Thomas Meyer
O Homem e a Máquina – Reflexões sobre o Androcentrismo nas Ciências Técnicas
Introdução
Parece não haver nada mais controverso do que um exame crítico das ciências naturais e dos seus resultados tecnológicos. Na maior parte das vezes, os debates oscilam entre dois extremos.
Num pólo estão os "evangelistas da técnica". Para Kevin Kelly, que pode ser considerado um representante dessa orientação, o progresso tecnológico é uma necessidade inevitável e dotada de vontade própria (What Technology Wants é o título de um dos seus livros). O conjunto de toda tecnologia, a "técnica", força a vontade (inconsciente) do ser humano; o desenvolvimento técnico é a continuação da evolução biológica e será de concluir que, em princípio, toma o lugar de Deus. Qualquer questionamento da tecnologia e do empreendimento científico seria não só completamente inútil, mas também absolutamente blasfemo. No outro extremo do espectro há pessoas como John Zerzan, ou seja, os chamados primitivistas, que rejeitam a tecnologia como tal e querem seriamente voltar atrás da revolução neolítica (!), ou seja, voltar para uma sociedade (supostamente) igualitária de caçadores-recolectores.
O que ambas as posições têm em comum é que desconsideram a forma social em que as ciências e os seus resultados tecnológicos se movem. Nem a história da constituição da ciência moderna nem a historicidade da própria forma burguesa de sujeito são levadas em conta; pelo contrário, pode-se observar uma tendência para a antropologização. O resultado é assim uma afirmação ingénua ou agitativa, ou então uma negação tão ingénua quanto abstracta.
No entanto, se tomarmos em conta a determinação da forma fetichista do capitalismo e considerarmos os seus efeitos sobre as formas de conhecimento das ciências e sobre os seus resultados, combinados com a questão de como isto submete o ser humano e a natureza ao seu imperativo de valorização, então podemos, em princípio, desvendar porque é que as ciências e as tecnologias sofreram precisamente a forma e a implementação que conhecemos hoje. Devem ser consideradas como determinadas pela forma, ou mesmo envenenadas pela forma, o que não significa, contudo, que o seu conteúdo seja absorvido na forma que lhes é imposta. Com Robert Kurz, é bem possível admitir que o sujeito burguês inventou, concebeu e desenvolveu coisas que apontam para além da mesquinhez e da destrutividade do capitalismo, ou não estão necessariamente ligadas a ele, e poderão, portanto, ser usadas num mundo pós-capitalista. Mas tal não significa que isso seja uma justificação desse sujeito e da sua "preservação". Assim, para a produção de cerveja, as condições sociais e as hierarquias sociais, ou seja, a constituição fetichista pré-moderna da época, não são um pré-requisito inevitável. Ou seja, no sentido de que a fabricação de cerveja ficasse absorvida e ligada na constituição fetichista em que foi originalmente criada. Do mesmo modo, os legados do capitalismo devem ser julgados como "artefactos da história", para os quais "não existe uma definição geral inequívoca, mas apenas um processo de transformação, de selecção, de rejeição e de desenvolvimento ulterior, de penetração crítica sem positivação ou negativação absoluta." (Kurz 2004, 120s.)
Estes artefactos devem ser considerados caso a caso: Há casos em que a necessidade de abolição é bastante clara, como o transporte privado motorizado, (1) e outros em que é menos clara, como a biotecnologia. Esta ambiguidade reflecte-se no facto de que, na perspectiva actual, não seria fácil decidir se e como a biotecnologia poderá ser utilizada num mundo pós-capitalista.
Graças a esta abordagem, como sugerido na citação de Robert Kurz, não temos de culpar pela miséria e pelo sofrimento na modernidade directamente a tecnologia e as ciências, negando-as abstractamente como reacção ao sofrimento na modernidade, como foi ou é o caso em algumas críticas de esquerda ou de direita à tecnologia.
Assim, quando se trata de formular uma crítica a uma tecnologia ou ciência específica, é importante insistir em pensar o contexto social em que ela se situa. Isto significa que tem de ser considerado em particular o sujeito da pesquisa. Primeiro no plano da constituição geral do sujeito e da determinação da sua forma, através do movimento de valorização do capital e da dissociação sexual; depois, mais concretamente, em relação à situação histórica específica. Esta última inclui também a auto-imagem concreta, os ideais e objectivos da própria comunidade científica e a sua interdependência com a política. Por outras palavras, uma crítica da ciência e da tecnologia deve ser formulada no sentido de uma "totalidade concreta" (Roswitha Scholz).
