudo isto – escusado será dizer – tendo como pano de fundo um antagonismo de classes que precede todas as outras discriminações – nas palavras de Althusser, como a "última instância".
4. Capitalismo, ecologia e feminismo
Arruzza & Cª defendem um feminismo eco-socialista. Ao fazê-lo, vêem mais uma vez "o capital" como responsável pela crise ecológica e pela mudança climática: "A mudança climática que ameaça o planeta hoje em dia é consequência directa da dependência histórica do capitalismo dos combustíveis fósseis, para alimentar as fábricas orientadas para a produção em massa que o caracterizam. Não foi a humanidade em geral que extraiu depósitos de carvão formados sob a crosta terrestre ao longo de centenas de milhões de anos, mas o capital; e foi o capital que consumiu estes depósitos de carvão num abrir e fechar de olhos, sem a menor preocupação com a sua restauração nem com os efeitos da poluição atmosférica e das emissões de gases com efeito de estufa" (ibid., 63s., ênfase no original). A crise ecológica afecta em particular as mulheres. Representam 80% dos refugiados climáticos, lutam contra a seca, adquirem alimentos, etc., sendo que as mulheres não-brancas do Sul, que apoiam crucialmente as suas comunidades, estão particularmente ameaçadas pelas inundações, intoxicações por chumbo e afins. Do mesmo modo, as mulheres estão na vanguarda dos movimentos ecológicos, inclusive no Sul. "Ao contrário daqueles projectos das 'finanças verdes' que dissolvem a natureza numa pestilência de abstracção quantitativa, as lutas das mulheres são dirigidas ao mundo real, onde a justiça, o bem-estar das comunidades humanas e a sustentabilidade da natureza não humana estão inseparavelmente interligados" (ibid., 66).
O ponto de vista de "feminilidade e domínio da natureza" (Elvira Scheich et al.) está completamente ausente de Arruzza & Cª. Com elas, regressa mais uma vez um ponto de vista marxista vulgar e materialista vulgar: só o capital explora a natureza e a destrói. Também falta aqui uma crítica da metafísica marxista do progresso. Tal como se ignora que a integração da classe trabalhadora no fordismo andou de mãos dadas com a satisfação das necessidades dos consumidores, e que isto foi aceite mais do que alegremente pela ‘classe trabalhadora’. Aqui, mais uma vez, falta a visão sistémica, no sentido de uma socialização fetichista abrangente, e de facto no sentido da crítica à socialização da dissociação e do valor, que também questiona tais tendências. Ligado a isto está o fervor contra a abstracção ("pestilência de abstracção quantitativa" – ver acima), que por sua vez é recarregável de anti-semitismo estrutural.
5. Internacionalismo Feminista
"As crises políticas são inerentes à estrutura institucional da sociedade capitalista. Este sistema separa a política da economia, a 'violência legítima' da 'coerção silenciosa' do mercado. Como resultado, vastas áreas da vida social são despojadas do controlo democrático e colocadas directamente à mercê da dominação das corporações" (ibid., 67). No processo, os Estados do Norte exploram os do Sul, através de políticas comerciais desleais, dívida, intervenção militar, e afins. "Parece que as aspirações democráticas de milhares de milhões de pessoas no Sul global não são interessantes nem sequer como objecto de cooptação" (ibidem, 68). E continua-se: "Os principais interesses capitalistas (as indústrias frutícola, farmacêutica, petrolífera e de armamento [...]) têm promovido sistematicamente o autoritarismo e a repressão, golpes de Estado e guerras imperiais em todo o mundo" (ibid., 69). "De facto, as mulheres de todo o mundo são as primeiras vítimas das ocupações e guerras coloniais. Enfrentam o assédio sistemático, a violação e a escravatura por motivos políticos [...] Declaramos a nossa solidariedade para com estas mulheres – não para com as belicistas de saias que exigem a libertação sexual apenas para as suas iguais" (ibid., 71, ênfase no original).
