"O Grande Jogo" Neo-Imperialista na Crise

 

Geopoliticamente a Rússia está encostada à parede – e é exactamente isso que torna tão perigoso o actual jogo de alto risco na Ucrânia.

 

Tomasz Konicz

 

 

Talvez o cliché corrente de que as grandes potências europeias tropeçaram inconscientemente, quase sonâmbulas, na Primeira Guerra Mundial, como a catástrofe seminal do século XX, não esteja totalmente errado. Esta impressão pode pelo menos surgir, tendo em conta as actuais tensões entre o Ocidente e a Rússia na crise da Ucrânia. A Europa de Leste está à beira da guerra, um grande conflito militar entre a Ucrânia e a Rússia está a entrar no domínio das possibilidades, enquanto as elites políticas ocidentais continuam a jogar o seu jogo geopolítico de alto risco com o Kremlin e a percepção pública da questão está na sua maioria distorcida ideologicamente.

 

Com o anterior colapso das conversações entre os EUA e a Rússia, que se realizaram em Genebra e Bruxelas no início de Janeiro com a UE excluída,1 o Ministro dos Negócios Estrangeiros russo exortou os Estados Unidos e a NATO a emitirem rapidamente uma declaração escrita sobre as exigências de segurança do Kremlin, na qual cada uma das exigências da Rússia deveria ser respondida.2 Ao mesmo tempo, Lavrov deixou a porta aberta para novas conversações, para as quais Moscovo estaria pronta.3 Muito do que está a ser dito "hoje em dia" pode estar relacionado com "atiçar artificialmente as chamas", disse Lavrov, usando as habituais tácticas de negociação do pau e da cenoura.

 

Washington, por sua vez, ameaçou Moscovo de estar preparado para "qualquer eventualidade" – isto também se aplicava ao caso de uma "escalada militar" por parte da Rússia. O Kremlin tinha sido informado dos "custos e consequências da acção militar ou da desestabilização da Ucrânia", disse o conselheiro de segurança do presidente dos EUA, que ameaçou com duras sanções económicas e financeiras, bem como com a entrega de armas a Kiev. Em linguagem simples: os EUA não intervirão directamente a nível militar,4 caso Moscovo inicie a invasão da Ucrânia. Kiev está em grande parte por sua própria conta militarmente – para além da entrega de armas.

 

A linha central do conflito que conduziu ao actual confronto geopolítico é a possível expansão da NATO para Leste no espaço pós-soviético. A Ucrânia é o objecto geopolítico do desejo. Desde a revolução de 2014 apoiada pelo Ocidente, quando o então governo pró-russo de Yanukóvytch foi derrubado pelas forças nacionalistas,5 Kiev tem-se esforçado por ser aceite na NATO e na UE, a fim de tornar irreversível a integração do país pós-soviético no Ocidente, apesar da guerra civil, dos conflitos congelados e das questões territoriais não resolvidas.

 

A exigência mais importante da Rússia é, portanto, pôr fim ao avanço da aliança militar ocidental no seu flanco sul. Acima de tudo, a NATO deveria abster-se de admitir mais países pós-soviéticos – especificamente a Ucrânia e a Geórgia. De acordo com o New York Times (NYT), o Kremlin procura um acordo de segurança do tipo que era comum durante a Guerra Fria – mas que a NATO "rejeitou imediatamente".6 Com efeito, o Kremlin quer que a NATO aceite um tampão de Estados neutros entre a Federação Russa e o Ocidente. Durante a Guerra Fria, países neutros como a Áustria ou a Finlândia exerceram tal função de desescalada. A Áustria, da qual as tropas soviéticas se retiraram em 1955 sob a promessa de neutralidade permanente,7 permanece formalmente neutra até aos dias de hoje. O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Finlândia negou publicamente a especulação sobre a possível adesão do seu país à NATO em 14 de Janeiro.8

 

A Rússia vê-se a si própria como enganada e traída pelo Ocidente na questão do alargamento da NATO a Leste, que no século XXI aceitou os Estados Bálticos e vários países do antigo Pacto de Varsóvia na sua aliança militar. Moscovo refere-se às promessas verbais feitas pelos EUA à então liderança soviética no início dos anos noventa, segundo as quais a NATO renunciaria a qualquer expansão para leste. Os diplomatas ocidentais, por outro lado, falam de um mal-entendido do então líder soviético Gorbachev, de acordo com o NYT.

