Gruppe Fetischkritik Karlsruhe

 

O vírus

Crítica da Pandemia Política

 

 

Actualidade

Resumo histórico das pandemias

Breve história do Sars-CoV-2

Desenvolvimento na China

Desenvolvimento na Europa

Ajuda chinesa, russa e cubana

Mutação espontânea ou manipulação genética?

Diferentes comportamentos virais – diferentes medidas

Contenção do vírus ou eliminação do vírus?

A realidade da sociedade mundial

 

 

Actualidade

 

Nos últimos meses, nada tem atraído mais a atenção mundial, e com consequências mais drásticas para a vida quotidiana de um grande número de pessoas em todo o mundo, do que a propagação pandémica do coronavírus. As medidas restritivas iniciadas em numerosos países por todo o mundo, as chamadas "lockdown", e em particular as medidas de quarentena em Wuhan, noutras regiões chinesas e na Nova Zelândia, entre outras, que serão discutidas abaixo, tiveram certamente o seu efeito. O número de novos infectados começou por estagnar e diminuiu significativamente ao longo do tempo. As medidas na China e mais tarde na Nova Zelândia tiveram obviamente o efeito de eliminar (temporariamente) o vírus. Depois, na maioria dos países, as medidas foram relaxadas e complementadas, por exemplo, com as chamadas APPS de aviso de infecção pelo coronavírus. Em última análise, a esperança geral centra-se no desenvolvimento de uma vacina, no contexto da qual a necessidade de imunidade de grupo é também discutida. O quanto estas medidas se comprovaram em cada caso, ou se as esperanças nelas depositadas provaram ou provarão ser inadequadas é o tema principal deste ensaio. Após uma breve apresentação das principais pandemias históricas e do curso da actual pandemia de Sars-CoV-2, são apresentados os conhecimentos médicos fundamentais e específicos da infecção. As medidas derivadas destas descobertas são discutidas em termos dos seus benefícios fundamentais para a contenção duma pandemia em geral e da pandemia do coronavírus em particular, e finalmente estas medidas são comparadas com as possibilidades sociais e as realidades da sociedade mundial em termos da sua viabilidade. Pois a pandemia é, em muitos aspectos, uma pandemia socialmente provocada e propagada. O simples facto de a pandemia se ter desenvolvido, ou seja, de a propagação da infecção não ter sido contida com sucesso, deve-se a uma falta de preparação mundial para tais eventos e a uma generalizada ignorância, movida por interesses, a nível mundial. Esta pandemia não foi a primeira e provavelmente não será a última. Provavelmente não será a última porque, infelizmente, nas actuais condições da sociedade mundial, também não se pode assumir que uma abordagem adequada e globalmente coordenada será possível no futuro. Inversamente, uma pandemia pode ser contida e assim evitada com medidas sociais adequadas. Comecemos com um breve esboço das pandemias na história.

 

 

Resumo histórico das pandemias

Como foi dito e é do conhecimento geral, a actual doença Sars-CoV-2, como é oficialmente conhecida, e que há muito se tornou uma pandemia global, não é de todo a primeira do seu género e, felizmente, não é a mais ameaçadora. Se ficará na história como a última doença infecciosa pandémica depende, em grande medida, das condições sociais futuras. Vejamos algumas das grandes pandemias da história:

Peste Antonina, 165-180 n.e. Provavelmente uma pandemia de varíola que se espalhou por todo o Império Romano; cerca de 5 milhões de mortos.

Peste de Justiniano, a partir de 541 n.e. Os efeitos fizeram-se sentir até ao século VIII. A doença espalhou-se por toda a região mediterrânica e por todo o mundo conhecido pelos romanos. O número de vítimas mortais é controverso. O agente foi provavelmente o Yersinia pestis.

Peste Negra, 1347-1352, proveniente da Ásia Central, espalhou-se por toda a Europa; estima-se que 25 milhões de mortos, ou seja, um terço da população europeia na altura. O agente foi o Yersinia pestis.

Terceira pandemia de peste, desde 1896; tendo surgido primeiro na China, espalhou-se por todo o mundo; cerca de 12 milhões de mortos. Agente: Yersinia pestis.

Pandemia de gripe de 1889 a 1895 (gripe russa), um milhão de mortos, subtipo A/H2N2 ou A/H3N8

Gripe espanhola (pneumónica), 1918-1920, com ponto de partida provável nos Estados Unidos. Calcula-se que 500 milhões de pessoas foram infectadas, das quais 20 a 50 milhões morreram. Subtipo A/H1N1

Gripe asiática (1957/58), 1-4 milhões de mortos, [16] subtipo A/H2N2

Gripe de Hong Kong (1968), 1-4 milhões de mortos, [16] subtipo A/H3N2

Gripe russa (1977/78), 700.000 mortos, [18] subtipo A/H1N1 (número de casos e classificação como pandemia controversos, uma vez que foram principalmente crianças e adolescentes que adoeceram)

Propagação do VIH/SIDA (desde o início dos anos 80); segundo o Programa da ONU para a SIDA, cerca de 75 milhões de pessoas foram infectadas e 32 milhões morreram desde 1980 (situação no final de 2018)

Gripe A (Peste suína) (2009/10), 100 000 a 400 000 mortos, [16] Subtipo A/Califórnia/7/2009 (H1N1) (números de casos e classificação como pandemia controversa devido à patogenicidade relativamente baixa)

Pandemia de COVID-19: A 11 de Março de 2020, a Organização Mundial de Saúde declarou a propagação do vírus SARS-CoV-2 desde Dezembro de 2019 uma pandemia, tendo já declarado uma emergência sanitária internacional a 30 de Janeiro de 2020. De acordo com dados da OMS, no final de Julho de 2020 havia mais de 17 milhões de pessoas infectadas e cerca de 650.000 mortos em todo o mundo.

Microorganismos da classe das bactérias e do agente patogénico da peste Yersinia pestis, bem como, em particular, da classe dos vírus, são portanto possíveis desencadeadores de uma pandemia. Nas últimas décadas, os vírus da gripe, em particular, têm sido a causa de grandes pandemias. Os agentes causadores destas pandemias foram vírus da gripe do subtipo A. Outros subtipos deste género de vírus não são (ainda) patogénicos para os humanos. As combinações letra/número apresentadas na lista acima referem-se à classificação dos vírus da gripe do subtipo A de acordo com as suas moléculas antigénicas de superfície hemaglutinina (H) e neuraminidase (N). Tais moléculas, localizadas no invólucro do vírus, permitem tanto a identificação do vírus no laboratório como o reconhecimento do vírus pelo sistema imunitário do organismo hospedeiro. No que diz respeito à sua função biológica, permitem que o vírus ataque e penetre em certas células hospedeiras. Para mais pormenores, ver o capítulo depois do próximo.