Arruzza & Cª. defendem assim uma política de aliança com todos os que são a favor dos 99%, com o objectivo de um levantamento global: "Movimentos ambientalistas, movimentos anti-racistas e anti-imperialistas, com movimentos LGBTQ+ e sindicatos" (ibid., 72). Ao fazê-lo, opõem-se tanto ao neoliberalismo como ao "populismo reaccionário". "Quanto ao populismo reaccionário, queremos desvincular as comunidades da classe trabalhadora das forças que promovem o militarismo, a xenofobia e o etnonacionalismo, e que se apresentam enganosamente como representando o 'homem comum', quando secretamente estão a fazer avançar a plutocracia. A nossa estratégia é conquistar as secções da classe trabalhadora de ambos os blocos pró-capitalistas" (ibid., 73). O inimigo é o sistema do capitalismo (ibid., 74).
Não se trata, para elas, de negar as diferenças: "De facto, a solidariedade de classe pode ser mais bem promovida através do reconhecimento mútuo das nossas diferenças relevantes, da divergência das nossas situações estruturais, experiências e sofrimentos, das nossas específicas necessidades, desejos e exigências, mas também da diversidade de formas de organização através das quais podemos realizar as nossas exigências. Assim, o feminismo dos 99% procura ultrapassar a conhecida e estéril oposição entre a política de identidade e a política de classe" (ibid., 74s.). No entanto, apesar da ênfase nas diferenças, estas acabam por voltar a ser absorvidas ou submersas no antagonismo das classes. Assim, a ênfase nas diferenças teria um carácter mais estratégico. Tratar-se-ia de chegar às pessoas, a fim de as mobilizar para a luta de classes.
6. O "Feminismo para os 99%" e a Crítica da Dissociação e do Valor
6.1 Feminismo para os 99%: Conclusão
A luta de classes já inclui realmente tudo em Arruzza & Cª. Sexismo, ressentimento face a sexualidades diferentes, racismo, guerra e colonialismo funcionam aqui colados bastante superficialmente, o que também revela o carácter de contradição secundária das relações hierárquicas de género em Arruzza & Cª. Isto leva-nos de volta ao ponto de partida das nossas considerações, que se estende como um fio condutor por todo o manifesto.
Arruzza & Cª querem atrair as feministas para a armadilha de cola de um velho marxismo da luta de classes, enriquecido com o racismo, o sexismo, a ecologia e a reprodução nos mais diversos pontos de vista. Na necessidade resultante da actual situação histórica, em que o proletário "produtivo" se perdeu em grande parte, os serviços (sociais) são agora também sumariamente redefinidos como actividades proletárias, tal como se tornam proletárias as pessoas com emprego precário, os empresários individuais a nível de miséria e afins. Não se tem em conta o desenvolvimento histórico, da sociedade de classes para a sociedade de classe média e novamente para o declínio desta hoje em dia, não em último lugar mediado pelo desenvolvimento das forças produtivas. Em vez de se fazer da desclassificação, da exclusão e do ser supérfluo um escândalo (o termo sociedade de classes é aqui uma subvaliação grosseira!), há uma utilização inflacionária do termo "classe trabalhadora". Pretende-se assim salvar quase à força um velho e anacrónico ponto de vista dos trabalhadores, cujo tempo já passou há muito (ver Kurz 2004, bem como Scholz 2020). Na sequência da crise do coronavírus, o colapso da classe média tornou-se ainda mais provável.
Mas Arruzza & Cª pretendem reunir os diferentes sob o mesmo tecto, precisamente sob o conceito de classe trabalhadora, tendo aparentemente em conta a sua lógica própria, quando na realidade eles existem aqui apenas como contradições secundárias. A propósito, o anti-semitismo e o anticiganismo não desempenham qualquer papel no manifesto (cf. sobre isto, por exemplo, Scholz 2007). O facto de o capital se ter tornado anónimo há muito tempo, por exemplo sob a forma de sociedades anónimas, também em ligação com infra-estruturas estatais, bem como o facto de a relação trabalhador-capital no auto-empreendedorismo passar pelos indivíduos, está completamente longe delas.
A razão para tal não é apenas o facto de nelas ter papel preponderante uma problemática e antiga abordagem anti-imperialista, mas também o facto de a crítica do trabalho lhes ser completamente estranha. Em vez disso, o trabalho é a sua mais própria base ontológica. Mesmo ao longo de toda a exposição, uma pessoa lembra-se frequentemente do marxismo soviético e da retórica dos grupos K dos anos 70. A dissociação do feminino, como pressuposto para as ciências naturais e para o desenvolvimento das forças produtivas, também no que diz respeito à sua aplicação na organização do trabalho, é estranha a Arruzza & Cª, como já mencionado. Para elas, um domínio destrutivo da natureza fica completamente por conta do capitalismo, entendido como dominação personificada do capital.