 

Projecções alemãs de "ambições czaristas”

 

As actuais tensões geopolíticas têm sido acompanhadas pelas habituais reportagens tendenciosas nos media ocidentais, que têm claramente conotações anti-russas. Enquanto os políticos ocidentais apelam ao Kremlin para que abandone as suas "ambições czaristas",9 os diplomatas americanos falam agora abertamente de "tambores de guerra" a serem agitados na Europa por causa da "retórica estridente".10

 

E quando se trata de tons estridentes, ninguém passa à frente dos principais media alemães: Na verdadeira tradição orwelliana, o Tagesschau descreveu as exigências de Moscovo em matéria de garantias de segurança, feitas apenas devido à ameaça de expansão da NATO no espaço pós-soviético, como "reivindicações imperiais".11 Durante a visita à linha da frente no Báltico, a nova Ministra da Defesa, Christine Lambrecht, pronunciou-se a favor de uma dissuasão credível,12 enquanto o Ministro dos Negócios Estrangeiros Baerbock13 e o Chanceler Scholz14 se superaram a dirigir avisos a Moscovo, uma vez que a agressão contra a nossa Ucrânia acarretaria consequências graves.

 

Já no Die Zeit15 "especialistas" exigem que a Alemanha, enquanto "maior potência económica europeia", enquanto "país-chave" da UE e da NATO, não fique de braços cruzados a assistir às acções de Moscovo, e os políticos do SPD e do FDP já estão a exigir entregas de equipamento militar à Ucrânia.16 No FAZ, entretanto, estão a ser feitos esforços para dissipar o "nem sempre racional medo da escalada" do público alemão em relação a Moscovo,17 bem como para exprimir alucinações sobre o perigo da hegemonia russa na Europa dominada por Berlim, utilizando as habituais projecções da megalomania alemã – a fim de falar sobre o armamento da UE.18

 

No entanto, os actuais ataques dos media ocidentais contra o Kremlin contêm uma certa dose de verdade distorcida. A Rússia é uma potência repressiva e pós-democrática com ambições imperiais. Putin chora a União Soviética como uma entidade imperialista, não devido ao seu carácter de Estado socialista. A política de poder do Kremlin é arqui-reaccionária. A Rússia financia e apoia a Nova Direita na Europa,19 ao mesmo tempo que as forças da esquerda são combatidas pelo Kremlin. Em 2015, por exemplo, Putin ajudou Schäuble a pôr de joelhos o governo social-democrata de esquerda na Grécia, que na altura resistia ao diktat de austeridade da Alemanha na zona euro.20 As revoltas na Bielorrússia21 e no Cazaquistão só falharam devido à intervenção russa.

 

A Arménia, um aliado formal da Rússia, em 2020 foi abatida pelo Azerbaijão e pela Turquia com autorização do Kremlin,22 porque as antigas elites do poder filiadas em Moscovo tinha sido aí substituídas numa "revolução" burguesa-democrática. Actualmente, Moscovo está a forçar o país devastado do Cáucaso, a partir de uma posição de fraqueza, a iniciar "negociações" com a Turquia – que ainda nega o genocídio turco dos arménios – a fim de extrair mais concessões de Yerevan a Ancara e Baku.23 A abordagem da Rússia à auto-administração democrática de base em Rojava, no norte da Síria, não é diferente da da administração Trump: Putin deu à Turquia carta branca para conquistar e limpar etnicamente o cantão curdo de Afrin em 2018 por cálculos geopolíticos.24 A administração Trump agiu de forma semelhante na Rojava ocidental em 2019.25

 

As "ambições imperiais" da Rússia arqui-reaccionária são um facto. Mas também o são as políticas imperialistas do Ocidente. Quando os media estatais russos relatam que o "silêncio e a desinformação" das empresas mediáticas ocidentais servem os "interesses imperiais" das potências ocidentais,26 por uma vez estão tão certos como os seus concorrentes ocidentais na caracterização dos media russos como largamente "controlados pelo Estado"27.