 

Breve história do SARS-CoV-2

Desenvolvimento na China

Dezembro de 2019

A partir de 17 de novembro de 2019, foram notificados diariamente entre um e cinco casos de uma nova doença pulmonar na província chinesa de Wuhan, nos quais não foi possível diagnosticar nenhum agente patogénico anteriormente detectável. O número total de infecções foi de 27 até 15 de Dezembro, e 60 casos foram confirmados a 20 de Dezembro. A 27 de Dezembro, Zhang Jixian, um médico do hospital da província vizinha de Hubei, informou as autoridades sanitárias locais que a doença era causada por um novo coronavírus. Nessa altura, mais de 180 pessoas estavam infectadas. Em 28 e 29 de Dezembro, mais três pacientes vieram ao hospital deste médico. O hospital informou as comissões de saúde da província de Hubei e a comunidade. A 29 de Dezembro as comissões de saúde instruíram Wuhan e Jianghan e o Hospital Jinyintan para realizarem investigações epidemiológicas em sete doente. Seis deles foram transferidos para Jinyintan, para uma instituição especializada em doenças infecciosas. Um paciente recusou-se a ser transferido. Na noite de 30 de Dezembro, a Comissão Municipal de Saúde de Wuhan publicou avisos na Internet solicitando a todos os hospitais de Wuhan que denunciassem todos os doentes com pneumonia de causa desconhecida que tivessem estado no mercado de peixe de Wuhan. A Comissão de Saúde de Wuhan disse numa entrevista que a investigação não estava concluída e que peritos da Comissão Nacional de Saúde estavam a caminho para apoiar a investigação. A autoridade sanitária local foi informada da descoberta de um agente patogénico semelhante à SARS antes de 27 de Dezembro. Na sequência da experiência da pandemia de SARS, a China tinha introduzido um sistema de alerta precoce para assegurar que as informações sobre a doença fossem imediatamente enviadas ao Centro Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças em Pequim, independentemente de considerações políticas. No caso do novo coronavírus, porém, isto não aconteceu imediatamente. A 30 de Dezembro, o médico Li Wenliang, membro de um grupo WeChat com colegas, alertou para um vírus que ele acreditava na altura estar a causar síndrome respiratória aguda grave (SARS) no hospital local de Wuhan, na sequência de um surto invulgar de pneumonia no hospital. Após o aviso de Li e dos seus colegas ter sido divulgado na Internet, ele e outros dos seus colegas foram convocados pela polícia local. Foram acusados de "fazer afirmações falsas". A 1 de Janeiro de 2020, a agência noticiosa estatal Xinhua informou sobre os alegados "relatos falsos" dos médicos e confirmou que não havia provas de transmissão de humano para humano da nova doença. Li Wenliang, exposto a uma carga viral considerável como médico assistente, morreu da nova doença da SARS no dia 7 de Fevereiro de 2020, aos 33 anos de idade. Por sua própria iniciativa, os médicos tinham continuado a enviar amostras de doentes para laboratórios de análise além dos canais oficiais, a fim de investigar a causa da doença por conta própria. Foram reabilitados pelo Supremo Tribunal Popular no final de Janeiro. O governo chinês é acusado a este respeito de ter inicialmente ignorado o surto da doença e, assim, ter tornado possível a sua rápida propagação inicial. A crítica à política de informação chinesa em Dezembro de 2019, quando ocorreram os primeiros casos da doença, é basicamente justificada. A resposta à pergunta sobre o número de casos, a dinâmica de desenvolvimento em que uma escalada epidémica ameaça, e as medidas conexas de grande alcance a tomar, está sem dúvida sujeita a influências subjectivas e, portanto, à possibilidade de erro. Sempre que ocorrem fenómenos (novos) de doença que indicam uma infecção, existe um risco potencial de propagação epidémica. No entanto, só depois de um certo tempo é que o modo de propagação da doença pode ser reconhecido e assim a suspeita de uma possível ameaça de epidemia ou pandemia pode ser expressa. Como é que as autoridades chinesas procederam subsequentemente? Após a identificação da nova estirpe do vírus a 7 de Janeiro de 2020, a OMS e todos os Estados membros foram imediatamente informados. A partir deste ponto, e o mais tardar com as medidas drásticas tomadas na China a 23 de Janeiro (prevenção extensiva das actividades de viagem pouco antes do Ano Novo chinês, quarentena direccionada para as províncias afectadas, especialmente a província de Wuhan), já não pode haver qualquer questão de a China minimizar o vírus. Apesar destes factos e apesar de o número de casos estar a aumentar a nível mundial, ou seja, também na Europa e nos EUA, é, precisamente ao contrário, na UE e nos EUA que estes têm sido minimizados de forma negligente. Se se permitiu que passasse um tempo valioso, foi na UE e nos EUA, onde as medidas só foram tomadas em meados de Março, após semanas de atraso, e onde isso foi feito de forma precipitada, mal comunicada e mal preparada. A falta de equipamento de protecção adequado, particularmente na área médica, foi impressionante. Por outras palavras, os organismos que acusaram as autoridades chinesas de minimizar a situação estiveram, pela sua parte, a praticar tal minimização durante semanas a fio de uma forma quase grotesca, em comparação com as medidas chinesas tomadas em Janeiro. Em todo o caso, a 31 de Dezembro de 2019, as autoridades chinesas informaram oficialmente a Organização Mundial de Saúde (OMS) de que, desde o início de Dezembro de 2019, tinham ocorrido vários casos de pneumonia grave na cidade de Wuhan, cuja causa ainda não tinha sido identificada e que se presumia ser um agente patogénico anteriormente desconhecido. O relatório foi distribuído através das agências noticiosas no mesmo dia. A autoridade sanitária americana CDC também soube então da acumulação de pneumonia em Wuhan. Uma epidemiologista do CDC, que tinha trabalhado anteriormente na autoridade sanitária chinesa e cuja função teria sido também transmitir informações sobre surtos potencialmente perigosos numa fase inicial, tinha sido mandada regressar pelo governo dos EUA em Julho e o lugar não voltara a ser preenchido. Entre 31 de Dezembro de 2019 e 3 de Janeiro de 2020, foi comunicado à OMS um total de 44 casos de pneumonia de causa desconhecida, provenientes de Wuhan.

 

Janeiro de 2020

O mercado do peixe em Wuhan foi fechado e desinfectado pelas autoridades locais a 1 de Janeiro de 2020. A 5 de Janeiro de 2020, o Centro Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças excluiu o MERS-CoV e o SARS-CoV 2 como agentes patogénicos com base nos resultados das investigações. A 7 de Janeiro de 2020, o lado chinês anunciou a identificação de um novo coronavírus em vários pacientes. O vírus recebeu a designação provisória 2019-nCoV (2019 novo coronavírus). A 15 de Janeiro, foi relatado um caso análogo do Japão e a 20 de Janeiro um caso da Coreia do Sul.

A partir de 23 de Janeiro de 2020, foram suspensas todas as ligações ferroviárias e aéreas da cidade de Wuhan, uma cidade de nove milhões de habitantes, assim como todas as ligações de autocarros, metro e ferry. Os habitantes de Wuhan foram impedidos de abandonar a cidade. Bibliotecas, museus e teatros cancelaram eventos. Foi estabelecido um centro de coordenação de medidas para conter a epidemia em Wuhan. Nessa altura, 500 infecções foram oficialmente confirmadas e 17 mortes tinham ocorrido (todas na província de Wuhan e Hubei). Os epidemiologistas estimam que o número de pessoas infectadas fosse de cerca de 4.000 em 22 de Janeiro de 2020. Também em 23 de Janeiro de 2020, a megacidade de Huanggang, 70 quilómetros a leste de Wuhan, foi fechada ao trânsito público. Na sexta-feira, 24 de Janeiro de 2020, às 00:00 horas locais, foi declarado o encerramento de todos os cinemas, cibercafés e do mercado central de Wuhan. Medidas semelhantes foram também tomadas na vizinha Ezhou, onde a principal estação ferroviária também foi encerrada a 23 de Janeiro. Isto significa que as restrições afectaram quase 20 milhões de pessoas, o que é único na história recente em termos de escala. Em Pequim, grandes eventos para celebrar o Ano Novo Chinês foram cancelados a 23 de Janeiro de 2020 e algumas atracções turísticas foram encerradas. Em 24 de Janeiro de 2020, o Shanghai Disneyland Park anunciou que iria fechar temporariamente as portas devido ao surto do vírus. O McDonald's China fechou temporariamente todos os restaurantes nas cidades de Wuhan, Ezhou, Huanggang, Qianjiang e Xiantao no mesmo dia. A Google fechou os seus escritórios. A Starbucks fechou 2000 das suas lojas, o McDonald's fechou 300 restaurantes, a IKEA fechou metade das suas lojas de mobiliário, depois todas as 30, a Apple fechou as suas lojas, e várias grandes empresas alemãs interromperam as suas viagens de negócios de e para a China. A 25 de Janeiro de 2020, as medidas de quarentena alargadas das autoridades afectavam cerca de 56 milhões de pessoas em 18 cidades chinesas. O sistema de trânsito público foi reduzido ao mínimo a nível nacional. As férias de Ano Novo foram prolongadas por uma semana, até 9 de Fevereiro de 2020, para permitir que o maior número possível de pessoas fizessem quarentena por conta própria durante um período de incubação do vírus.