Enquanto no passado era principalmente tarefa dos teóricos marxistas masculinos declarar as relações hierárquicas de género uma contradição secundária, hoje as teóricas e teóricos feministas à la Arruzza & Cª fazem tudo isso por si sós, com cobertura retórica. E só neste contexto é que afirmam: "O que é apresentado como emancipação (de uma perspectiva feminista neoliberal, RS) é de facto um sistema de exploração e apropriação agravadas – e ao mesmo tempo a força motriz de uma crise da reprodução social que se agudiza" (ibidem, 94). Aqui Hillary Clinton e Sheryl Sandberg, como "mulheres de topo" que elas denunciam, são também de facto vítimas da ideologia patriarcal capitalista. O sexismo atravessa as várias estratificações (económicas), quer Arruzza & Cª gostem ou não. Mesmo que melhorassem o capitalismo, estas "mulheres de topo" seriam na realidade meras administradoras da crise do patriarcado capitalista (ver Urban na exit! 18). É preciso, portanto, ter em conta as estruturas patriarcais (capitalistas) correspondentes, mesmo que isso vá ao arrepio de Arruzza & Cª.
6.2 Crítica da dissociação e do valor e "Feminismo para os 99%"
A teoria e crítica da dissociação e do valor toma um caminho completamente diferente. Assume que o valor (mais-valia) está obsoleto – no sentido tanto da redistribuição como do trabalho abstracto enquanto seu equivalente. O trabalho abstracto criador de mais-valia depende – também categorialmente – dos trabalhos reprodutivos, que são menos valorizados e delegados à "mulher". Isto é acompanhado pela atribuição de determinadas qualidades às mulheres (carinho, amor, emocionalidade, etc.) e aos homens (racionalidade, concorrência, objectividade, etc.). Ambos estão numa relação dialéctica recíproca, em que os indivíduos não são absorvidos pelos padrões culturais estereotipados, mas também não podem escapar-lhes. Isto também significa que o valor não domina simplesmente, mas tem como pressuposto esta dissociação do feminino para poder existir como é. Assim, a dissociação-valor, como contexto social basilar da sociedade mundial, tem também uma dimensão cultural-simbólica. Na pós-modernidade, estas relações assumem uma face diferente: A dona-de-casa e o ganha-pão da família masculino tornaram-se obsoletos, sem que as desigualdades de género tenham sido removidas, numa situação cada vez mais precária. O patriarcado, portanto, apenas se está a asselvajar, como mostra o aumento da violência masculina. No entanto, a crítica da dissociação e do valor assume que a relação de género teve anteriormente aspectos diferentes, tanto em tempos pré-modernos como em outras culturas (cf. Scholz 2011).
Arruzza & Cª não penetram numa crítica ao patriarcado capitalista que incluiria uma crítica ao trabalho abstracto – e não só escandalizando-se com a apropriação da mais-valia pelo capital; contra este pano de fundo, também não vêem que existe uma dissociação entre o feminino e certas actividades. Partem de uma ontologia de trabalho, com um entendimento personalizante do capital, que é acima de tudo absorvida na acusação ao capital financeiro, às corporações, aos chefes, etc., e é apenas neste contexto que ocorre então uma separação das esferas da produção e da reprodução.
Aqui é preciso ver o aumento da violência contra as mulheres, não em último lugar no contexto da desintegração da família e do asselvajamento do patriarcado. A crise do trabalho anda de mãos dadas com a crise da dissociação, e isto também está ligado a uma crise do Estado, à dominação dos bandos pós-estatais e afins, que trazem consigo uma maior propensão para a violência contra as mulheres.