Na minha opinião, Tanja Paulitz também adopta esta abordagem. Ao fazê-lo, recorre à crítica feminista da ciência e à sociologia do conhecimento. Examina em termos de análise do discurso o androcentrismo e a autocompreensão das ciências naturais modernas, ou mais precisamente das ciências naturais aplicadas, isto é, das ciências técnicas e de engenharia – primeiro a um nível mais geral, sobretudo ao nível da sociologia do conhecimento; depois em concreto historicamente, examinando o período de meados do século XIX até ao fim da República de Weimar, com um enfoque no tempo do Império Alemão. Suas principais fontes incluem as publicações e periódicos da VDI (Associação dos Engenheiros Alemães), ou seja, ela trata principalmente do discurso técnico correspondente. Os escritos dos protagonistas da cientificização da tecnologia e da engenharia, tais como Ferdinand Redtenbacher (1809-1863) e Franz Reuleaux (1829-1905), desempenham um papel particularmente importante neste contexto. A seguir, serão delineados, resumidos e discutidos aspectos essenciais (aqueles que na minha opinião são particularmente importantes) da materialmente rica investigação sobre a análise do discurso em "O Homem e a Máquina – Uma Sociologia Genealógica do Conhecimento do Engenheiro e das Ciências Técnicas Modernas 1850-1930".
Ciência técnica e androcentrismo
Como em outros estudos académicos, a autora lista as posições relevantes para este livro que trataram das ciências (naturais) em termos de sociologia do conhecimento e de análise da história, como George Canguilhem e Michel Foucault, incluindo teóricas feministas que criticaram o androcentrismo destas ciências e do iluminismo burguês, como Evelyn Fox Keller e Elvira Scheich. Nada disso será reproduzido aqui. (2) Apenas alguns dos resumos de Paulitz podem ser mencionados: Sabe-se, por exemplo, que, como Fox Keller apontou, no discurso científico (explicativo), as metáforas de género desempenham um papel (como em Francis Bacon). Estas pressupunham uma certa imagem da natureza e, portanto, também do género, com as correspondentes avaliações hierárquicas, e ao mesmo tempo que as reduziam. Diz Paulitz: "Metáforas de casamento, matrimónio ou reprodução [...], por exemplo, devem servir para explicar fenómenos completamente diferentes de uma forma pictórica. Deste modo, os textos académicos utilizam noções tradicionais de relações sociais de género que não são especificadas com mais precisão, sendo, em última análise, "de algum modo claras" e não consideradas como exigindo explicação. Tais metáforas ligadas ao género oferecem, portanto, possibilidades de classificação e interpretação dos objectos científicos aparentemente compreensíveis e não mais questionadas. [...] Neste sentido, analiso o conhecimento científico como uma construção social, em que os fenómenos de investigação científica são produzidos sob a forma de género e o género está simbolicamente envolvido na produção de campos, objectos e temas científicos. A construção neste contexto não significa que a invenção seja arbitrária. Pelo contrário, a construção refere-se a um significado social específico, historicamente cultivado, e a uma ordem que cria diferenciação. Esta última não representa simplesmente uma ordem natural, mas estrutura-a para uma sociedade historicamente situada […].” Isto significa "que o conhecimento científico não pode ser pensado isoladamente das condições e práticas sociais e, por outro lado, deixa claro que o conhecimento não pode ser reduzido a estruturas sociais nem determinado por elas. Ainda assim, interpretações poderosas do mundo são produzidas no conhecimento científico das sociedades modernas". (60s., destaque no original)
Segundo Paulitz, porém, um androcentrismo explícito não pode ser detectado nos textos do discurso especializado, já que "a relação de género não aparece no nível discursivo [...]". (162) Isto está principalmente ligado, como explica Paulitz, ao facto de que, em primeiro lugar, as mulheres não eram percebidas como concorrentes e, em segundo lugar, era de qualquer modo evidente que as mulheres não se encontravam nas ciências técnicas e de engenharia, sendo um discurso explícito, por assim dizer, supérfluo, e sendo o objectivo de muitos discursos naquela época precisamente tornar científica a engenharia ou a indústria, e propagar sua relevância cultural, ao mesmo tempo se distanciando da burguesia culta de Humboldt. Nesses discursos os engenheiros não