subordinado
ao tema "O ESTADO E A CRISE".
Programa
e inscrições
Programa
do encontro de círculos de leitura e discussão da crítica do valor
10/11
de Setembro de 2009, Enkenbach/Palatinado
10 Setembro de 2009
Chegada e jantar
À
noite até??? Contactos pessoais livres
11 de Setembro de 2009
Pequeno-almoço
Manhã:
Seminário
com Claus Peter Ortlieb: "A ciência positiva como ideologia"
Apresentação do tema:
O positivismo como mainstream epistemológico determina a imagem que a ciência moderna tem de si própria. Reivindica para si o abandono da metafísica e ainda assim simplesmente não consegue reconhecer a metafísica subjacente a si próprio, e muito menos reflectir sobre ela, porque esta se situa fora do ângulo de visão por si considerado cientificamente admissível. Determinadas questões são tabuizadas como "falsos problemas" (Carnap) pertencentes à "infância do desenvolvimento do espírito" (Comte) e simplesmente não voltam a ser colocadas. Só deve continuar a ser admitida uma metodologia que se orienta por "factos" observáveis, alegadamente tomada de empréstimo das ciências da natureza, mas cujo procedimento nem sequer é descrito adequadamente. Neste âmbito perde-se completamente de vista o papel activo do sujeito (masculino) historicamente específico, o qual cria primeiramente, no processo de conhecimento científico, os factos que, afinal, se pretende constituírem o único critério da verdade.
A
falta de auto-reflexão a ela associada, bem como a irreflectida prioridade do método
face ao objecto, tornam ideológica a ciência positiva. As consequências são
graves: as palas auto-impostas conduzem, nas ciências naturais, à falsa ou
falta de consciência da própria acção, bem como dos seus pressupostos e
limitações. Elas barram à ciência social a visão crítica sobre o seu próprio
objecto, a saber, a sociedade moderna como um todo.
Almoço
Tarde:
Troca de experiências e recolha de ideias, tais como:
Funcionamento
dos círculos de leitura e discussão
Metodologia
de recepção e discussão
Dificuldades
na recepção e na transmissão da teoria
Conquistar
novos membros – sim ou não e, se sim, como?
Maior
publicidade para a crítica do valor – O que podemos fazer?
Interligação dos círculos de leitura e discussão – sim ou não e, se sim, como?
Nota sobre o encontro de círculos de leitura e discussão para outros interessados ainda não inscritos:
Inscreva-se
por favor junto de Uwe Stelbrink em Berlim (u.stelbrink@aey-congresse.de)
O
dia do encontro dos círculos de leitura não envolve quaisquer custos
(alojamento, refeições).
CONVITE
PARA O SEMINÁRIO EXIT! 2009
DE
11 A 13 DE SETEMBRO, EM ENKENBACH/PALATINADO
O
ESTADO E A CRISE
Caros
amigos, caras amigas
Este ano o nosso seminário público terá lugar, como anunciado, novamente em Enkenbach, no Palatinado, (ver itinerário abaixo); desta vez é dedicado ao tema actual “O Estado e a crise”. O papel do Estado tem de ser submetido a um exame mais detalhado na análise e elaboração teórica da crítica da dissociação e do valor. Esta tarefa vai continuar a ocupar-nos. O seminário pretende tratar, em primeiro lugar, de alguns aspectos desta temática em conexão com a actual crise económica mundial. O fim abrupto da era neoliberal proporcionou ao Estado um inesperado renascimento, em que as antigas atribuições de omnipotência da "regulação" estatal renascem alegremente das cinzas; mesmo que apenas sob a forma de um novo keynesianismo de crise. Desde o Outono 2008, após o colapso do Lehman Brothers, a crise financeira mundial e a quebra drástica na economia mundial, com a ameaça de falência ou falência efectiva de grandes conglomerados empresariais como a GM, os pacotes de salvamento e os programas de apoio à conjuntura económica são considerados o imperativo do momento. Após um longo período em que a competência do Estado, como lacaio "do mercado", se limitou a medidas de desregulamentação, agora ele tem de ser novamente chamado para pôr as coisas na ordem.