Devido ao dramático aumento do número de doentes, foi construído um primeiro hospital de emergência, o Hospital Huoshenshan, em Wuhan, de 23 de Janeiro a 2 de Fevereiro de 2020. Foi concebido para cerca de 1000 camas e foi inaugurado a 3 de Fevereiro, dentro do prazo previsto. A construção do Hospital Leishenshan, que foi concebido para capacidades ainda maiores, começou em 25 de Janeiro e ficou em grande parte concluída em 6 de Fevereiro de 2020. Um total de 16 hospitais de emergência foram construídos em Wuhan, incluindo pavilhões desportivos e de exposições na cidade.

 

Fevereiro de 2020

A partir de 17 de Fevereiro de 2020, foram aplicadas medidas mais rigorosas em toda a província de Hubei para conter a epidemia. No total, o governo provincial impôs 15 restrições por decreto. Todos os locais públicos não essenciais foram fechados e os eventos de massas proibidos. As farmácias e supermercados permaneceram abertos, mas tendo de controlar a temperatura corporal de todos os clientes. Além disso, foi imposta a recolha de dados pessoais de cada comprador de medicamentos para a tosse ou de antipiréticos. Em toda a província, as estradas de acesso a todas as aldeias e municípios foram fechadas para controlar as saídas e impedir a entrada de pessoas de fora. O funcionamento de todos os veículos foi proibido, excepto veículos transporte, combate a incêndio, salvamento e veículos da polícia.

 

Março de 2020

No seu discurso de 9 de Março de 2020, o Director-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que mais de 70% dos cerca de 80.000 casos de infecção já tinham recuperado e deixado a clínica. O número de novas infecções na China nesse dia foi de 45, e estudos científicos sugerem que as medidas de quarentena em vigor podem ter sido eficazes até essa data. Após vários dias em que não foram relatadas novas infecções, as autoridades chinesas anunciaram que a pandemia na República Popular da China tinha terminado. Quatro novos casos foram depois relatados a 24 de Março. A 29 de Março, foi registado um total de 31 novas infecções, 30 das quais foram aparentemente importadas por imigrantes. O Primeiro-Ministro Li Keqiang avisou as autoridades locais a 25 de Março para não ocultarem novas infecções. Há receios de uma segunda vaga de infecções. Com a redução a 19 casos de Covid na República Popular da China e a propagação mundial da doença, a República Popular da China fechou as suas próprias fronteiras aos estrangeiros a 28 de Março. Condições igualmente rigorosas, tais como a imposição de um recolher obrigatório e o encerramento de fronteiras, foram introduzidas na Nova Zelândia a partir de meados de Março. Em meados de Junho, o Estado da ilha no Pacífico Sul declarou-se oficialmente livre de coronavírus. Todas as restrições foram novamente levantadas. No entanto, a entrada é ainda estritamente regulamentada, e todos os que entram no país devem permanecer em quarentena durante 14 dias.

 

Abril de 2020

A Comissão Nacional de Saúde chinesa anunciou a 1 de Abril que, ao contrário da prática anterior, iria agora incluir casos assintomáticos no número total de pessoas infectadas pela COVID-19. Em 1 de Abril, 1.367 casos assintomáticos estavam sob observação médica, de acordo com números oficiais. A 3 de Abril, a porta-voz de imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying, recomendou que os diplomatas de todo o mundo que não se encontrassem na China não regressassem a Pequim até 15 de Maio de 2020. A 3 de Abril, foram comunicadas 19 novas infecções, incluindo 18 casos importados e um novo caso da província de Hubei. A 7 de Abril de 2020, funcionários da República Popular relataram que, pela primeira vez desde o início da onda de infecção, não tinham sido registadas mortes por COVID-19. A proibição rigorosa de viajar para a província de Wuhan foi levantada a partir de 8 de Abril de 2020. De acordo com números oficiais, 81.740 infecções Covid-19 tinham sido diagnosticadas até esta data e 3.331 pessoas tinham morrido.

 

Junho de 2020

Após vários novos casos de infecção por coronavírus (sete novos casos conhecidos a 12 de Junho, segundo as autoridades), várias escolas e jardins de infância em Pequim foram encerrados e várias áreas residenciais foram seladas. De acordo com números oficiais da Comissão de Saúde chinesa, foram comunicados 58 novos casos de infecção a 13 de Junho, 36 dos quais em Pequim. Houve 137 casos confirmados em Pequim no dia 18 de Junho. Gao Fu, o director do Centro Chinês para o Controlo e Prevenção de Doenças, disse que supõe que o vírus já circulava assintomático em Pequim em Maio. Entre 11 e 20 de Junho, foram testadas 2,3 milhões de pessoas, a capacidade diária de testes foi de 500.000 a 20 de Junho e havia um total de 249 casos de infecção notificados a 22 de Junho.

 

Desenvolvimento na Europa

As primeiras doenças Covid na Europa ocorreram em Itália no final de Janeiro. Após as primeiras mortes na cidade de Codogno, no norte de Itália, as 50.000 pessoas que lá viviam foram instadas a ficar em casa a 22 de Fevereiro, e os dez municípios da Lombardia e um do Veneto foram encerrados. Aqueles que resistissem à ordem arriscavam até três meses de prisão. Nessa mesma noite, Friul-Veneza Júlia tornou-se a primeira região italiana a declarar o estado de emergência, a fim de poder reagir com flexibilidade a quaisquer casos de doença que pudessem surgir. Durante a manhã de 23 de Fevereiro, o número de pessoas infectadas excedeu 100. Isto resultou em mais casos de doença fora dos onze municípios isolados. Na Serie A do Campeonato de Futebol, os jogos em casa de Atalanta Bergamo, Inter de Milão, Hellas Verona e FC Turim foram cancelados. O prefeito de Milão, Giuseppe Sala, anunciou o encerramento das escolas de Milão até, pelo menos, ao final da semana. O carnaval de Veneza terminou prematuramente, museus, igrejas, casas de ópera e estádios desportivos foram encerrados até ao início de Março. O governo criou "corredores esterilizados" para o fornecimento de alimentos e medicamentos às comunidades isoladas, através dos quais os fornecedores equipados com máscaras faciais e vestuário de protecção poderiam entregar mercadorias em determinados momentos. Na tarde de 23 de Fevereiro, ocorreu a terceira morte em Itália, em Cremona. O número de pessoas infectadas continuou a aumentar significativamente nos dias seguintes, incluindo, pela primeira vez, pessoas infectadas de províncias não isoladas. Tudo considerado, o sistema de saúde italiano estava irremediavelmente sobrecarregado pelos desenvolvimentos e à partida equipado de modo completamente inadequado. Faltavam as coisas mais simples como máscaras e vestuário de protecção. A taxa de infecção entre o pessoal médico exposto ao vírus aumentou em conformidade.