se diferenciavam das mulheres (pois isso era desnecessário de qualquer modo), mas de outros homens ou masculinidades. É preciso, portanto, procurar muito, como observa Paulitz, até se encontrar um documento em que as mulheres apareçam. Mas se assim for, então é apenas casualmente, esporadicamente, como uma nota secundária, ou mais ou menos como uma piada de homens. Por exemplo, numa palestra pública em 1888 sobre "Máquinas para apoiar o trabalho das mulheres em casa", foi afirmado que o trabalho doméstico feminino "é fácil e serve em parte de entretenimento“ (!). (149s.) De acordo com Paulitz, não se pode falar de debates sérios e continuados. Isto também não mudou realmente quando o tema dos estudos das mulheres entrou na agenda. Ainda assim, alguns engenheiros expressaram as suas opiniões sobre se as mulheres são aptas para estudos universitários, especialmente para estudos de engenharia. Por exemplo, em 1897 Reuleaux escreveu que, embora reconhecesse as mulheres como tendo capacidades intelectuais adequadas, estava preocupado que as mulheres tivessem de trabalhar em "oficinas sujas". Sua conclusão no final do relatório, por outro lado, não deixa dúvidas na sua clareza: "Na minha opinião, o domínio das mulheres [...] é a casa, o lar, a família, a educação, a saúde [...] A vida intelectual, incluindo a criação intelectual, o trabalho e a luta pela vida é domínio dos homens.” (citado depois de Paulitz, 157)
Então, como lida Paulitz metodicamente com o facto de que declarações explicitamente androcêntricas são quase impossíveis de encontrar, estando ela realmente preocupada com o androcentrismo de toda uma corporação científica? Paulitz escreve: "Pelo contrário, a ausência do género como categoria de conhecimento nos discursos prova que as mulheres simplesmente não foram percebidas como parte do tema em discussão ou foram retiradas da percepção e, portanto, não passaram a ser vistas como potenciais actores. [...] Não é só se algo é dito e portanto manifestado no texto, mas também o modo como isso acontece e que lógica de discurso pode ser reconhecida que tem um papel considerável na interpretação do material dos dados. Além disso, provou ser decisiva para a análise precisamente a reconstrução das premissas não faladas [bem como] a detecção de lacunas sistemáticas possível com os meios de comparação por contraste, como, por exemplo, o que é problematizado e o que permanece incidental e não se torna um problema no discurso.” (163)
O engenheiro e a sua luta pelo reconhecimento
Engenheiros e publicistas como Franz Reuleaux estavam principalmente preocupados, como continua Paulitz, em enfatizar o significado cultural da tecnologia. Em termos concretos, tratava-se de colocar as escolas superiores técnicas em pé de igualdade com as universidades. A relevância prática da tecnologia e da engenharia foi propagada com o reconhecimento apropriado e em contraste com o "aburguesamento da cultura" tido como contemplativo e não-prático. Assim, pessoas como Ferdinand Redtenbacher aderiram a uma narrativa burguesa de progresso, com o objectivo de tornar a engenharia ou a indústria mais científicas; o ideal foi imaginado como um cientista que contribui neutra e distanciadamente para o progresso técnico da humanidade (ou dos alemães).
Por volta da viragem do século, diz Paulitz, uma narrativa diferente ganhou influência, representada principalmente por Alois Riedler (1850-1936). Sua imagem ideal de engenheiro não consistia mais numa certa frieza e desprendimento de um cientista de máquinas, mas o engenheiro deveria ser acima de tudo um homem de acção, mesmo um "homem de acção impiedosa (!)". Essa "força da acção em luta“ agitada por Riedler “aparece, mesmo além da tecnologia, como a receita real do sucesso na ‘luta pela existência’ [...]. As descrições pejorativas dos cidadãos educados como ‘intelectualmente crianças [...] da tranquila sala de estudo’, que se limitam à sua própria contemplação, são impressionantes. Ele nega literalmente a esses espíritos débeis o direito de serem ‘homens’.” (181). Quem não é prático já não conta como "homem", mas apenas como "humano". Na época de Riedler, na viragem do século, isso lançou as bases para o hábito do engenheiro moderno, que se caracteriza sobretudo pela praticabilidade e por uma propensão para o anti-intelectualismo (e, podemos acrescentar, por uma certa hostilidade à teoria) que ainda hoje pode ser facilmente encontrada nos círculos da engenharia.