Esta opção de novo requentada tem em si algo de desesperado, porque não pode esconder o facto de a capacidade de intervenção estatal ter esbarrado nos seus limites em simultâneo com o fim da era fordista-keynesiana. O "dinheiro do Estado" não domina a crise, apenas a eleva a um nível diferente. Neste contexto também há que ter em conta a dessincronização histórica do desenvolvimento capitalista. Enquanto o Estado dos centros ocidentais percorre até à data, no âmbito da crise, os processos de transformação sob a forma da administração do estado de emergência, a desintegração das estruturas estatais nas regiões periféricas do mundo ("Estados falhados") entrou numa nova fase. Este é um sério aviso também para os centros, como indicam as ameaças de bancarrota de alguns Estados na periferia da União Europeia.
No
próximo ano é de esperar um dramático agravamento da administração social
da crise e da pobreza, acompanhado de campanhas de "ética", com que o
Estado flanqueia ideologicamente as restrições sociais como "salvador da
justiça", tendo em vista a mobilização dos preconceitos populares. Isto
afectará também a administração de crise das relações de género, cuja
tematização crítica corre o risco de ser liquidada neste processo. Ao mesmo
tempo o lado objectivo da crise levanta a questão do estatuto económico do
Estado, especialmente na política monetária. Nesta questão se decidirá a
posterior evolução da crise, quando os pacotes de salvamento e os programas de
apoio à conjuntura económica já não desembocarem numa renovada retoma
“auto-sustentada” da produção de mais-valia real.
Sexta-Feira,
11 de Setembro: chegada às 16 horas
19:00 A administração estatal da crise em França (Bernard Schmid, Paris)
A
França é geralmente conhecida entre a esquerda alemã como um país em que
existem movimentos sociais de protesto relativamente fortes com o apoio dos
sindicatos. No passado também conseguiram muitas vezes alcançar resultados
palpáveis, pelo menos no que diz respeito à contenção da degradação das
condições sociais. Desde a eclosão da mais recente crise, no entanto, também
em França os sindicatos parecem ter ficado mudos e remeter-se voluntariamente a
uma posição defensiva. Embora a disponibilidade para a resistência social
fosse inicialmente elevada, ela foi desperdiçada em "manifestações-passeios"
sem qualquer efeito de pressão e às quais vinham cada vez menos pessoas.
Entretanto a mobilização ideológica em torno da crise é promovida não pela
oposição social, mas pelo "omnipresente" omnipresidente Nicolas
Sarkozy. Um dos seus mais importantes anúncios consiste em contrair um gigantesco
"empréstimo" estatal junto da população, a fim de financiar
projectos de infra-estruturas. Este empréstimo, que segundo a crítica de
peritos burgueses ficará mais caro ao Estado do que um empréstimo obtido nos
mercados financeiros, visa mobilizar ideologicamente a população para a
"política de dominação da crise", na medida em que adianta dinheiro
ao "seu" Estado, até com expectativas de lucro e, portanto, investe
"confiança" nele. Este projecto, que obedece a imperativos mais ideológicos
do que económicos, parece, no entanto, marcar passo. Apenas uma minoria de
"remediados", que nos últimos anos tinha beneficiado das reduções
de impostos de Sarkozy, espera agora novas oportunidades de investimento "à
prova de bomba".