No entanto, esta relação hierárquica de género determinada pela teoria da dissociação e do valor não se dissolve na relação de género no sentido mais restrito, mas, para poder afirmar-se, é forçada a relativizar-se, uma vez que lhe é inerente uma crítica fundamental do sujeito, que resulta da crítica do sujeito autónomo masculino. Trata-se necessariamente – partindo de si mesma como um princípio fundamental – de toda a sociedade. É de tais contradições que a crítica da dissociação e do valor ganha o seu poder e a sua capacidade paradoxal de conseguir insistir em si própria, como um absoluto contraditório que além disso está em posição de a si própria se limitar; também as disparidades racistas, económicas e decorrentes da educação, as discriminações sexuais, homofobias e afins podem assim ser tidas em conta, na sua lógica própria e nas suas interferências, uma vez que não podem ser tratadas no sentido de um entendimento hermético da totalidade, seja no sentido de um marxismo tradicional, como em Arruzza & Cª, ou no sentido de uma crítica androcêntrica do valor (para mais sobre isto, ver Scholz 2005).
Em vez disso, Arruzza & Cª limitam-se a redefinir o conceito de proletariado em termos de um marxismo tradicional modificado: Este abrange agora toda a humanidade (menos um por cento), situação em que se deve dar ainda supostamente maior atenção às diferenças e às várias desigualdades neste sentido, mesmo na sua disparidade! Além disso, Arruzza & Cª supõem que estes 99% estão em princípio orientados para a emancipação e querem alcançar uma sociedade não capitalista, uma posição agit-prop da esquerda clássica que frequentemente fez triste figura no passado. Daí talvez também a forma de manifesto...
Neste contexto, também é estabelecida uma ligação distorcida entre a relação de produção e a relação de reprodução relativamente às mulheres: as greves das mulheres no domínio profissionalizado da reprodução seguem as greves na esfera da produção nas décadas anteriores. Não é de esperar que às actividades reprodutivas correspondentes seja atribuído um significado e um valor semelhantes aos das actividades de produção no sistema fordista. Custam dinheiro, e na crise voltarão provavelmente a ser colocadas nas mãos das mulheres sem pagamento.
Pois apesar dos pacotes de resgate na crise do coronavírus, o Estado não pode fazer dívidas e imprimir dinheiro à vontade. A ditadura da austeridade não está de modo nenhum terminada. Os trabalhos de cuidar nunca poderiam entrar na categoria de trabalho produtivo, após o "fim do trabalho" e o declínio do patriarcado capitalista/o "colapso da modernização" (Kurz já em 1991). Assim, é bastante improvável que em tempos pós-coronavírus (se ocorrerem) haja uma revalorização material e idealmente digna de nota das actividades de cuidados, embora seja de esperar um aumento das gratificações simbólicas (isto também se encaixaria bem nas tradições do patriarcado capitalista). É mais provável que os salários de outros sectores convirjam com os do sector dos cuidados.
Arruzza & Cª, no entanto, só querem uma valorização assim mais elevada das actividades reprodutivas femininas, numa falsa auto-relativização das relações hierárquicas de género, no contexto de um culto do proletário: "O verdadeiro objectivo das lutas pela reprodução social é afirmar a primazia do fazer seres humanos sobre o fazer mais" (ibidem, 92). Na minha opinião, porém, o verdadeiro objectivo deveria ser abolir tanto o 'fazer seres humanos' como o 'fazer mais'; pois os dois pertencem um ao outro, embora se deva notar, ceterum censeo, que para Arruzza & Cª, de qualquer modo, o 'fazer seres humanos' também se enquadra na rubrica das classes. Neste contexto, também registam as alterações climáticas e o domínio da natureza num capitalismo em princípio avaliado como neutro em termos de género.
Fica-se com a impressão de que, num esforço para combater o populismo de direita e a propaganda neoliberal, a própria Arruzza & Cª se tornam desavergonhadamente populistas, tentando simplesmente aplicar as velhas certezas do marxismo tradicional à nova realidade. Também em Arruzza & Cª, apesar de todos os protestos em contrário, se pretende relegar a existência de uma relação hierárquica de género para segunda linha, no sentido do marxismo das classes. Tão pouco existem outras disparidades; estão de facto submersas num marxismo das classes.