Ao contrário da narrativa burguesa do progresso, Riedler antropologiza, no sentido da originalidade. Ele refere-se implicitamente "ao Romantismo, bem como à pesquisa contemporânea da pré-história". (201) Paulitz, de novo: "Na obra de Riedler, são definidos como essenciais um certo estado primordial e uma peculiaridade fundamental da técnica, que por sua vez derivam a sua especial legitimação da origem. [...] Esta [actividade de engenharia] é considerada mais constante em suas características básicas, como capacidade humana ancorada numa configuração natural. [...] Semelhantemente à abordagem de Herder determinando a essência da nação nas tradições orais da "cultura popular", Riedler quer explicar a verdadeira essência da criatividade técnica voltando às origens.” (201s.) Sem dúvida, tal procedimento é a-histórico. A revolução industrial e a conexa ruptura histórica ou um "possível salto qualitativo" são escamoteados. (202)
A importância da tecnologia para a cultura delineada por Riedler e outros tinha, como indicado por Paulitz, características antropologizantes, e ao mesmo tempo foi notada a importância para o presente, que consistia simplesmente no facto de que a Alemanha tinha que se provar a si mesma na competição internacional; por último, mas não menos importante, tratava-se também da "aquisição" de colónias, para as quais se tinha que estar apropriadamente equipado. Não é de admirar, pois, que Riedler, um firme apoiante do imperialismo alemão, considerasse os engenheiros como "forças valiosas" na "luta pela existência" imperial, que eram "capazes de liderar um ‘exército de trabalhadores’". (180s.)
Embora a importância da tecnologia para a cultura tenha sido frequentemente enfatizada, esta ideia universalista foi depois limitada, como já era conhecido do Iluminismo burguês. Para isso, as pessoas gostavam de olhar para o passado, como o mundo antigo, a fim de desvalorizá-lo em relação à era moderna: pessoas como Adolf Ernst (1845-1907), por exemplo, notaram que o mundo antigo "não se desenvolveu de acordo com a direcção ditada pela natureza, ou seja, no sentido de libertar o artesanato da propriedade ‘patriarcal’ dos camponeses e da escravidão". (197) De qualquer modo, segundo Paulitz, os discursos históricos aqui sugeridos mostram que eles "produzem uma espécie de des-historicização e naturalização da actividade de engenharia". (201)
Assim, pode-se concluir com Paulitz que os respectivos discursos de reconhecimento e justificação têm contextos históricos diferentes, dependendo da constelação histórica. Se primeiro se referiam a uma "modernização” e industrialização “atrasadas" (Robert Kurz), a situação no Império e particularmente por volta de 1900 era que os Estados capitalistas estavam em competição imperialista; numa divisão do mundo para a sua pilhagem, a Alemanha corria o risco de perder a oportunidade e, por isso, era exigida e justificada uma política colonial expansiva.
Historicamente, no entanto, não foi possível evitar que a cientificização ao serviço da indústria e do imperador exigisse uma certa padronização. Como Paulitz salienta, já era criticado por volta de 1900 que os estudos não deveriam tornar-se demasiado escolares (!). (211)
A naturalização da engenharia, já observada no trabalho de Riedler, intensificou-se ainda mais até à República de Weimar, como continua Paulitz, quando a racionalização do "scientific management" (mais tarde conhecido como Taylorismo ou Fordismo) estava na ordem do dia. A naturalização e a des-historicização intensificaram-se ao ponto de as pessoas falarem de uma pulsão para a actividade de engenharia. Como Enno Heidebroek (1876-1955) escreveu em 1927: "As forças misteriosas que criaram a funcionalidade mais perfeita, as formas mais perfeitas nas formações da natureza, também irradiam no poder criador do engenho humano, que nos é revelado na ideia técnica. Assim também o poder técnico criativo do ser humano é uma das pulsões mais originais e naturais, que funcionam porque têm de funcionar. Cada novo passo no desenvolvimento técnico significa apenas mais um passo para a solução perfeita imanente na natureza; cada nova forma destrói a antiga da qual cresceu; a compulsão à mudança é imparável, é o próprio princípio da tecnologia". (destaque no original, citado por Paulitz, 293)
Aqui se evidencia a compulsão do movimento de valorização do capital (que Paulitz, infelizmente, não menciona explicitamente). Heidebroek, porém, não critica isto, mas naturaliza-o. Hoje provavelmente já ninguém argumentaria com a pulsão, mas a ideia da naturalização no sentido da teoria da evolução, segundo a qual o desenvolvimento técnico é uma continuação da evolução biológica, está amplamente difundida. (3)