21:30 Programa cultural com Jürgen Lodemann
Jürgen
Lodemann, nascido em 1936 em Essen, escritor e guionista, autor de romances como
entre outros "Essen Viehofer Platz [Praça do curral em Essen]", tendo
editado "O grande erro. As memórias do homem membro do NSDAP [Partido
Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães] Friedrich Lodemann", lerá
partes do seu último romance, "Paradies, irisch [Paraíso, irlandês]"
(2008). O romance, entretanto descoberto e altamente aclamado pela crítica,
combina história(s) social(ais) e humana(s), situando-se cronologicamente em
meados do século XVI e geograficamente na cidade irlandesa de Galway – um
romance de especial interesse para nós, pois nele há a discernir uma grande
parábola literária sobre o processo de substituição das relações
fetichistas pré-modernas e as consequências destrutivas das categorias da
socialização do valor. Para saber mais sobre o autor: www.juergen-lodemann.de
Sábado,
12 de Setembro
10:00
Com
a ética contra a crise (Hanns v. Bosse, Kaiserslautern)
Não
surpreende que o tratamento da crise tenha assumido na consciência dominante a
forma de um discurso moral. Julga-se novamente em ascensão um ramo de negócio
que tem imputado sempre todos os males do mundo ao facto de não lhe terem
querido dar ouvidos: a ética na economia. Após as suas tentativas anteriores
de levar directamente a moral aos "tomadores de decisões na economia"
(ética empresarial!) não terem sido propriamente coroadas de êxito, ele
coloca agora as suas esperanças redobradas no Estado: este, como guardião dos
"valores" e garante do bem comum, deve aproveitar a "janela de
oportunidade para um capitalismo de rosto humano" e assegurar que se ponha
termo ao egoísmo desenfreado, à ganância e à irresponsabilidade galopante, e
que "a nossa economia" seja recordada da sua verdadeira incumbência,
a saber, servir "as pessoas". E o Estado não se fará rogado; no
entanto, ele interpretará essa tarefa à sua maneira própria e inculcará aos
cidadãos em particular as virtudes especialmente exigidas pelo “bem comum”
na sua forma capitalista, e mais ainda em tempos de crise. A comunicação
tentará pôr em evidência o núcleo profundamente anti-emancipatório de todo
este discurso moral e mostrar onde irá inevitavelmente acabar a "moralização
do mercado" sob a égide do Estado.
13:00 Almoço
15:00 A mudança da dominação política na crise. Vantagens e limites das análises da transformação estatal (Frank Rentschler, Marburg)
A visão do Estado nas análises da crítica da dissociação e do valor tem sido até agora definida principalmente por uma perspectiva de decadência. Devido às dessincronizações, no entanto, esta abordagem não é suficiente; assim, não se podem simplesmente generalizar, por exemplo, observações feitas na ex-Jugoslávia (pelo menos por enquanto). Daí que continuem a justificar-se abordagens a partir não da decadência, mas da transformação do Estado (como é, por exemplo, o título de um livro de Michael Felder). Nesta palestra serão abordadas tais análises da transformação. Elas situam-se em vários planos. O primeiro é o plano da técnica de governo, onde se constata o abandono do envolvimento dos sujeitos através de processos de negociação cooperativista de direitos de grupo (o government clássico), a favor do controlo e organização indirectos da exclusão, através das referências de economia empresarial (governance). O segundo plano refere-se à mudança institucional que decorre em paralelo, em que entidades que eram de direito público são transformadas em private public partnerships [parcerias publico-privadas], o que vem de par com novos modelos de burocratização (new public management [nova gestão pública]). O terceiro plano diz respeito às consequências para a subjectividade jurídica. O conjunto é acompanhado por uma erosão dos direitos cívicos (o que, em textos sobre o tema, é apodado de crise da democracia), uma vez que o estatuto jurídico entra em estrito curto-circuito com o conceito de cliente. Também a exclusão racista e sexista tem alguma importância em todos os planos. Finalmente será mostrado que uma referência positiva à democracia não constitui um ponto de vista adequado da crítica aos processos descritos.
18:00 Jantar
19:00
Assembleia-Geral da Associação EXIT!