Sobre a situação na Alemanha: Em 28 de Janeiro de 2020, o Ministério da Saúde da Baviera confirmou a primeira infecção na Alemanha num laboratório. Um empregado de 33 anos do fornecedor da indústria automóvel Webasto, que trabalhava na sede da empresa em Stockdorf, tinha sido infectado durante uma sessão de formação interna com um colega chinês vindo do estabelecimento da empresa em Xangai. Posteriormente, tornou-se conhecido que 13 outros empregados da Webasto ou seus familiares tinham sido infectados em ligação com o primeiro caso confirmado. No final de Fevereiro, todas as pessoas infectadas tiveram alta da clínica como curadas. O Instituto Robert Koch (RKI) tinha declarado a 22 de Janeiro de 2020 "que apenas algumas pessoas podem ser infectadas por outras pessoas" e que o vírus não se propagaria muito fortemente no mundo. Isto foi criticado pelo virólogo Alexander Kekulé, que declarou no mesmo dia que "não partilhava inteiramente a serenidade do Instituto Robert Koch". A 25 de Fevereiro de 2020, o primeiro caso do vírus foi confirmado em Baden-Württemberg. Tinha provavelmente contraído a doença durante uma viagem a Itália em Milão. Pouco depois, a COVID-19 foi também detectada numa pessoa da Renânia do Norte-Vestefália. Depois disso, o número de infecções detectadas aumentou acentuadamente: Enquanto ainda estavam infectadas 57 pessoas a 29 de Fevereiro, o número subiu para 795 na semana seguinte. O Instituto Robert Koch (RKI) estimou inicialmente o risco para a saúde da população na Alemanha como moderado. Contudo, este risco variava de região para região e era elevado em "zonas particularmente afectadas", especialmente no distrito de Heinsberg. A 13 de Março de 2020, o Ministério da Saúde ainda alertava contra o rumor de que em breve seriam anunciadas mais restrições maciças à vida, e o Ministro Presidente Markus Söder também rejeitou os rumores de encerramento forçado de restaurantes. Alguns dias mais tarde, a reviravolta. A 16 de Março de 2020, já havia mais de 4.838 casos confirmados e 12 mortes confirmadas na Alemanha, a Chanceler Angela Merkel anunciou que os restaurantes e instalações de lazer seriam encerrados. Ela disse: "A fim de abrandar a propagação do vírus, são necessárias medidas que nunca antes foram vistas na Alemanha".

 

Ajuda chinesa, russa e cubana

A primeira nova equipa vinda da China aterrou em Roma a 13 de Março. A bordo: 31 toneladas de equipamento urgentemente necessário, incluindo ventiladores, vestuário e máscaras de protecção e medicamentos. As mercadorias foram doadas em parte pelo governo chinês e em parte por empresas. Um segundo avião com pessoal e equipamento aterrou em Milão na quarta-feira (18.03.2020). Outras entregas de ajuda da China com equipamento médico foram feitas a Espanha França, ex-repúblicas jugoslavas, EUA, vários países sul-americanos e africanos. No auge da epidemia na China, vários países da UE tinham entregue à China 56 toneladas de equipamento urgentemente necessário. Depois dos chineses, vieram os russos. Nove aviões de transporte Ilyushin aterraram em Itália com virologistas, epidemiologistas e equipamento médico a bordo. "Nunca antes tantos aviões russos entraram num país da NATO", escreveu "La Repubblica". Pouco depois dos russos, uma brigada médica de Cuba chegou à Lombardia, com 37 médicos e 15 enfermeiros. Tinham estado anteriormente destacados em África para combater a doença do Ébola. De início, não houve cooperação intra-europeia. O Ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Di Maio, queixou-se diso. Os países vizinhos europeus não tinham oferecido ajuda comparável à da China. Roma tinha "clamado por ajuda em ventiladores e máscaras", mas em vão. A Itália não se sentia só, "ainda há pessoas que estão felizes por ajudar a Itália", elogiou o Ministro dos Negócios Estrangeiros Luigi Di Maio. Aparentemente, até as entregas de material médico da Alemanha para Itália foram impedidas. Por exemplo, um carregamento de 830.000 máscaras cirúrgicas encomendadas por uma empresa italiana à China foi bloqueado na Alemanha, embora a proibição de exportação de bens médicos, imposta por Berlim a 4 de Março para combater a epidemia, não se aplicasse às mercadorias em trânsito. Após negociações a nível diplomático, o carregamento teria sido libertado, mas segundo a empresa italiana, já não foi possível encontrá-lo – na Alemanha. Isto foi noticiado pelo jornal regional da Lombardia "Il Giorno". E de acordo com o "Corriere della Sera" supra-regional, mais de 19 milhões de máscaras de protecção foram bloqueadas pelos países vizinhos de Itália nas semanas anteriores. O cientista político berlinense Thorsten Benner vê prejudicada a credibilidade e reputação da UE e da Alemanha: "A UE não conseguiu prestar ajuda eficaz à Itália, que é actualmente a mais duramente atingida. Em parte porque nós próprios também estamos mal preparados, mas a impressão de que foi dada aos italianos é fatal. Muitos na Alemanha falam de uma comunidade europeia de destino. Mas, quando o destino ataca, parece que não ajudamos os nossos parceiros da UE".

Uma avaliação assim ponderada foi a excepção. Em vez de se permanecer em silêncio envergonhado, foi feita a tentativa de denunciar esta ajuda como intervenção geopolítica. Os chineses, russos e cubanos quereriam simplesmente introduzir uma cunha entre os países da União Europeia. Afinal de contas, a Itália foi o primeiro país da Europa Ocidental a aderir oficialmente à iniciativa "Nova Rota da Seda" de Pequim, sob fortes críticas da UE e dos EUA. Tal denúncia corresponde a métodos clássicos de desinformação e deve ser vista como uma projecção das próprias intenções e métodos habituais dos Estados ocidentais. A propósito, são os próprios países da União Europeia que são responsáveis pelo desmantelamento da UE.

 

Mutação espontânea ou manipulação genética?

Neste capítulo são discutidos aspectos da medicina virológica. Entre outras coisas, trata-se da origem e da fonte do vírus. O vírus é uma mutação espontânea natural ou o produto da investigação da guerra biológica? Tais especulações foram inicialmente feitas pelo Ocidente contra a China e subsequentemente pela China contra os EUA.