Ao mesmo tempo, segundo Paulitz, foi enfatizada a criatividade e a natureza especial do engenheiro. Assim, a actividade de engenharia é mais algo subjectivo, algo que não pode ou dificilmente pode ser aprendido. Não é, portanto, coincidência que o "poder criativo" do engenheiro estivesse relacionado com o do artista. Isto levou a uma aproximação entre engenheiros e artistas (até à vanguarda dos artistas). De acordo com Paulitz, o objectivo de tais discursos (alternativos) era que eles declarassem "os engenheiros talentosos [...] como sendo o recurso mais valioso do país", "que deve ser protegido". A metáfora da vida sugere implicitamente a associação de um espaço de vida adequado para os engenheiros, no qual, protegidos das imposições da maximização do lucro capitalista, eles poderiam se desenvolver plenamente para bem da nação. (220)
Paulitz mostra como instituições, profissões e modos de produção que antes eram adequados para a valorização do capital são desvalorizados e forçados a racionalizar em níveis superiores, ela aborda a processualidade histórica da relação de capital. No entanto, a discussão sobre a processualidade tende a ser negligenciada no seu livro, sendo mencionada de modo bastante incidental. Isto, por sua vez, pode ter a ver com o facto de a sua abordagem metodológica ser a da análise do discurso histórico e não a da crítica categorial.
Colonialismo, racismo e missão civilizadora do engenheiro
Como Paulitz continua a explicar, para além do discurso do reconhecimento, o discurso da especialidade cria um auto-retrato do engenheiro que é racista e, como já indicado, se vê explicitamente ao serviço da política colonial expansiva. Reuleaux, por exemplo, faz isto introduzindo os termos "maganismo" (4) e "naturismo", que Paulitz comenta da seguinte forma: "Este par de termos tem essencialmente a função de distinguir sistematicamente os modos técnicos de produção de diferentes "povos" uns dos outros e de os organizar hierarquicamente. Mas ele [Reuleaux, TM] também vê fases e distribuições 'naturistas' e 'maganistas' no desenvolvimento individual (!)”. (131) O maganismo consiste em extrair da natureza os seus segredos e depois transformá-los em máquinas; "a actividade humana é o factor decisivo", enquanto que o naturismo descreve uma espécie de decadência para a natureza, que "na melhor das hipóteses envolve a 'escuta' das receitas da natureza". (133) Maganismo, então, significa o domínio moderno da natureza e tudo o mais é desvalorizado como "naturismo". (5) Reuleaux usa estes termos para estruturar as condições político-económicas da época, onde "as condições competitivas no mundo se tornam o parâmetro relevante para a sua consideração". (138) Os "povos" são julgados matematicamente de acordo com a sua produção anual de carvão (!) e, claro, não há lugar neste mundo para os povos naturistas. Assim, em 1885, Reuleaux escreveu em Cultur und Technik, "que os maganistas continuarão a ser os vencedores, e que as nações que não querem decidir converter-se ao maganismo devem estar preparadas para a subjugação gradual ou para a ruína". (citado por Paulitz, 137) Os naturistas não são essencialmente "naturistas", como Reuleaux enfatiza, mas podem, por "conquista" apropriada, emancipar-se do naturismo e passar para o maganismo.
Não é, portanto, de admirar que as ambições imperiais sejam acompanhadas de um correspondente objectivo moral, uma missão civilizadora; como continua Reuleaux: "Nós, os atlantistas, um sexto dos habitantes da Terra, conseguimos com o nosso trabalho maganista muito mais de quatro vezes o que os outros conseguem alcançar. A preponderância dos maganistas sobre os naturistas não é, portanto, uma coincidência, mas é adquirida e paga pelo trabalho útil e, portanto, também ganha a sua justificação como puramente humana (!). Tanto mais que o nosso trabalho está orientado para aqueles... para preparar e difundir a cultura e a moralidade. Assim, a tecnologia científica é a portadora da cultura, o poderoso e incansável trabalhador ao serviço da moralidade e da educação da raça humana. (citado em Paulitz, 138s.) Deste modo, engenheiros como Reuleaux justificaram explicitamente o colonialismo. Daí a agitação dos engenheiros pela importância da profissão de engenheiro e pela urgência de que as universidades técnicas treinem precisamente este tipo de homem maganista. (139s.)
