Convite para o Seminário da Exit! de 17-19.11.2006 em Haus Düsse

A CRISE E AS "NOVAS" TENTATIVAS DE INSTITUIÇÃO DE SENTIDO

Caros/as amigos/as

Os anos 90 foram o tempo da love parade, dos picos bolsistas, da New Economy, dos singles e das festas. O neoliberalismo tinha atingido o seu ponto alto, o capitalismo era considerado inultrapassável, após a queda do bloco de Leste. Guerras civis por todo o mundo, o colapso dos "pequenos tigres" e a "nova pobreza" crescente não pareciam fazer-lhe qualquer mossa. No primeiro decénio do novo milénio, porém, o ambiente alterou-se. A sociedade de divertimento chegou ao fim. O 11 de Setembro, as guerras do ordenamento mundial, o descalabro social e os novos desaforos no seguimento do Hartz-IV – para mencionar apenas algumas palavras-chaves – assinalam um novo estádio e uma nova qualidade da crise. Quanto maior se torna a ameaça e quanto mais os indivíduos ficam entregues a si próprios (chavão: precariedade), mais se procura amparo recorrendo-se novamente a conceitos conservadores, como religião, família, solidariedade, nação/Alemanha, entre outros, mas também à tradicional luta de classes de esquerda, ou seja, a espectativas de socialismo e ideias de auto-organização cooperativa. Neste seminário queremos ocupar-nos, fazendo-lhes a crítica da ideologia, com algumas dimensões destas "novas" tentativas de instituição de sentido, como reacção à crise que se agudiza.

Programa:

SEXTA-FEIRA, 17.11.

Chegada a partir das 16.00

18.00 – 19.00 Jantar

19.00 – 21.30 SENTIDO DA VIDA E RELIGIÃO DO QUOTIDIANO (MARTIN DORNIS/CARSTEN WEBER)

Sob as condições do patriarccado produtor de mercadorias, as acções quotidianas dos indivíduos autonomizam-se e constituem face a eles um poder independente, não dominável. Isso repercute-se na sua acção quotidiana, como uma "religion of every day’s life" (Marx), como necessária falsa consciência do quotidiano. As religiões do quotidiano são formas de consciência que estruturam o pensar e o agir quotidianos e proporcionam à sociedade existente uma aparência de normalidade. Tais ideias vêm ao encontro do inconsciente androcentricamente pré-estruturado.

Além disso deve ser empreendida, como segundo ponto de interesse, uma reflexão crítica sobre as diversas construções de um sentido de vida como projecto de existência. Num entendimento crítico, este conceito revela-se como intimamente ligado à religião do quotidiano. É precisamente num projecto de vida supostamente autónomo que se julga que a individualidade do sujeito autêntico se deverá manifestar.

Na modernidade, no processo da dissociação social e da constituição paralela de uma relação entre sexos hierárquica e assimétrica, constituiram-se em primeiro lugar construções de sentido de vida completamente diferentes para homens, por um lado, e para mulheres, por outro. Tais construções há anos que caíram em declínio, na senda do processo de crise.

A apresentação ocupa-se, portanto, como ponto principal, com o crescente impasse das sempre novas construções do sentido da vida, que alastram como resposta à consciência da crise instalada à sua volta.

SÁBADO, 18.11.

10.00 – 12.30 SOBRE A NORMATIVIDADE DE SER BRANCO – CONSTRUÇÕES DA RAÇA NA CRISE? (ESKE WOLLRAD)

Na senda das análises desconstrutivistas, foram atingidas pela crítica não apenas normatividades, como a masculinidade e a heterosexualidade, mas cada vez mais também a de ser branco. Particularmente a elaboração teórica pós-colonial problematiza a continuidade dos processos de racificação, que colocam o ser branco como assinatura para ser alemão, como normal e portanto como normativo. Ser branco, enquanto norma, significa que na Alemanha a cor da pele indica continuamente a nacionalidade, o país ou a condição de estrangeiro e, supostamente, indica também quem pretence ou não pertence aqui.

A Dra. Eske Wollrad, oradora convidada, na sua apresentação lança um olhar sobre os fundamentos da pesquisa alemã do ser-se branco e demonstra que impulsos estes fundamentos podem dar o trabalho de esquerda anti-racista. De resto trata-se da questão de saber se o advento da pesquisa crítica do ser-se branco poderá ser valorizado como índice para uma crise das construções de raças.