 

Não só as intermináveis séries de guerras e intervenções dos EUA testemunham a sua política imperialista, mas também a RFA se esforça por não ser de modo nenhum inferior aos modelos imperiais a este respeito. Para ficar com o exemplo da Rojava: enquanto a Rússia e os EUA prepararam o caminho para as guerras de conquista dos soldados turcos, Berlim financiou subsequentemente a limpeza étnica destas áreas.28 Os Estados imperialistas divididos puderam assim cooperar sem problemas num ponto: quando se trata de sufocar a tentativa emancipatória em Rojava. E como travar guerras económicas destrutivas foi demonstrado pela Alemanha em 2015 com o exemplo da Grécia, à qual foram impostas por Schäuble condições de subjugação que "no passado só podiam ser aplicadas pela força das armas", como foi dito na imprensa europeia da altura.29

 

Dominós pós-soviéticos

 

Poder-se-ia mesmo argumentar que a "propaganda inimiga" de cada lado produz frequentemente coisas interessantes, em que a realidade social do outro lado é adequadamente reflectida. "Rússia Today”, por exemplo, não só produz desinformação, mas também relata a situação catastrófica dos sem-abrigo em Los Angeles, que simplesmente não precisam de qualquer distorção ideológica para cumprir a sua função propagandística.30

 

Mas existe uma diferença crucial entre o Ocidente e a Rússia, que se está a tornar cada vez mais evidente: as aspirações imperiais do Kremlin colidem cada vez mais com uma realidade em que Moscovo se encontra na defensiva geopolítica. No Cáucaso, na Bielorrússia e mais recentemente no Cazaquistão, a estrutura específica de governo pós-soviético, da qual Vladimir Putin é o representante mais proeminente, parece estar a mostrar fissuras cada vez mais claras. É óbvio que a esfera de influência do Kremlin no espaço pós-soviético, que de acordo com os planos do Kremlin devia ser desenvolvida num terceiro centro de poder geopolítico entre a UE e a China, foi apanhada num rápido processo de erosão.

 

E foi precisamente neste contexto que a Ucrânia desempenhou um papel central.31 Lembre-se: no final de 2013, o então governo ucraniano sob Viktor Yanukóvytch teve de decidir sobre a integração do país num sistema de aliança, devido à sua crescente miséria económica:32 Ou para oriente,33 juntamente com a Rússia, ou em direcção ao Ocidente, para a UE. Yanukóvytch, que tinha a sua base política na oligarquia ucraniana oriental, optou pela União Aduaneira Russa. O Ocidente interveio então na Ucrânia promovendo o derrube violento do governo eleito de Yanukóvytch, imposto por extremistas de direita ucranianos ocidentais no seu ápice militante34 . Seguiu-se a guerra civil actualmente "congelada"35 no leste do país,36 a anexação da Crimeia pela Rússia e a alimentação do país pelo FMI, que continua até aos dias de hoje.37

 

O Ocidente, que está agora a derramar lágrimas de crocodilo sobre a violação da soberania da Ucrânia orientada para o Ocidente, espezinhou essa mesma soberania no seu "Grande Jogo"38 imperialista quando foi necessário sabotar a orientação para Leste do governo Yanukovych e separar o país da órbita geopolítica da Rússia39. E era precisamente este o objectivo central da intervenção ocidental, em que havia uma convergência substancial de interesses, apesar de todas as diferenças entre a UE e os EUA: o objectivo era impedir um bloco de poder concorrente a leste da UE, que teria bloqueado as projecções de poder do Ocidente no espaço pós-soviético a longo prazo – e sobretudo teria aberto uma opção alternativa de aliança para a periferia oriental da UE. Que o Ocidente, na sua intervenção, não estava preocupado com os solos negros da Ucrânia ou com a sua indústria pesada anacrónica é deixado claro por um olhar sobre o destino da Ucrânia após o derrube, uma vez que o país funciona principalmente como um exportador de mão-de-obra para a UE.40

 

Os planos ambiciosos da Rússia para uma união aduaneira abrangente no espaço pós-soviético puderam ser torpedeados pelo Ocidente – ao preço de um derrube e de uma guerra civil. Pois aquilo por que o Ocidente realmente não pode perdoar ao líder do Kremlin é o seu único mérito histórico: a estabilização da Federação Russa no início do século XXI, que não foi reduzida a uma periferia, mas conseguiu estabelecer-se como um factor de poder imperialista independente, como um concorrente do Ocidente. A intervenção na Ucrânia teve precisamente o objectivo de impedir a estabilização de um sistema de aliança pós-soviética modelado na UE.