A libertação do vírus a partir de um laboratório de alta segurança de nível biológico 4 em Wuhan, tal como relatado pelos serviços secretos dos EUA, está a ser discutida pelo Ocidente, especialmente pela administração dos EUA. Na realidade, tal laboratório está localizado em Wuhan. Evidentemente, não se pode excluir que um acidente (possivelmente desapercebido) tenha causado uma libertação de vírus. Neste caso, as autoridades chinesas não poderiam ter tido conhecimento do mesmo. Se tivessem conhecimento disso, poderia, em princípio, assumir-se um interesse em encobrir. No entanto, isto é claramente contrariado pelo facto de não terem sido tomadas medidas drásticas imediatamente em Dezembro, após o aparecimento dos primeiros casos da doença, mas apenas a partir de 23 de Janeiro. O governo chinês nunca teria aceite conscientemente os danos causados por este atraso. E, como disse, a libertação do vírus do laboratório de segurança Wuhan é uma conjectura por parte dos serviços secretos ocidentais, que, como a experiência tem demonstrado, já conjecturaram algumas coisas para deliberada desinformação. Exemplos? Os alegados ataques de barcos de pesca vietnamitas a navios de guerra americanos no Golfo de Tonking, que foram tomados como pretexto para bombardeamentos sistemáticos em território norte vietnamita. Alegadas fábricas de gás venenoso no Iraque, cujas "provas" foram apresentadas pelo então Secretário de Estado norte-americano Powell em Fevereiro de 2003 no Conselho de Segurança das Nações Unidas, para depois estas "provas", passados dois anos, uma guerra e uma estimativa de 650.000 mortos, se terem revelado como desinformação deliberada. Consequências: nenhuma. O mesmo jogo sujo na Líbia em 2011. (1) (2)

A lista destas campanhas de desinformação para preparação e condução de guerra psicológica é quase interminável. E o padrão é sempre o mesmo. Os métodos e arsenais de armas que os estrategas da NATO estão dispostos a utilizar e utilizaram são projectados sobre o objecto do desejo. A falta de escrúpulos dos estrategas político-militares da comunidade democrática de bombardeiros (Robert Kurz, A guerra de ordenamento mundial) em todas as guerras abertas e encobertas das últimas décadas é um facto. Um exemplo é a utilização maciça de armas biológicas e químicas na guerra americana no Vietname. Dos estrategas militares ocidentais tudo é de esperar. Mas no caso do vírus Sars-2 a suposição de que se trata de uma arma biológica de baixo nível geneticamente modificada utilizada pelos militares dos EUA não parece muito plausível. A hostilidade das administrações dos EUA em relação ao projecto de infra-estruturas "Nova Rota da Seda" iniciado pela China não é segredo, apesar da oferta de cooperação e participação sem dúvida séria do governo chinês. Sempre que possível, este projecto está a ser torpedeado. Mas se o vírus actual fosse um ataque biológico encoberto dos EUA, os EUA bloqueariam imediatamente todas as ligações de transporte, voos de passageiros, etc. de e para a China, a fim de evitar danos colaterais. Além disso, os arsenais de armas biológicas contêm geralmente antídotos específicos ou soros de vacinas que teriam sido utilizados sem demora. Contudo, foram precisamente as autoridades americanas, incluindo as autoridades militares e a indescritível máscara de carácter na Casa Branca, que minimizaram sistematicamente o vírus. Aceitar o impacto na economia dos EUA como sendo planeado a fim de desviar a atenção da origem americana do vírus significava conduzir tais teorias ao cúmulo da conspiração paranóica. Em todo o caso, os danos colaterais do agressor teriam sido muito mais graves do que os do agredido. Nunca nenhum militar no mundo foi assim tão estúpido.

Vamos examinar as origens do vírus através da possibilidade de mutação espontânea dentro da família do coronavírus. As mutações resultantes de alterações espontâneas no ADN cromossomático são causadas pela interacção com radiação de alta energia (raios X, radioactividade) e/ou substâncias mutagénicas reactivas, e conduzem, por um lado, a efeitos muitas vezes adversos tais como indução de tumores ou deficiências hereditárias, e, por outro lado, a alterações que podem ser benéficas para a sobrevivência de uma espécie, por exemplo, quando as condições ambientais mudam. Uma vez feitas, as mutações compatíveis com a vida permanecem geneticamente fixas e são assim transmitidas às gerações seguintes. Consideremos a probabilidade de frequências de mutação de diferentes formas de vida. A probabilidade de mutações depende do tempo de geração e da estabilidade do respectivo genoma. As células das formas de vida eucarióticas (karyon = núcleo celular) são relativamente resistentes a mutações. Com o seu núcleo celular, têm uma área delimitada por uma biomembrana dupla que protege o sensível ADN ali localizado, que é estruturado em cromossomas. Esta estrutura de protecção revela-se uma boa protecção antimutagénica. Apenas na mitose, a fase de divisão celular, esta protecção é limitada devido à dissolução temporária da membrana nuclear. Os procariotas, formas de organização biológica que se replicam, tais como bactérias e vírus, carecem de um núcleo celular assim protector. Consequentemente, a sua taxa de mutação é significativamente mais elevada. Além disso, o genoma de algumas estirpes de vírus não consiste em ADN de cadeia dupla, em que as mutações pontuais podem ser reparadas pela cadeia complementar intacta, mas sim de ARN de cadeia única. Por estas razões, a taxa de mutação é particularmente elevada nos vírus de ARN, que incluem os coronavírus. Passemos agora aos tempos da geração. Na espécie humana, o tempo médio de geração é de 25 anos. O tempo de geração das bactérias varia de 15 minutos a algumas horas, e é principalmente influenciado por factores externos tais como temperatura, localização da cultura (meio de cultura), valor de pH, tamanho da superfície e composição do ar. Para a produção industrial, as culturas bacterianas são cultivadas num reactor biológico em condições óptimas de crescimento, reduzindo assim o tempo de geração. O mesmo se aplica aos vírus. Devido ao seu curto tempo de geração, ao grande número de descendentes que produzem durante o curso da infecção e, por último mas não menos importante, à sua estrutura simples, são objectos ideais para o estudo dos processos evolutivos. Sendo necessariamente parasitas celulares, os vírus têm de adaptar-se constantemente às condições dos seus hospedeiros ou populações hospedeiras, de modo a que os mecanismos de selecção sejam acessíveis às abordagens experimentais. Diferentes critérios como a diversidade antigénica, a extensão da excreção do vírus, o grau de virulência e muitos outros factores desempenham um papel importante neste processo. A adaptação completa de um vírus ao seu hospedeiro, que resulta na menor virulência possível do agente infeccioso, é a consequência desejável para ambos: coexistência e sobrevivência sem problemas. Por exemplo, os vírus do herpes persistem no seu hospedeiro, as células nervosas humanas, sem causar necessariamente a doença. Se assumirmos um tempo médio de geração bacteriana ou viral de uma hora, isto resulta em 219.000 sequências de geração bacteriana ou viral ao longo de um único tempo de geração humana de 25 anos. Em relação ao tempo de geração humana, tal número de gerações corresponde a um período de 5.475.000 anos. Foi apenas há 5 1/2 milhões de anos que as linhas de desenvolvimento que levaram aos hominídeos e aos chimpanzés se separaram. Há cerca de 2 milhões de anos desenvolveu-se o Homo erectus, a primeira espécie do género Homo que saiu de África. Daqui resulta uma ideia da variância por mutação espontânea dos microrganismos procarióticos. Para além destas mutações espontâneas comuns, os microrganismos procarióticos como as bactérias têm um acelerador evolutivo considerável sob a forma de ADN em plasmídeos, que não só é herdado como pode ser transmitido parasexualmente no mesmo nível geracional. A troca de plasmídeos é responsável, entre outras coisas, pela rápida disseminação de resistências das bactérias aos antibióticos.