Até hoje podem ser encontrados padrões de argumentação semelhantes aos recolhidos por Paulitz. Por um lado, um ponto de vista a-histórico e antropológico que afirma que as pessoas "sempre" transformaram e exploraram tecnicamente a natureza (embora talvez de forma errada, ou com métodos improdutivos, ou alegadamente por mero acaso, em vez de com uma consideração sistemática). Por outro lado, essa mesma visão é usada para vender o próximo impulso de modernização técnica como um facto natural inevitável e como destino evolutivo (hoje o lugar ao sol digital), e todos aqueles que se recusam ou não conseguem acompanhar isso são desvalorizados ou vilipendiados. (6)
O paradigma mecânico e o poder criativo do engenheiro
Já falámos do "poder criativo" do engenheiro. O conceito de força, tal como o conhecemos da mecânica clássica, (7) serve para além disso como "elemento de auto-descrição dos engenheiros". (266)
Enquanto o conceito ou metáfora da força foi inicialmente usado muito raramente no discurso da engenharia, no final do século XIX foi frequentemente usado em conexão com o auto-retrato do engenheiro como "homem de acção", e na República de Weimar foi usado quase inflacionariamente. (286) Este uso, sem surpresa, expressou, entre outras coisas, o pensamento androcêntrico.
Paulitz resume isso assim: "A ênfase na 'força criativa' transmite obviamente o significado da força como princípio activo estabelecido na mecânica técnica e, portanto, refere-se ao modelo do homem de ação. Deste modo, a metáfora enfraquece todos os aspectos da invenção [...] associados à passividade e à receptividade, tais como o momento de sentir, imaginar e receber a ideia, e transforma-a numa variante activa, produtiva e energética da acção de esboçar. Assim, a metáfora da força teria uma função discursiva, a de impedir que a acção da engenharia 'escorregasse' para o reino do receptivo e do tendencialmente feminizado em termos cultural-simbólicos. Tal concepção de produtividade teórica pode ser distinguida com sucesso das formas e produtividades cada vez mais culturalmente feminizadas, como a imaginação, a fantasia e a vaidade, que se têm tornado cada vez mais feminizadas desde o século XVIII, e consequentemente de uma "inteligência feminina" que é entendida como sendo consistentemente "receptiva". (289)
Para o século XIX, porém, o desenvolvimento da termodinâmica é muito importante, como aponta Paulitz, o que não por acaso foi de grande importância em tempos de revolução industrial. (8) No século XIX, a termodinâmica "avançou para uma espécie de teoria mestra, que desenvolveu efeitos sobrepostos aos campos e interdiscursivos". (268, destaque no original) A ideia básica era (na formulação daquela época) (9) que na natureza, em última análise, haveria uma única força, uma vez que todas as forças poderiam ser transformadas (via máquinas) umas nas outras (como a eléctrica em mecânica ou a do calor em mecânica, etc.); assim, a força é transformada e mantida. A partir daí, segue-se o desenvolvimento da lei de conservação de energia. (10) O ponto decisivo é que a força de trabalho também foi incluída, para que o próprio ser humano pudesse ser considerado como um "motor fatigante" (Rabinbach), e como Anson Rabinbach em particular assinalou, a força de trabalho era assim uma parte do equilíbrio energético. (11) Isto levou, entre outras coisas, a estudos médicos que se destinavam a analisar e, como diríamos hoje, optimizar os movimentos do trabalhador, a fim de evitar ou pelo menos retardar a sua "fadiga", o seu desgaste, e evitar aqueles movimentos que se supõe terem um alto consumo de energia (e isto antes do verdadeiro Taylorismo/Fordismo).
Paulitz formula esta linha de pensamento do seguinte modo: "A regra de conservação da energia estabelecida na primeira lei da termodinâmica foi transferida para o corpo humano, que foi assim entendido como um sistema fechado com recursos energéticos limitados. A economia da energia do corpo torna-se um argumento nos debates sociais sobre quem usa energia para quê. Assim, na questão da emancipação da mulher, foi postulada uma competição entre habilidades reprodutivas e trabalho intelectual (!), com recurso à limitada energia disponível no corpo. Assim, "o trabalho intelectual das mulheres aparece como um perigo potencial para a função reprodutiva do corpo individual e para a reprodução da humanidade como um todo". (12) (269, destaque de TM) Isto indica que "a termodinâmica foi dotada de uma base metafísica que pressupunha um sujeito do conhecimento com base no género". (ibidem).