 

Mas a Ucrânia não é um caso isolado. Em 2020, a Bielorrússia do autocrata Lukashenko,41 que foi apanhada na estagnação económica, viu-se numa situação socioeconómica sem esperança semelhante à da Ucrânia em 2013: impulsionado por protestos em massa – desta vez sem qualquer intervenção ou financiamento ocidental – e perante um derrube iminente do governo, Lukashenko, que anteriormente tinha favorecido a independência, teve de escolher entre a integração na União Bielorrússia-Rússia ou simplesmente perder o poder. Lukashenko, cujo país vive principalmente do processamento do petróleo russo nas refinarias estatais, escolheu a primeira.42 A instabilidade sócio-económica do país da Europa Oriental ameaçado de falência lançou assim o terreno para o amplo movimento de protesto na Bielorrússia, sobre o qual o Ocidente só tentou exercer influência após os factos.

 

A situação é semelhante no caso da recente agitação sangrenta no Cazaquistão, onde a situação social desolada da maioria da população foi o factor mais importante que levou à recente explosão.43 Especulações sobre as lutas pelo poder no seio da oligarquia do país da Ásia Central,44 sobre a possível influência do Ocidente ou de outras potências neste "quintal" russo, obscurecem precisamente a instabilidade sócio-económica do Estado cazaque, cuja estrutura de poder teve de ser mantida pela intervenção russa. Sem a rápida intervenção do Kremlin45 não teria sido possível deter os sinais de desintegração no aparelho estatal, onde várias unidades policiais e militares se recusaram a servir após alguns dias ou se juntaram aos insurrectos.46

 

Neo-imperialismo e crise

 

Putin está assim actualmente ocupado sobretudo com a estabilização das estruturas autoritárias de poder no seu quintal geopolítico que emergiu no decurso do colapso da União Soviética, das quais ele próprio é o representante destacado:47 Estas são na sua maioria sistemas oligárquicos ou simples cleptocracias, que emergiram da nomenklatura soviética tardia e se apropriaram de grande parte das massas falidas da União Soviética – quer na forma do sector privado (oligarquia ucraniana), quer na forma de uma oligarquia estatal (Rússia). Quase todos os regimes pós-soviéticos vivem da exportação de matérias-primas, produtos intermédios ou fontes de energia. O fracasso da modernização da União Soviética socialista de Estado na década de 1980 não pôde ser recuperado, nem mesmo pelos produtos da sua decomposição. Isto também se aplica em grande parte à Rússia, cujo único sector industrial globalmente competitivo é a indústria militar. Todos os esforços de modernização do Kremlin48 falharam, em geral, até agora.

 

Esta miséria pós-soviética reflecte apenas o processo de crise global do sistema mundial capitalista tardio,49 que, devido à falta de um regime de acumulação que utilizasse trabalho assalariado em massa, só funciona a crédito, não apenas na semiperiferia, mas também nos centros50 – mas estes ainda têm as suas grandes áreas económicas, juntamente com o euro e o dólar, que até há pouco tempo tornavam possível o endividamento através da emissão monetária.51 Com a sua intervenção na Ucrânia em 2013/14, a UE e os EUA garantiram que nenhum instrumento de crise semelhante estaria disponível para o espaço pós-soviético. “O Grande Jogo" em torno da Eurásia assemelha-se assim efectivamente a um imperialismo de crise, uma luta contra o declínio socioeconómico induzido pela crise, com os centros a esforçarem-se por manter a sua posição dominante à custa da periferia. É uma espécie de batalha sobre o Titanic. É por isso que as disputas geopolíticas assumem frequentemente a forma de tumultos domésticos, revoltas, etc., que só são possíveis devido à desestabilização das sociedades envolvidas, induzida pela crise.