Consideremos, por exemplo, as alterações genéticas regularmente observáveis dos vírus da gripe. A deriva genética é uma alteração aleatória na frequência alélica dentro do fundo genético de uma população. A deriva genética é, portanto, um dos factores evolutivos para mutações espontâneas. Uma extensão quantitativa é a mudança genética, na qual segmentos inteiros de genes são trocados em conjunto. Isto resulta frequentemente em mudanças funcionais-qualitativas particularmente pronunciadas, tais como uma expansão das espécies hospedeiras anteriores. Tais processos são referidos como zoonoses quando a espécie humana está envolvida. As alterações do genoma viral podem ocorrer em qualquer altura e podem levar a que as moléculas superficiais alteradas, como as hemaglutininas (H) e as neuraminidases (N), não sejam reconhecidas pelo sistema imunitário após uma infecção, ou a sejam combatidos de forma inadequada, apesar da vacinação ou imunidade após uma infecção anterior com vírus que ainda tivessem outras propriedades superficiais. Isto faz com que os vírus se possam multiplicar em certas células de pessoas infectadas. A especificidade viral tanto das espécies como das células também se baseia na afinidade bioquímica das moléculas da superfície viral com o tipo de células infectado. Por exemplo, os vírus da hepatite patogénica humana atacam preferencialmente as células hepáticas humanas, os vírus do herpes atacam as células nervosas sensíveis e os vírus da poliomielite atacam as células nervosas motoras. Numa epidemia de gripe ou "onda de gripe", 10-20% de uma população é infectada, e os surtos geralmente permanecem locais. Numa pandemia, por outro lado, os vírus espalham-se rapidamente e com taxas de infecção de até 50% por todo o globo. O gatilho é sempre um novo subtipo do vírus da gripe A, que também pode resultar de uma mudança antigénica (uma mistura de segmentos de genes virais humanos e aviários, ou seja, segmentos de genes virais originários de aves de capoeira). Esta mistura de vírus da "gripe das aves" e da gripe humana pode ter lugar em suínos, por exemplo ("gripe suína"), se estes animais forem portadores de ambos os vírus. De seguida, o vírus é transmitido a células humanas. Fala-se de zoonose, ou mais precisamente, no caso de transição de uma espécie animal para o homem, zooantroponose. Mesmo em anos de "gripe" sem pandemia, um grande número de pessoas morre todos os anos desta doença ou das suas consequências, especialmente de pneumonia como resultado de uma superinfecção bacteriana. Por exemplo, o Instituto Robert Koch foi notificado de cerca de 334.000 casos de gripe confirmados em laboratório no meio ano de Inverno de 2017/18; 60.000 pacientes foram admitidos em hospitais e 1.674 pacientes morreram de uma infecção de gripe comprovada.

Conclusão: Todas as evidências sugerem que o vírus Sars-2-Covid 19 não é o resultado de manipulação humana, mas a consequência de uma mutação espontânea.

 

Diferentes comportamentos virais – diferentes medidas

Os vírus são necessariamente parasitas celulares. Por conseguinte, requerem o aparelho de replicação de uma célula hospedeira para a sua multiplicação. Isto inclui os locais de produção das proteínas, os ribossomas e o aparelho de Golgi para a síntese das partículas do vírus. Esta utilização tem lugar de formas diferentes. Os vírus de ADN introduzem o seu ADN no núcleo celular após a entrada na célula e integram-no no ADN da célula hospedeira. O processo subsequente de síntese de proteínas tem lugar de forma análoga à da célula hospedeira infectada, utilizando ARN mensageiro, que transporta a informação do ADN para os ribossomas no citoplasma. Os vírus de ARN, que incluem os coronavírus bem como os vírus da gripe e da HI, têm dois mecanismos alternativos. Os chamados retrovírus, que incluem, por exemplo, o vírus HIV, produzem ADN viral no citoplasma das células hospedeiras infectadas através da enzima viral transcriptase reversa. Este ADN é subsequentemente introduzido no núcleo celular onde é integrado no ADN da célula hospedeira por meio da enzima viral integrase. O outro método, mais simples, envolve a síntese dos componentes do vírus directamente no citoplasma no local de produção das proteínas, os ribossomas, utilizando ARN viral em vez de ARN mensageiro humano. Este mecanismo é utilizado pelos coronavírus e pelo vírus da gripe. Os medicamentos que inibem especificamente as enzimas virais, tais como a transcriptase reversa ou integrase, e que são utilizados com grande sucesso na infecção pelo HIV, são assim ineficazes nas infecções por coronavírus e vírus da gripe.

Isto quanto aos mecanismos de replicação viral. Vejamos agora o espectro da interacção viral com as células hospedeiras infectadas, ou seja, o comportamento biológico do vírus. O vírus parasita a célula hospedeira ou mata-a? Esta questão diz respeito à virulência dum agente patogénico, a sua patogenicidade. A virulência é, para além do modo de transmissão e do tempo de incubação, de eminente importância no que diz respeito ao possível curso epidémico ou pandémico de uma doença infecciosa. Alguns agentes patogénicos virais causam doenças graves como o Ébola, varíola, dengue ou febre amarela, enquanto outros, como os rinovírus, raramente causam mais do que doenças inofensivas, como uma constipação ou uma garganta rouca. Esta diferença na formação e desenvolvimento evolutivo da virulência pode ser devida a vários factores, incluindo a forma como o vírus é transmitido e o seu tempo de sobrevivência fora de um organismo hospedeiro. O comportamento do hospedeiro, ou seja, o comportamento humano, também desempenha um papel importante na evolução dos agentes patogénicos, pois muitas vezes determina o caminho e a velocidade de transmissão. Todo o genoma e os seus portadores biológicos estão sujeitos a um processo evolutivo contínuo, induzido por condições externas em constante mudança, como já foi explicado. Sob a pressão da adaptação às condições em mudança, as propriedades biológicas também mudam, tais como a virulência dos micróbios. No decurso da evolução, isto pode levar a um enfraquecimento da virulência, a uma atenuação, ou mesmo a uma coexistência pacífica entre micróbio e célula hospedeira. Tal coexistência é chamada simbiose. A maior parte da biomassa na Terra consiste em sistemas simbióticos. Numerosas superfícies biológicas, como a pele e as membranas mucosas de macro-organismos como os humanos, são fisiologicamente colonizadas por microrganismos bacterianos, virais e micóticos que vivem em simbiose com o hospedeiro. Vivemos num mundo de micróbios. Alguns vírus, como os membros da família Herpesviridae, são eventualmente patogénicos, dependendo do estado actual do sistema imunitário do hospedeiro. Isto significa que são geralmente inofensivos, pelo que não destroem as suas células hospedeiras. Apenas em caso de fraqueza (temporária) do sistema imunitário, aparecem os sintomas correspondentes da doença. A virulência, como qualquer propriedade biológica, é variável. Na teoria da evolução, a mudança genética para a atenuação da virulência pode ser explicada de tal forma que os parasitas que não danificam o seu hospedeiro têm as melhores hipóteses de sobrevivência a longo prazo, juntamente com o seu hospedeiro. Eles prosperam com os organismos dos quais dependem, e são capazes de se espalharem sem serem notados. Se uma doença ou mesmo a morte do organismo hospedeiro prejudicar a propagação do genoma patogénico, é benéfico um desenvolvimento com efeitos menos graves. É claro que tais processos evolutivos não se baseiam em "estratégias" conscientes, mas neste caso resultam simplesmente do facto de pessoas gravemente doentes, ou mesmo mortas, terem menor probabilidade de propagar os agentes patogénicos virulentos, devido à falta de contactos qualificados. Estirpes menos virulentas revelam-se assim mais bem adaptadas às condições ambientais, enquanto que a reprodução de estirpes altamente virulentas é limitada. Desaparecerão no decorrer das gerações seguintes. No entanto, a "estratégia" de uma evolução no sentido da atenuação da virulência não é universalmente válida, mas depende do respectivo modo de transmissão. É conhecida uma multiplicidade de modos de transmissão, tais como infecção por contacto, transmissão fecal-oral enteral através, por exemplo, de água potável contaminada, parenteralmente através de lesões da pele ou das mucosas; este último modo inclui em particular doenças sexualmente transmissíveis. De grande importância é também a transmissão através de vectores (geralmente específicos dos agentes patogénicos) tais como mosquitos, percevejos, pulgas e carraças. Um dos modos mais difundidos é o modo de transmissão aerogénica na forma de infecção por gotículas, ou em distribuição fina como aerossóis, tossindo-se os agentes patogénicos. Este modo, que é difícil de conter, é utilizado por muitas espécies microbianas, incluindo o coronavírus.

