CONVITE PARA O SEMINÁRIO exit! 2018

 

DE 5 A 7 DE OUTUBRO, EM MAINZ

 

 

CLASSE E QUESTÃO SOCIAL

 

 

 

Desde meados da década passada, tem havido um renascimento de Marx, que ganhou força desde o crash financeiro de 2007/8. Nos últimos anos, surgiram muitas publicações tendo por tema o fim do capitalismo, referindo-se frequentemente a Marx. Na esteira desse novo entusiasmo com Marx, também o Marx da velha luta de classes alcançou novas alturas, apesar de todas as distorções na estrutura social das últimas décadas. Particularmente após a viragem à direita na primeira metade da década de 2010 (por exemplo, Pegida, AfD, eleição de Trump...) volta-se a falar novamente cada vez mais de "sociedade de classes", colocando neste contexto a "questão social". Embora a questão das classes nunca tenha sido completamente abandonada, mesmo na época alta da pós-modernidade, hoje está francamente em alto voo, pretendendo-se que uma (exagerada) tematização do racismo e do sexismo deveria ter sido a culpada de esta questão ter sido negligenciada. Oliver Nachtwey escreve: "De uma maneira muito contraditória, pelo menos a refutação de Marx é refutada. Em sentido amplo, a sociedade de classes no sentido de Marx surgiu apenas agora ... A exclusão da propriedade dos meios de produção implica uma assimetria fundamental de poder e distingue os trabalhadores dos capitalistas ... O conceito de classe de Marx é neste sentido hoje bastante relevante, pois nunca antes tantas pessoas dependeram do salário, principalmente porque não têm meios de produção ... Mas não se pode falar de uma sociedade de classes dicotómica, como Marx e Engels a profetizaram...". Em vez disso, a crítica da dissociação-valor afirma que o trabalho abstracto e as relações de classe se tornam obsoletos na crise fundamental, aumentando mais que nunca as desigualdades sociais, as marginalizações e as exclusões no "colapso da modernização", as quais, no entanto, já não podem ser compreendidas com as categorias da classe. Por isso, o seminário da exit! deste ano focará o tema "classe e questão social".

 

 

Sexta-feira, 5 de Outubro, 19:00-21:30

Leni Wissen: História da assistência aos pobres

O 'trabalho', como forma de actividade central no capitalismo, implica uma relação especial com o não-trabalho. A relação entre 'trabalho' e 'não-trabalho' é decisiva para a estruturação das relações sociais. Isso reflecte-se no relacionamento com a pobreza, como mostra um olhar sobre a história da assistência aos pobres. Com o surgimento da sociedade da dissociação-valor, começou a impor-se a distinção entre pobres dignos, ou seja, trabalhadores, e indignos, ou seja, não trabalhadores, que moldou decisivamente a formação do sistema social emergente. A história da assistência à pobreza está intimamente ligada à história do anticiganismo. Pois, no anticiganismo, discriminação social e racial estão inextricavelmente ligadas. Perante as tendências de asselvajamento geral, na sequência da dinâmica de crise pós-moderna do capitalismo, um anticiganismo estrutural '(Roswitha Scholz) parece francamente apresentar-se como processamento da crise para uma classe média em queda, e tem de ser pensado como o ruído de fundo também para a reestruturação do Estado social no capitalismo em decadência, como se verá exemplarmente no "Estado social activador" na Alemanha.

 

 

Sábado, 6 de Outubro

 

10:00-12:30

Roswitha Scholz: Its the class, stupid!?

Degradação, desclassificação e o renascimento do conceito de classe

Pelo menos desde a eleição de Trump e o surgimento da AfD e dos Pegida, a questão das classes está novamente na boca de toda a gente. Assim, o operariado industrial ajudou à vitória de Trump, que terá sido o mais votado nos sectores industriais. Em grande parte da esquerda parece que isto foi visto com franco  deleite: Finalmente, aí está de novo a boa velha luta de classes, que fora posta a vegetar por muito tempo, de certo modo como contradição secundária, pelas dimensões da desigualdade "raça" e género. Parece haver uma necessidade primordialmente de esquerda de pretender forçar as estratificações sociais a um esquema de classes.