Domingo, 13 de Setembro
10:00 O Estado da economia e a economia do Estado (Robert Kurz, Nuremberga)
O termo "economia política" remete para a origem comum do Estado moderno e da moderna socialização capitalista do valor. No discurso marxista, o que estava em causa era, antes de mais, a relação do Estado com os sujeitos sociais de classe e suas relações de vontade; da suposição de um Estado neutro (social-democracia), passando pelo conceito de "comité executivo dos negócios da burguesia" (Engels), até um entendimento como expressão de "relações de forças" variáveis (Poulantzas). Tanto na teoria do Estado positiva, social-democrata, como na teoria do Estado negativa, crítica, o Estado é considerado como instância de dominação das crises relativamente à valorização do capital, desde a teoria do "capitalismo organizado" (Hilferding), passando pelo "estatismo integral" (Horkheimer), até ao politicismo pós-operaista. Do ponto de vista da crítica da dissociação e do valor, o Estado poderá ser considerado como instância socialmente sobrejacente do "sujeito automático", que não serve qualquer interesse social determinado, mas sim a lógica autonomizada da valorização como tal – mas que deste modo também permanece dependente desta, inclusive no seu carácter androcentricamente universalista. Quando Marx define o dinheiro e o Estado como os dois pólos da "generalidade abstracta", coloca no centro da questão da dominação da crise a relação entre intervenção do Estado e teoria monetária. No actual entrosamento entre a crise do crédito global, a crise da economia mundial e os pacotes estatais de salvamento, chega-se a um ponto culminante da contradição interna entre produção real de mais-valia e "soberania monetária" do Estado, num nível histórico novo. Pretende-se pôr em destaque este problema central da política estatal de crise no nível de desenvolvimento alcançado, que atinge também a relação de dissociação sexual, em clara demarcação das concepções correntes.
13:00 Almoço
16:00 Partida
Itinerário para o centro de congressos Haus Mühlberg (Tagungs- und Freizeitstätte der Ev. Kirche der Pfalz), em Mühlberg 17, 67677 Enkenbach-Alsenborn (Ortsteil Enkenbach), Tel.: 06303 – 2337:
Enkenbach
fica a cerca de 10 km a leste de Kaiserslautern, no troço ferroviário Bingen -
Kaiserslautern; pode-se vir directamente da linha do Reno (Koblenz - Bingen), ou
com transbordo em Kaiserslautern (aqui param também os ICEs da linha Mannheim -
Saarbrücken - Paris Est). Também de automóvel é muito fácil chegar a
Enkenbach: Na A 6 (Mannheim - Saarbrücken), saída para Enkenbach-Alsenborn 10
km a leste de Kaiserslautern.
Da
estação ferroviária chega-se à Haus Mühlberg em cerca de 10 minutos a pé:
saindo da estação à esquerda, na rua principal novamente à esquerda, após
uma passagem sobre a linha férrea e um cruzamento (onde há um elefante) a
cerca de 200 m está a casa no cimo do monte (Haus Mühlberg assinalada).
De automóvel, saindo da auto-estrada chega-se ao cruzamento com semáforos no centro da povoação; aí à direita ultrapassando a passagem sobre a via férrea e o cruzamento já referidos.
Custos
por pessoa com dormida e refeições, de sexta a domingo:
Quarto
duplo sem duche/WC (acessível no piso): 95 Euros
Quarto
individual sem duche/WC (acessível no piso): 100 Euros
Quarto
duplo com duche/WC privativo: 100 Euros
Poderá não haver disponibilidade de oferta para cada uma das três opções, pelo que os pagamentos serão efectuados apenas à entrada.
Participação apenas no seminário: 15 Euros.
Desconto: quem tiver dificuldade no pagamento não deve desistir do seminário, mas colocar o problma no acto da inscrição para se conseguir um desconto.
Inscrição: Por E-mail: seminar+@exit-online.org (por favor retirar manualmente o sinal +). Por correio: Verein für kritische Gesellschaftswissenschaften, Hanns v. Bosse, Am Heiligenhäuschen 68, 67657 Kaiserslautern.
Roswitha Scholz pela redacção da EXIT!
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