Vejamos mais de perto a vantagem da atenuação da virulência utilizando o exemplo da transmissão aerogénica dos vírus geralmente inofensivos da constipação (rinovírus). Infectam as membranas mucosas da nasofaringe e induzem os conhecidos sintomas da constipação. Os vírus são literalmente atirados para o ambiente quando se espirra, ou podem chegar às mãos quando se assoa o nariz e depois a tudo aquilo em que se toca. Outra pessoa pode inalar as partículas do vírus ou introduzi-las, apertando as mãos e depois tocando na mucosa nasal. Este último é um exemplo da chamada infecção por contacto. Para ambas as vias de transmissão, é essencial que o hospedeiro se reúna com outros potenciais hospedeiros. Por outras palavras, quanto menos limitativos forem os sintomas da doença, mais móvel permanece a pessoa doente, e maior é a probabilidade de ocorrerem mais contactos do hospedeiro. Assim, um curso ligeiramente limitativo da doença revela-se vantajoso em termos de propagação do vírus. Se um agente patogénico se revelar muito virulento, a pessoa doente sente-se demasiado mal para sair de casa, e milhares e milhares de rinovírus morrerão sem um novo hospedeiro, num ambiente que lhes é hostil. Alguns podem conseguir sobreviver infectando um membro da família, mas tal transmissão não é muito eficiente, especialmente se a nova vítima também tiver de ficar de cama. Assim, para os rinovírus, a mobilidade da pessoa infectada melhora as hipóteses de propagação. A sua virulência é correspondentemente baixa. É também vantajoso para eles restringir a sua multiplicação às células da mucosa nasal.

O oposto, um aumento da virulência, pode ocorrer quando organismos patogénicos são transmitidos por um chamado vector, por exemplo, mosquitos. Mesmo que tal agente patogénico seja tão virulento e se multiplique tão maciçamente que mate o hospedeiro, ainda assim pode transmitir o seu genoma. O vector transporta então a descendência para novos destinatários. A doença pode mesmo facilitar a propagação da doença, uma vez que um doente gravemente infectado ou mesmo morto não consegue resistir às picadas dos mosquitos. Os agentes patogénicos, por outro lado, manipulam obviamente os seus vectores com cuidado, mesmo que também se reproduzam neles, de modo a não pôr em perigo o mecanismo de propagação. Por exemplo, um mosquito Anopheles danificado pelo agente patogénico da malária dificilmente seria capaz de transmitir eficazmente o plasmodia, o agente patogénico da malária, a novas vítimas humanas. Passemos agora à influência do comportamento do hospedeiro, ou seja, do comportamento humano, sobre a virulência do vírus. Isto é demonstrado de forma impressionante pelo desenvolvimento dramático da resistência bacteriana aos antibióticos. O uso frequentemente irreflectido de antibióticos na medicina humana, mas de longe mais significativamente a sua utilização generalizada na pecuária intensiva, está a levar a uma pressão evolutiva maciça sobre as estirpes bacterianas. Esta utilização de antibióticos na pecuária intensiva, que é irresponsável em todos os aspectos, não se deve apenas ao aumento do risco epidémico da agricultura industrial, mas também ao aumento acelerado do peso dos animais abatidos, induzido por medicamentos, através do armazenamento de água. Para além da indiscutível manipulação de seres vivos, que inclui também as condições de trabalho e de vida das pessoas que trabalham na indústria da carne, esta produção industrial de carne é, portanto, um caso de adulteração alimentar. Se houver alergias a antibióticos, há mesmo perigo de vida através de choque anafiláctico ao consumir a carne.

Porque é que a humanidade faz coisas tão obviamente absurdas a si própria? Não deve ser surpresa que tal prática exista. Tanto a produção industrial de carne como o fabrico de antibióticos têm como objectivo aumentar o capital investido na sua produção da forma mais eficiente possível. Estes e todos os outros produtos, como mercadorias, são apenas meios para esse fim. Isto parece ser um facto evidente e inquestionável para o entendimento comum. Numa observação mais atenta, este facto evidente não parece ser de todo inquestionável, mas antes mostra absurdos bizarros do ponto de vista da racionalidade substancial. No exemplo do desenvolvimento dos antibióticos, o ponto de vista da amortização do capital conduz na realidade a uma estagnação ameaçadora. Pois, tendo em conta a previsível relutância em utilizar novos antibióticos, que faz sentido materialmente, para atrasar o desenvolvimento de mais resistências, o que não é muito lucrativo do ponto de vista dos grandes grupos farmacêuticos devido à limitação das suas vendas, estes estão cada vez mais a retirar-se do negócio dos antibióticos e, portanto, também da investigação correspondente.

Voltemos agora a outro momento da influência do comportamento do hospedeiro na propagação de agentes patogénicos. Certas actividades humanas geram os chamados vectores culturais, uma mistura de factores sociais, comportamentais e ambientais. Por exemplo, através de rituais de saudação, em caso de medidas de higiene inadequadas, os agentes patogénicos propagam-se das pessoas infectadas para outros receptores susceptíveis.

 

Contenção do vírus ou eliminação do vírus?

Vamos discutir os benefícios e a eficácia de diferentes medidas para conter ou prevenir uma pandemia. Embora as medidas discutidas nos pontos seguintes se refiram à actual pandemia de Sars-CoV-2, devem ser entendidas como uma abordagem básica das pandemias. Como já foi mencionado, no caso de uma via de transmissão aerogénica, como a do Sars-CoV-2, é de contar com uma alteração genética para a atenuação da virulência. Contudo, isto não leva ao desaparecimento imediato das estirpes mais virulentas assim que ocorre uma mutação atenuada e, portanto, mais bem adaptada, mas apenas ao seu afastamento gradual. Por outras palavras, não é uma opção viável ou realista para a contenção da doença e não é opção nenhuma para a contenção do vírus.

A situação é semelhante para as tentativas de contenção utilizando a imunidade de grupo. A taxa mínima de imunização requerida HImin, quer por exposição a agentes patogénicos naturais, quer por uma vacina adequada, é responsável por R:

HImin = 1 – 1/R

A taxa de reprodução R é o número médio de pessoas infectadas por uma pessoa infectada. A partir da taxa mínima de imunização HImin, o aumento da taxa de infectados pára, uma vez que não restam pessoas infectáveis em número suficiente. Por exemplo, se o valor R for 3, o valor HImin calculado é 66%. Com ele, apenas uma das três pessoas continuaria a poder ser infectada, a propagação do agente patogénico estagnaria e subsequentemente imobilizar-se-ia. Tal procedimento, especulando sobre o desenvolvimento da imunidade de grupo, é automaticamente proibido para agentes patogénicos altamente virulentos, como o vírus Ebola, com uma letalidade superior a 50%, ou o vírus da febre amarela, com uma letalidade de aproximadamente 25%. O vírus Sars-CoV-2, com uma letalidade de aproximadamente 3,5%, não pertence a estes agentes patogénicos altamente virulentos. (3) (4)

A situação dos dados estatísticos a este respeito não é clara, devido a numerosos parâmetros calculados e até agora ainda por calcular. Por exemplo, não existem dados fiáveis sobre o número real de pessoas que adoecem, o que é indispensável para a determinação real da letalidade. Este facto não pode dar lugar a uma minimização da situação. Especular sobre o desenvolvimento de uma imunidade de grupo, que teria de ter lugar a uma velocidade controlada para não sobrecarregar os sistemas de saúde mundiais, está simplesmente fora de questão, por falta de sistemas de saúde dignos desse nome a nível mundial.