Indo além das observações de Paulitz, deve ser mencionado que, especialmente na Alemanha, a "visão do mundo" do "energeticismo" ou "energética" se desenvolveu a partir do conceito de energia, que queria rastrear toda a física até ao conceito de energia, uma espécie de Teoria de Tudo inicial. (13) Em particular Wilhelm Ostwald (1853-1932) com seu "Imperativo Energético" ("Não desperdiçar energia, usá-la e refiná-la") desempenhou um papel importante neste movimento e, além disso, teve grande significado ideológico para a "racionalização do ser humano", para a Segunda Revolução Industrial na Alemanha. (14) Sem surpresa, Ostwald também usou o seu "imperativo energético" para falar contra o estudo das mulheres da maneira já mencionada acima. (15)
Além disso, a metáfora do poder também foi utilizada no discurso do reconhecimento técnico-científico, como Paulitz delineia a seguir. Alois Rieder, por exemplo, usou-os em 1900 no seu "Discurso na celebração do aniversário de Sua Majestade o Imperador e Rei Guilherme II" (!) para legitimar as ambições tecnocráticas dos engenheiros. (294s.) A força natural foi colocada por ele em analogia com a força de trabalho. Riedler comparou o Estado "típico da época" (295) com uma máquina. Não só as máquinas e a tecnologia devem ser deixadas a cargo dos engenheiros, mas também a organização do trabalho. Naturalmente, os engenheiros estão predestinados a liderar a sociedade, já que as massas populares devem ser lideradas do mesmo modo que as forças da natureza são lideradas por máquinas. Deste modo, o político e o social é "virado tecnocrático" (296s.); em última análise, como diz Riedler, a tecnologia é "um verdadeiro governo"; para isso, os engenheiros devem ser treinados como "líderes nacionais". (16) (297) A meu ver, isto antecipa o conceito de líder industrial fascista ou de comissário industrial estalinista.
Em suma, pode dizer-se, como deverá ter ficado claro no resumo das observações de Paulitz, que as ciências naturais e seus derivados aplicados não lidam apenas com meros factos externos que são simplesmente descobertos e pesquisados. Como vimos aqui no caso da engenharia, ambições políticas, metáforas de género e noções de masculinidade são abertamente formuladas e propagadas para além do discurso profissional. O livro de Paulitz é um excelente tesouro para este fim, onde se pode ler sobre uma autoconcepção e objectivos da engenharia e das ciências técnicas que ainda hoje se encontram: por exemplo, a propagação de uma prática, de um "homem de acção", de uma abordagem orientada para a aplicação que se expressa sob a forma de anti-intelectualismo contra o "gabinete de estudos" dos filólogos (como Reuleaux polemizava) e outras ocupações de "burguesia culta"; além disso, uma visão a-histórica e antropológica da tecnologia; e, finalmente, uma visão e um tratamento tecnocráticos das questões sociais e políticas. Para estes pontos, os ideólogos do transhumanismo e os representantes da "ideologia californiana" são, de certo modo, (17) a auto-imaginada vanguarda técnica de hoje.
Tanja Paulitz: Mann und Maschine – Eine genealogische Wissenssoziologie des Ingenieurs und der modernen Technikwissenschaften [O Homem e a Máquina – Uma Sociologia Genealógica do Conhecimento do Engenheiro e das Ciências Técnicas Modernas], 1850–1930, 392 p., transcript-Verlag Bielefeld 2012
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Pernkopf, Elisabeth: Unerwartetes erwarten – Zur Rolle des Experimentierens in naturwissenschaftlicher Forschung [Esperando o inesperado – O papel da experimentação na investigação científica], Würzburg 2006.
Rabinbach, Anson: Motor Mensch – Kraft, Ermüdung und die Ursprünge der Moderne, Wien 2001; 1ª ed. The Human Motor. Energy, Fatigue, and the Origins of Modernity, 1990.
Rotermundt, Rainer : Verkehrte Utopien – Nationalsozialismus, Neonazismus, neue Barbarei [Utopias invertidas – Nacional-socialismo, neo-nazismo, nova barbárie], Frankfurt 1987.
Sarasin, Philipp & Tanner, Jakob (Hg.): Physiologie und industrielle Gesellschaft – Studien zur Verwissenschaftlichung des Körpers im 19. und 20. Jahrhundert [Fisiologia e sociedade industrial – Estudos sobre a cientificização do corpo nos séculos XIX e XX], Frankfurt 1998.