Se as teorias de desigualdade social, desde a década de 1980, foram remetidas para uma via secundária pela tese da individualização de Ulrich Beck e pelas teorias sobre milieu, subcultura e estilo de vida, na década de 2000, não em último lugar na sequência de "Hartz IV", surgiram discussões sobre a queda ou o medo da queda do centro. Entretanto, agora, retorna-se amplamente ao diagnóstico de uma sociedade de classes, ainda que sob novas vestes. As publicações sobre este assunto são entretanto tão numerosas que o problema é a escolha. Na minha apresentação optei, por um lado, pela abordagem de Oliver Nachtwey, que, na revisão da hipótese de Beck "Para além de classe e camada", que foi determinante na década de 1980 nas ciências sociais e não só, chega à conclusão de que a sociedade de hoje é uma "sociedade em declínio", no contexto de relações de classe modificadas; por outro lado, visei as considerações de Ulf Kadritzke sobre o suposto "centro mito", entre elas, como lamenta o subtítulo de seu livrinho "A eliminação da questão das classes", o facto de, como se diz, a classe média ter sido o campo preferido de estudo desde meados da década de 2000. A minha tese central aqui continua a ser que o conceito de classe, por muito modificado que seja, não é adequado para perceber as disparidades e exclusões sociais na fase avançada do "colapso da modernização".

 

15:00-17:30

Andreas Urban: Vigiar e punir 2.0

O regresso ao direito penal repressivo na crise da sociedade do trabalho

Com o amadurecimento da "contradição em processo" (Marx) está à vista que a crescente crise da sociedade capitalista do trabalho produz, também neste país, tendências de precarização e empobrecimento, hoje ainda dificilmente visíveis. Daí resulta, inerente ao sistema, a necessidade mas também, obviamente, a dificuldade de administrar politicamente a miséria que grassa entre a população. Um instrumento essencial para isso sempre foi e continua a ser hoje o direito penal. Não é por acaso que a "punição dos pobres" (Loïc Wacquant) ganhou atenção crescente nos últimos anos na criminologia académica e na sociologia criminal, e em toda a parte é diagnosticada uma "viragem punitiva" (David Garland) do direito penal isto, no entanto, sem situar essas tendências em termos de teoria social na crise fundamental da sociedade do trabalho, para assim poder explicá-las suficientemente.

Nesta apresentação, portanto, serão feitas algumas reflexões sobre a conexão entre a crise do trabalho e o actual retorno do direito penal repressivo. Depois de um esboço histórico do surgimento e desenvolvimento do moderno sistema penal, da fase de implantação à "idade de ouro" (Hobsbawm) do capitalismo no pós-guerra, serão esclarecidos mais detalhadamente alguns aspectos do presente retorno do direito penal repressivo. Aqui se incluem, designadamente, o aumento da população prisional em praticamente todos os países industrializados ocidentais, o abandono tendencial do princípio da ressocialização a favor de um mero sistema carcerário (veja-se a actual tendência para a prisão preventiva), a viragem da política criminal para a "segurança interna" e a legislação de segurança com isso relacionada, bem como cada vez mais medidas públicas de vigilância, incluindo a criação do chamado "direito penal do inimigo", que resulta, de facto, na privação do direito de certas camadas da população.

 

19h00

Assembleia Geral da Associação Exit!