 

Assim que deixou de haver depósitos suficientes de matérias-primas para exportação, instalaram-se no espaço pós-soviético os processos de crise socioeconómica que deram à Bielorrússia e à Ucrânia a sua instabilidade política. Poder-se-ia mesmo argumentar que os regimes pós-soviéticos completamente autoritários na esfera de influência da Rússia já não são capazes de uma modernização capitalista democrática, uma vez que tais transformações democráticas dariam de facto ao Ocidente a possibilidade de intervir. Historicamente, a grande formação autoritária na Bielorrússia, Cazaquistão e Rússia em plena escalada só começou após a Revolução Laranja de 2004 na Ucrânia,52 quando os think tanks ocidentais e as ONG puderam explorar o relativo espaço livre para impor o governo pró-Ocidental de Yushchenko.

 

O sonho russo de estabelecer um bloco económico independente entre a UE e a China – que seria mais resistente a choques de crise – está agora terminado; em vez disso, a Rússia tem de lutar pelo seu estatuto de grande potência, à medida que o Ocidente se prepara para estabelecer permanentemente a sua influência onde até agora apenas as unidades de tanques alemãs conseguiram avançar por pouco tempo. De certo modo, Putin está encostado à parede. Enquanto há fogos por toda a parte no "quintal" da Rússia (Bielorrússia, Ucrânia, Cazaquistão, Cáucaso do Sul), o Ocidente quer estabelecer-se numa região que fez parte da Rússia durante séculos. Nenhum governo russo se poderia permitir aceitar isto a nível interno. A situação actual é tão perigosa precisamente porque Putin não tem opções de retirada; está fora de questão que o Kremlin aceite a adesão da Ucrânia à Nato.

 

A propaganda anti-russa actualmente a ser renovada, que faz de Putin um vilão mundial todo-poderoso, tem de ser praticamente virada de pernas para o ar. A Rússia é uma grande potência imperialista reaccionária, sócio-economicamente inferior ao Ocidente, que luta pela sua sobrevivência no contexto do agravamento da crise sistémica, para não ser reduzida a periferia pelos neo-imperialistas ocidentais. Esta situação perigosa deveria – independentemente do carácter do regime russo – levar também as forças progressistas e emancipatórias a oporem-se com todas as forças ao perigo agudo da guerra, especialmente ao ímpeto alemão para o Leste. Se, por exemplo, o jornal do Partido Social Democrata "Vorwärts" apela agora a "linhas vermelhas" contra a "agressão russa", então é preciso recordar que em 1914 o SPD mandou a classe operária marchar para as trincheiras da Primeira Guerra Mundial com referência ao governo reaccionário dos czares.

 

 

1 https://www.ft.com/content/4fec318e-1e53-4f9a-999a-443a432dd6cd

2 https://www.msn.com/de-de/nachrichten/politik/russland-macht-druck-usa-und-nato-sollen-sicherheitsgarantien-geben/ar-AASLLLl

3 https://www.upi.com/Top_News/World-News/2022/01/14/Sergey-Lavrov-talks-United-States-NATO-Ukraine/5071642169056/

4 https://www.yahoo.com/news/putin-calls-americas-bluff-ukraine-105209502.html

5 http://www.konicz.info/?p=2691

6 https://www.nytimes.com/2021/12/17/world/europe/russia-nato-security-deal.html

7 https://de.wikipedia.org/wiki/%C3%96sterreichische_Neutralit%C3%A4t

8 https://www.yahoo.com/news/finland-not-negotiating-nato-membership-151423214.html

9 https://news.yahoo.com/drop-tsarist-ambition-invade-ukraine-134828966.html

10 https://news.yahoo.com/us-envoy-europe-says-drumbeat-163727688.html

11 https://www.tagesschau.de/ausland/europa/russland-nato-sicherheitsgarantien-101.html

12 https://www.tagesschau.de/ausland/europa/lambrecht-reise-litauen-105.html

13 https://www.n-tv.de/politik/Baerbock-und-Blinken-senden-Warnung-an-Russland-article23039275.html

14 https://www.rnd.de/politik/erster-eu-gipfel-mit-olaf-scholz-warnung-an-russland-aus-deutschland-6U3Q7DW6X5BNRHIGM7DX7W4NSQ.html

15 https://www.zeit.de/politik/ausland/2022-01/deutsche-russlandpolitik-korrektur-forderung-sicherheitspolitik