Scheich, Elvira: Naturbeherrschung und Weiblichkeit – Denkformen und Phantasmen der modernen Naturwissenschaften [Dominação a natureza e feminilidade. Formas de pensar e fantasmas das ciências naturais modernas], Pfaffenweiler 1993.
Schlüter, Hermann: Die Wissenschaften vom Leben zwischen Physik und Metaphysik – Auf der Suche nach dem Newton der Biologie im 19. Jahrhundert [As ciências da vida entre a física e a metafísica – Em busca do Newton da biologia no século XIX], Weinheim 1985.
NOTAS
(1) Existem agora inúmeros estudos sobre a loucura do transporte individual, incluindo os de Winfried Wolf e Klaus Gietinger.
(2) No entanto, gostaríamos referir diversas publicações sobre esta área temática: por exemplo, Bareuther 2014, Fox Keller 1986, List 2007, Sheik 1993, Braun & Kremer 1987, e Pernkopf 2006.
(3) Kevin Kelly já foi mencionado. Encontra-se tal linha de argumentação em muitos outros lugares. Por exemplo, Ray Kurzweil, cientista informático, transhumanista, agora "Engenheiro Chefe" (Director de Engenharia) do Google e conselheiro de segurança do exército americano (!) escreve: "A introdução da tecnologia terrestre não é um assunto privado de uma das inúmeras espécies que vivem aqui. É um evento central na história do planeta. A criação mais importante da evolução – a inteligência humana – forneceu os meios para entrar no próximo estágio da evolução, o estágio da tecnologia.” (Kurzweil 2001, 66)
(4) A palavra "maganismo" provém da palavra grega para impostor (μάγγος, ou seja, magano), que, por sua vez, remonta à palavra para "mago" (o nome de um sacerdote zoroastriano) (μάγος), cf. Paulitz 135.
(5) Vale a pena mencionar, como Paulitz também aponta, que o conceito e a imagem da natureza dos engenheiros alemães no Império era tudo menos uniforme. Cf. o estudo, extremamente rico em material, de Hans-Luidger Dienel 1997.
(6) A evolução como fatídica instância explicativa é também utilizada por vários representantes do neofascismo, por exemplo, Jonathan Meese. Esta forma de pensar está a voltar depois da festa pós-moderna do disfarce dos anos 90 e já desempenhara um papel nos anteriores fascismo ou nacional-socialismo: Mas o que ali era ou é apresentado como natureza e utilizado como instância de justificação não é a natureza, mas sim a sociedade naturalizada, que impõe uma disciplina brutal às pessoas, cf: Rotermundt 1987..
(7) No que diz respeito à visão do mundo mecânica, tal como desenvolvida pela física Newtoniana e pela mecânica clássica, é de salientar que esta visão também foi aplicada a outras áreas, e outras áreas foram interpretadas no sentido do materialismo mecânico, tais como a fisiologia e a biologia (já por Descartes e La Mettrie, entre outros). Sobre fisiologia em particular, ver Sarasin & Tanner (eds.) 1998 e sobre biologia: Schlüter 1985 e Canguilhem 2009, em particular o capítulo "Máquina e Organismo", 183-232.
(8) Para a "história cultural" da termodinâmica, ver Neswald 2006.
(9) cf. Helmholz s.d.
(10) Especificamente sobre a emergência do conceito de energia no século XIX, ver Breger 1982.
(11) Paulitz também se refere ao seu trabalho. cf. Rabinbach 2001.
(12) Foi igualmente formulado na medicina do século XVIII, cf. Honegger 1991, p. ex. 151s.
(13) No entanto, esta afirmação da possibilidade de formular a física apenas a partir do conceito de energia provou ser infundada. Ver Kragh 2015, 60s.
(14) Ver Kurz 1999, 386s.
(15) Cf. Heinsohn 2001.
(16) Embora os engenheiros e cientistas de hoje não formulem uma reivindicação tão clara à liderança política, tal forma de pensar, que procura tratar problemas políticos e sociais por analogia com os técnicos, ainda está difundida. Morozov, por exemplo, chama os representantes actuais desta forma de pensar de "solucionistas", sobre isso em: Morozov 2013.
(17) Richard Barbrook, Andy Cameron: The Californian Ideology, Telepolis de 05.02.1997.
Original Mann und Maschine – Reflexionen zum Androzentrismus in den Technikwissenschaften in: exit! nº 15, Abril 2018, pag. 229-243. Tradução de Boaventura Antunes.