Tudo isto só pode correr mal, e não tem nada a ver com uma teoria e uma prática realmente emancipatórias hoje, que têm de estar sempre prontas a reflectir sobre si mesmas. Em vez disso, Arruzza & Cª procuram a salvação num conservadorismo de esquerda, que apenas corresponde ao regresso ao passado da direita no outro pólo. O coronavírus mostrou que a normalidade pode ir-se abaixo, mesmo que não tenha sido ele a causa, mas apenas o gatilho, acelerando o declínio do patriarcado capitalista. Na decadência cada vez mais visível da modernização, o manifesto por um "feminismo dos 99%" – como se viu – representa um caminho errado. A relação de género, como a relação social mais funda/mais oculta dentro de uma sociedade de estratificações, torna-se mais uma vez uma contradição secundária. Assim, um nostálgico sujeito político mulher, como reclama talvez Koschka Linkerhand (2018), há muito que foi afogado de novo num anacrónico sujeito da luta de classes, quando a política e a subjectividade estão a chegar ao fim. "As mulheres são relevantes para o sistema, mas o sistema está de rastos", escreveu Margarete Stokowki certeiramente há pouco tempo. Este reconhecimento, contudo, teria de ser colocado no contexto da crítica da dissociação e do valor.
P.S. A crítica ao manifesto "Feminismo para os 99%" foi escrita antes de George Floyd ter sido assassinado por um agente da polícia dos EUA. Os comentários das esquerdas e não só mostram que não é apenas neste manifesto que também o racismo é subsumido sob o ponto de vista das classes, e que nenhuma lógica própria lhe é atribuída como dimensão de discriminação (que depois, naturalmente, pode interferir com outras formas de discriminação, por exemplo, sexismo, disparidades económicas, etc.). Os seguintes comentários de esquerda são exemplos disto: "A preocupação com a morte de Oury Jalloh revela também que, para além do racismo, o desprezo pelas pessoas de baixos rendimentos é também o problema. Já antes da morte de Oury Jalloh, dois homens de pele branca morreram na esquadra da polícia de Dessau" (Nowak 2020a).
Como existe o "perigo" de um "movimento transnacional de protesto social [...] ser desviado pelos liberais" (ibid.), mas, por outro lado, o "maior beco sem saída [...] [seria] um nacionalismo negro", falta uma linha na "luta contra o racismo e o capitalismo" (Nowak 2020b). E ainda: "Mas há também alguns raios de esperança no movimento actual. O facto de condutores de autocarros de diferentes cores de pele se terem recusado a transportar agentes da polícia e manifestantes por eles detidos nos EUA é um desses momentos emancipatórios. Aqui, o foco está em organizar as pessoas independentemente da cor da pele e da origem [...] a verdadeira exploração capitalista é a base da organização [...] Assim se faz uma ligação entre o colonialismo e o capitalismo que está em grande parte escondida no discurso actual. O que cria a impressão de que o colonialismo e o racismo são culpa individual das más pessoas brancas". (ibidem). Mas será antes apenas dos 'capitalistas'?
Anton Stortchilov toca na mesma buzina no artigo "Solidariedade e não compaixão": "Se se quiser criar alianças que possam mudar este país, então tem de se conseguir dizer, independentemente da cor da pele: George Floyd era um de nós. Um proleta que foi estrangulado pelos agentes de um poder do Estado em roda livre, porque puderam e quiseram fazê-lo. Qualquer Mirko de Delmenhorst poderia ter sido morto de forma igualmente gratuita, porque também a sua vida não vale nada em caso dúvida, se ele não tiver um tio advogado. Só se se permitir este pensamento é que haverá uma verdadeira solidariedade. Estamos sempre atingidos quando a polícia bateu nos/nas migrantes. Quando os intelectuais de esquerda dizem aos proletários e proletárias que este é apenas um problema numa América má, e que além disso só afecta realmente os negros, os proletários e proletárias tomam isso como um ‘Não é da vossa conta. As vossas experiências não nos interessam. Estamos aqui para cuidar das minorias’, pelo que os proletários e proletárias encolhem os ombros, guardam novamente a sua solidariedade e questionam-se um pouco sobre para que precisam eles de tais intelectuais de esquerda que não querem saber dos seus problemas" (Stortchilov 2020). Aqui só se pode estar a aconselhar aos negros humilhados e ofendidos que se coloquem sob a protecção de uma solidária esquerda da luta de classes!
Bibliografia
Arruzza, Cinzzia; Bhattacharya, Tithi; Fraser Nancy: Feminismus für die 99% – Ein Manifest, Berlin 2019. Trad. port.: Feminismo para os 99%. Um manifesto, Objectiva, Lisboa, 2019.