12.30 Almoço

15.00 – 17.30 O KIT PARA O SUJEITO DA CONCORRÊNCIA. O CARÁCTER AFIRMATIVO DO CONCEITO DE SOLIDARIEDADE (FRANK RENTSCHLER)

Que a subjectividade burguesa da concorrência pode ser suplantada num processo de solidariedade é uma suposição que se encontra frequentemente ainda hoje na esquerda. Contudo, se forem consideradas historicamente as relações colectivas que passam por solidárias, estas estão marcadas por mecanismos de exclusão profundamente abrangentes (quer se trate da solidariedade operária, civil ou internacional). Mostrar-se-á, por isso, em controvérsia com Hauke Brunkhorst, que a solidariedade designa apenas o mínimo (historicamente variável) dos acordos sociais conscientes na esfera política, e com isso não rompe a conexão social pressuposta dos indivíduos da concorrência. Aqui incluem-se também as críticas feministas ao conceito de solidariedade e às estruturas de associação masculina que lhe estão associadas, desenvolvendo, contudo, estas perspectivas de forma que lhes seja feita justiça criticamente, na crise de ideias afirmativas de solidariedade (como, por exemplo, no que concerne à família, no livro "Minimum" de Frank Schirrmacher).

18.00 Jantar

19.00 – 21.30 Assembleia Geral da Associação Exit!

DOMINGO 19.11.

10.00 – 12.30 O MAL-ESTAR NA TEORIA. DA RAZÃO INSTRUMENTAL DA ESQUERDA À METAFÍSICA DO QUOTIDIANO DA ESQUERDA (ROBERT KURZ)

O telos imanente da teoria crítica é a radical revolução prática das relações. Para não perder de vista este objectivo, contudo, a teoria crítica tem que ser tomada a sério como forma autónoma da praxis social. A questão "Que fazer?", no sentido de uma orientação para a acção imediata, ameaça de facto fazer malograr a relevância prática da reflexão teórica. Sob o diktat da falsa imediatez de uma pretensão de Praxis, a teoria crítica transforma-se em razão burguesa instrumental e androcêntrica, como era notório para o marxismo do movimento operário sob o signo da "modernização atrasada". Hoje, após o fim do movimento operário, surgem na esquerda conceitos de substituição na mesma base ontológica. Num tempo em que os movimentos sociais sem real poder de intervenção se mantêm, como sempre até aqui, limitados à praxis simbólica, e se apropriam daquela predisposição de esquerda para a pseudo-actividade, por maioria de razão as mediações entre reflexão e acção correm o risco de ser feitas desaparecer. Pretende-se demonstrar como o chavão da "apropriação" se perverte em frase e nem sequer atinge o plano da socialização capitalista. Neste contexto, a ideologização da Praxis surge como metafísica de esquerda do quotidiano mundial e da vida mundial, enquanto simultaneamente ocorre uma "teologização" pós-moderna da crise e da crítica ("kairos", "evento" etc.). Contra isso, trata-se de manter a tensão entre a teoria crítica e as possibilidades de acção prática, no processo de uma "contramediação" histórica.

12.30 Almoço. Saída

Custos do Seminário

Variante A

2 noites com pensão completa

Em quarto individual com duche e WC

+ Inscrição

Total: 105,00 Euro

Variante B

2 noites com pensão completa

Em quarto duplo com duche e WC

+ Inscrição

Total: 90,00 Euro

Variante C

Apenas participação no seminário

Inscrição 15.- Euro

Efectuar os pagamentos por transferência bancária para a seguinte conta:

Kritische Gesellschaftsw. e.V

446551466

BLZ 44010046

Postbank Dortmund

Preços especiais para o seminário podem ser pedidos para o mail seminar + @exit-online.org (por favor retirar manualmente o sinal mais e juntar as duas partes do endereço)!

INSCRIÇÃO:

Per E-mail: seminar + @exit-online.org (por favor retirar manualmente o sinal mais e juntar as duas partes do endereço)

Per correio:

Verein für kritische Gesellschaftswissenschaften

c/o Carsten Weber

Postfach 4322

49033 Osnabrück

Roswitha Scholz pela Redacção

LOCALIZAÇÃO E ACESSO A HAUS DÜSSE

http://www.duesse.de/anfahrt.htm

Original Einladung zum Exit!-Seminar vom 17. – 19. 11. 2006 im Haus Düsse - KRISE UND SINNSTIFTUNG in: www.exit-online.org, 04.11.2006

http://obeco.planetaclix.pt/

http://www.exit-online.org/