 

 

Domingo, 7 de Outubro

 

10:00-12:30

Círculo de leitura exit! de Hamburgo: Rendimento básico incondicional e crítica da dissociação-valor

De todas as diferentes áreas da sociedade global, até dos contextos de esquerda e feministas, ergue-se há mais de uma década a reivindicação de um rendimento básico incondicional (RBI). Após uma breve visão geral do programa e das reivindicações dos diferentes actores sociais e das suas intenções teóricas, será em primeiro lugar colocada a questão de saber se o RBI pode constituir uma resposta ao crescente apartheid social, a Hartz 4, à decadência de crise ou às mais recentes inovações processuais digitais, com as suas iminentes perdas de empregos. Depois disso, seria preciso perguntar: seria possível um RBI e como seriam as avaliações do impacto de uma tal experiência?

Após tal análise crítica das ideias e modelos, bem como da questão das possibilidades de realização e das suas consequências, será abordada a questão de possíveis pontos de partida da ideia, também contida na temática RBI, de uma segurança de vida sem condições prévias. Poderiam ser produzidas por uma crítica categorial da socialização da dissociação-valor ligações a esta ideia de "incondicionalidade" numa vida sob condição de financiamento? Por outras palavras: Teria a "incondicionalidade" também o potencial de transcender criticamente a forma do dinheiro e de ser considerada materialmente, ou, no RBI, será a ligação a uma incondicionalidade do "rendimento" completamente individualizado, da existência e da remuneração social apenas uma tentativa de perpetuar a forma do valor e da dissociação no processo da sua decadência histórica de crise? Se ainda houver tempo para isso, será então de discutir depois a questão do entendimento da crítica da dissociação-valor sobre as lutas pela distribuição e os conflitos sociais inevitáveis no futuro da economia global em desintegração.

 

 

 

Local do seminário

 

Jugendherberge Mainz

Otto-Brunfels-Schneise 4

55130 Mainz

Telefon 06131/85332

mainz@diejugendherbergen.de

http://www.diejugendherbergen.de/jugendherbergen/mainz/mainz/portrait/

 

Acessos

 

De comboio:

Mainz é estação ferroviária Intercity e Eurocity. A partir da estação, linhas de autocarros 62 e 63 em direcção a Weisenau-Laubenheim, paragem "Am Viktorstift/Jugendherberge".

 

De carro:

No anel viário A60 Mainz-Darmstadt, saída em Weisenau/Grossberg em direcção a Innenstadt/Volkspark.

 

Custos por pessoa com alojamento e alimentação, de Sexta a Domingo:

Quarto com quatro camas com duche/WC: 80 euros (40 lugares)

Quarto individual com duche/WC: 110 euros (10 lugares)

Por favor não transferir antecipadamente, mas trazer dinheiro.

 

Participação apenas no seminário: 15 Euros.

Participação apenas no seminário com pensão completa: 30 Euros.

 

Há 50 lugares disponíveis.

 

Quem não pretender alojamento, mas apenas algumas refeições, indique por favor quais no momento da inscrição (pequeno-almoço, almoço, café da tarde, jantar).

 

Aos participantes que não queiram ficar na pousada pedimos para procurarem um alojamento externo. O gerente de pousada da juventude indicou-nos o Hotel Stiftswingert (em Stiftswingert 4, Tel 06131-982640) e o Hotel Ibis (Junto à Südbahnhof; Holzhofstr 2, Tel 06131-2470); o centro de conferências é facilmente acessível a pé a partir de ambos; há que contar com custos de cerca de 50 por noite.

 

Desconto: quem tiver dificuldade no pagamento não deve desistir do seminário, mas colocar o problema no acto da inscrição para se conseguir um desconto.

 

Inscrição

Indicar no acto da inscrição a eventual opção por comida vegetariana.

Por E-mail: seminar + @exit-online.org (por favor retirar manualmente o sinal + e os espaços antes e depois dele).

Por correio: Verein für kritische Gesellschaftswissenschaften, Heiko Gebauer, Buddestraße 16, 33602 Bielefeld.

 

 

Roswitha Scholz pela redacção da exit!

 

 

 

Original Einladung zum exit!-Seminar 2018, 5.–7.10.2018 in Mainz, Klasse und soziale Frage, in: www.exit-online.org.

http://www.obeco-online.org/

http://www.exit-online.org/