Kurz, Robert: Der Kollaps der Modernisierung. Vom Zusammenbruch des Kasernensozialismus zur Krise der Weltökonomie, Frankfurt 1991. Trad. port.: O Colapso da Modernização: da derrocada do socialismo de caserna à crise da economia mundial, Paz e Terra, São Paulo, 1993.
Kurz, Robert: Das letzte Stadium der Mittelklasse. Vom klassischen Kleinbürgertum zum universellen Humankapital 2004, auf exit-online.org. Trad. port.: O último estádio da classe média. Da pequena burguesia clássica ao capital humano universal, online: http://www.obeco-online.org/rkurz173.htm
Linkerhand, Koschka: Das politische Subjekt Frau – Rehabilitierung eines Kampfbegriffs [O sujeito político mulher - reabilitação de um conceito de luta], in: Linkerhand, Koschka (Hg.): Feministisch streiten – Texte zu Vernunft und Leidenschaft unter Frauen [Debate Feminista - Textos sobre Razão e Paixão entre Mulheres], Berlin 2018.
Nowak, Peter: George Floyd: Nicht nur Rassismus ist das Problem [George Floyd: Não é apenas o racismo que é o problema], freitag.de vom 5.6.2020a.
Nowak, Peter: Clash der Kulturen oder Aufhebungsbewegung von Unterdrückung [Choque de culturas ou movimento abolicionista da opressão], freitag.de vom 14.6.2020b.
Scholz, Roswitha: Die Metamorphosen des teutonischen Yuppie. Wohlstandschauvinismus, 90er Jahre-Linke und kasinokapitalistischer Antisemitismus, in: Krisis Nr. 16/17 1995, auf exit-online.org. Trad. port.: As Metamorfoses do Yuppie Teutónico, online: http://www.obeco-online.org/roswitha_scholz29.htm
Scholz, Roswitha: Differenzen der Krise – Krise der Differenzen. Die neue Gesellschaftskritik im globalen Zeitalter und der Zusammenhang von »Rasse«, Klasse, Geschlecht und postmoderner Individualisierung [Diferenças da crise – crise das diferenças. A nova crítica social na era global e a conexão de "raça", classe, sexo e individualização pós-moderna], Bad Honnef, 2005.
Scholz, Roswitha: Homo Sacer und »die Zigeuner«. Antiziganismus – Überlegungen zu einer wesentlichen und deshalb »vergessenen« Variante des modernen Rassismus, in: exit! – Krise und Kritik der Warengesellschaft Nr. 4, Bad Honnef 2007, auf exit-online.org. Trad. port.: Homo sacer e os ciganos, Lisboa, Antígona, 2014.
Scholz, Roswitha: Das Geschlecht des Kapitalismus. Feministische Theorien und die postmoderne Metamorphose des Patriarchats, Bad Honnef 2011 zuerst 2000. Trad. port. parcial: O sexo do capitalismo. Teorias feministas e a metamorfose pós-moderna do capital, online: http://www.obeco-online.org/livro_sexo_capitalismo.htm
Scholz, Roswitha: It’s the class, stupid!? – Degradierung und Deklassierung und die Renaissance des Klassenbegriffs, 2020, auf: www.exit-online.org. Trad. port.: It’s the class, stupid? Desclassificação, degradação e renascimento do conceito de classe, online: http://www.obeco-online.org/roswitha_scholz34.htm
Stortchilov, Anton: Solidarität statt Mitleid [Solidariedade e não compaixão], freitag.de vom 13.6.2020.
Urban, Andreas: Es muss wieder gestraft werden – Zur Rückkehr des repressiven Strafrechts in der Krise der Arbeitsgesellschaft [Tem de se punir novamente – Sobre o regresso do direito penal repressivo na crise da sociedade do trabalho], 2018, auf exit-online.org.
Original Frauenkampf = Klassenkampf als Antwort auf die fundamentale Krise? Geschlecht wieder einmal als Nebenwiderspruch!? Eine Kritik des Manifests »Feminismus für die 99%«. Publicado em www.exit-online.org em 6.1.2021 com seguinte nota: “Originalmente, este texto deveria ter saído impresso na exit! nº 18. No entanto, por razões de espaço, é publicado apenas online”. Tradução de Boaventura Antunes