16 https://www.welt.de/politik/ausland/article236262940/Ukraine-Krise-SPD-und-FDP-halten-Lieferung-von-Schutzausruestung-fuer-denkbar.html

17 https://www.faz.net/aktuell/politik/ausland/haltung-zeigen-lagodinsky-zu-russland-und-zur-ukraine-17728542.html

18 https://www.faz.net/aktuell/politik/ausland/putin-will-nicht-nur-die-ukraine-hegemonie-ueber-ganz-europa-17732093.html

19 https://www.deutschlandfunk.de/frankreich-front-national-erhaelt-kredit-aus-russland-100.html

20 https://www.heise.de/tp/features/Kleine-Geschenke-unter-Partnern-3375406.html?seite=all

21 https://www.heise.de/tp/features/Belarus-in-der-Sackgasse-4876428.html

22 https://www.heise.de/tp/features/Der-Lohn-des-Angriffskrieges-4954642.html

23 https://armenianweekly.com/2022/01/12/pitfalls-of-armenias-unnecessary-negotiations-with-turkey/

24 http://www.konicz.info/?p=3496

25 https://www.heise.de/tp/features/Trump-auf-Putins-Spuren-4547469.html

26 https://sputniknews.com/20220106/silence-and-misinformation-indicts-corporate-media-of-serving-imperial-interests-1092047685.html

27 https://www.eurotopics.net/de/176694/russland-medien-unter-staatlicher-kontrolle

28 https://www.heise.de/tp/features/Tuerkei-Merkels-zivilisatorischer-Tabubruch-4645780.html

29 https://www.heise.de/tp/features/Willkommen-in-der-Postdemokratie-3374458.html?seite=all

30 https://rtd.rt.com/films/skid-row-homelessness-disaster-los-angeles/

31 http://www.konicz.info/?p=1907

32 https://www.heise.de/tp/features/Die-Ukraine-als-Griechenland-des-Ostens-3364295.html

33 https://www.heise.de/tp/features/Ukraine-am-Abgrund-3364077.html

34 http://www.konicz.info/?p=2691

35 https://www.heise.de/tp/features/Geopolitisches-Deja-vu-3364059.html

36 https://www.heise.de/tp/features/Ukrainisches-Todesroulette-3366644.html

37 https://www.gtai.de/gtai-de/trade/ukraine/wirtschaftsumfeld1/iwf-genehmigt-beistandsprogramm-fuer-ukraine-260408

38 https://www.heise.de/tp/features/Ukrainisches-Great-Game-3364163.html

39 https://www.heise.de/tp/features/Geopolitisches-Deja-vu-3364059.html

40 https://www.heise.de/tp/features/Der-Westen-beginnt-im-Osten-der-EU-3796444.html

41 https://www.heise.de/tp/features/Belarus-in-der-Sackgasse-4876428.html

42 https://www.sueddeutsche.de/politik/russland-belarus-lukaschenko-putin-oel-und-gaslieferungen-1.5457527

43 https://www.nzz.ch/international/kasachstan-soziale-ungleichheit-foerdert-unmut-und-protest-ld.1664103?reduced=true

44 https://www.tagesschau.de/ausland/asien/kasachstan-machtkampf-101.html

45 https://www.nytimes.com/2022/01/13/world/europe/kazakhstan-russia-troops-withdrawal.html

46 https://twitter.com/jardemalie/status/1478721255247384583

47 https://www.nytimes.com/2022/01/13/world/europe/putin-ukraine-kazakhstan.html

48 https://www.heise.de/tp/features/Die-Moskauer-Gelehrtenrepublik-3385215.html

49 https://tanzaufdemvulkan.wordpress.com/zeitschrift-digital/okonomische-krisenanalyse/thomas-konicz-die-krise-kurz-erklart/

50 https://blogs.imf.org/2021/12/15/global-debt-reaches-a-record-226-trillion/

51 https://www.untergrund-blättle.ch/wirtschaft/theorie/stagflation-inflationsrate-6794.html

52 https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Laranja

 

 

Original “Neoimperialistisches ‘Great Game’ in der Krise” publicado em www.konicz.info, 18.01.2022. Publicado em www.exit-online.org, 31.01.2022. Tradução de Boaventura Antunes

 

http://www.obeco-online.org/

http://www.exit-online.org/