Passemos à App de aviso de coronavírus. Os smartphones com esta aplicação estimam a distância entre si com base na força do sinal Bluetooth. Um total de cerca de 20 por cento dos encontros são mal classificados. Mensagens de falso positivo ocorrem quando as pessoas com smartphones são separadas por uma fina parede ou painel de vidro que a aplicação não consegue registar. As aplicações nos dispositivos registam isto como um contacto crítico, embora a parede ou painel de vidro impeça a transmissão do vírus. Podem ocorrer mensagens de falso negativo, por exemplo, se os smartphones forem transportados pelos utilizadores de tal forma que o sinal Bluetooth tenha de passar o corpo do proprietário ou uma mala a caminho do smartphone receptor. Finalmente, o aplicativo não pode detectar se um encontro ocorre em condições que dificultam a transmissão de agentes patogénicos: ao ar livre, em repouso físico e em ar calmo. Por outro lado, o risco é aumentado, por exemplo, numa sala fechada (restaurante, meio de transporte) e por um fluxo de ar da pessoa infecciosa para a pessoa de contacto (ventilador, sistema de circulação de ar/ar condicionado inadequado). Além disso, os aerossóis dispersos ao expirar são mais numerosos e vão mais longe quando se fala alto, canta ou faz desporto. (Wikipedia). Um contacto demasiado curto para activar a aplicação também pode ter causado a transmissão do vírus. Além disso, existe um grande número de restrições e deficiências técnicas (40% da população, incluindo particularmente o grupo de alto risco dos idosos, não têm um dispositivo compatível), o que torna a App de aviso um meio inadequado de contenção de vírus, e muito menos de eliminação de vírus. As preocupações frequentemente citadas sobre a protecção de dados podem, em princípio, ser compreensíveis, mas são uma perfeita anedota por parte daqueles que, por outro lado, revelaram, sem qualquer reflexão e sem qualquer escrúpulo, os seus perfis completos de contacto e movimento às chamadas redes "sociais".

Outro tópico que é de preocupação mundial é o desenvolvimento de uma vacina adequada. A especulação sobre o momento em que isso vai ocorrer é alta. Certamente que deve ser claro para uma investigação séria que tal coisa é proibida. É impossível dar tais datas com seriedade. O sucesso do próprio desenvolvimento da vacina está nas estrelas. Durante quanto tempo, por exemplo, houve investigação infrutífera sobre uma vacina contra o vírus HIV? E especialmente no caso de vacinas introduzidas precipitadamente e, portanto, não muito testadas, a avaliação do risco é elevada por razões óbvias, e o cepticismo em relação a tais vacinas não é infundado. Água nos moinhos dos notórios opositores da vacinação. A este respeito, relativiza-se bastante a grande expectativa geralmente expressa de desenvolvimento rápido de uma vacina realmente útil e com poucos efeitos secundários.

O que resta é o debate sobre a quarentena ou quarentena em massa, o confinamento (lockdown). A interrupção das cadeias de infecção por meio das chamadas medidas de quarentena não é uma invenção da modernidade, mas um método há muito conhecido e reconhecido, complexo mas muito eficaz. O termo provavelmente refere-se ao médico da Grécia antiga Hipócrates, que indicou 40 dias como o ponto de viragem de uma doença. A quarentena é uma medida de higiene infecciosa muito dispendiosa, socialmente drástica mas muito eficaz, que é utilizada especialmente para doenças altamente infecciosas com elevada mortalidade. A duração da quarentena depende do período de incubação da doença suspeita. Enquanto não existirem testes de detecção fiáveis, é razoável um período de quarentena igual a dois períodos de incubação. Os pacientes devem ser atendidos por pessoal médico, que deve estar equipado com medidas de protecção e dispositivos adequados. Qualquer outra linha de acção seria irresponsável para com o pessoal em causa e seria prejudicial para a contenção do vírus. No entanto, tal acção irresponsável nas semanas de Março deste ano foi uma triste prática em muitos lugares, incluindo países da UE. O principal efeito da quarentena é quebrar todas as cadeias de infecção, isolando os doentes e todos os que estão em contacto com eles. Se as cadeias de infecção já não puderem ser rastreadas, tal situação requer o confinamento, ou seja, quarentena em massa. Tais medidas não só permitem a contenção do vírus, mas também, na melhor das hipóteses, a eliminação completa e definitiva do vírus. No entanto, um pré-requisito para a eliminação completa do vírus é a ausência de portadores permanentes (assintomáticos). Ao que tudo indica, no caso do Sars-CoV-2 não há porte permanente do vírus. A eliminação completa do vírus é ainda mais complicada pelo fenómeno da zooantroponose, a transmissão de agentes patogénicos dos animais para os seres humanos. Ao contrário das hipóteses iniciais, a zooantroponose não foi confirmada com o Sars-CoV-2, felizmente tão pouco quanto a inicialmente temida alta mortalidade. No entanto, as medidas de confinamento foram justificadas, tendo em conta a imponderável situação da informação. A China conseguiu a eliminação (temporária) do vírus nas províncias afectadas através da implementação consistente de medidas de quarentena e de confinamento. Isto foi apenas temporário devido à reintrodução subsequente de vírus do exterior. Até agora, em meados de Agosto de 2020, a Nova Zelândia está livre de vírus há mais de 100 dias. Em princípio, as epidemias regionais podem ser contidas através de medidas de confinamento atempadas e adequadas do ponto de vista espacial, evitando assim, desde logo, o aparecimento de pandemias. Se já existir uma pandemia, é necessária uma acção globalmente coordenada. Sem essa coordenação global, os sucessos limitados na eliminação de vírus, tais como os da China e da Nova Zelândia, estão constantemente em risco. Não só a acção deve ser coordenada a nível mundial, como também devem ser introduzidas medidas bem preparadas e bem organizadas. Isto implica uma garantia abrangente de todos os fornecimentos de material à população afectada, uma protecção abrangente para o pessoal médico que presta tratamento e para todas as outras actividades que são socialmente indispensáveis e que têm de ser mantidas durante o confinamento.

 

A realidade da sociedade mundial

Uma pandemia é uma doença infecciosa que se espalha rapidamente pelos continentes. Cada pandemia começa como um evento regional, uma epidemia. Consequentemente, as medidas de encerramento regional implementadas de forma consistente, alargadas a dois períodos de incubação, são capazes de evitar uma pandemia. A existência de uma pandemia requer uma tal abordagem à escala global. A fim de combater a actual pandemia de Sars-CoV-2, seria portanto apropriado um novo confinamento global. Com um período de incubação de aproximadamente 5-6 dias, que pode agora ser facilmente estimado, o período de confinamento seria de um máximo de 3 semanas. A data para o início das medidas globais seria fixada, digamos, a 1 de Outubro. A sociedade mundial poderia coordenar todas as medidas, bem como os cuidados prévios, e cada pessoa poderia fazer em paz todos os preparativos pessoais necessários. Um efeito concomitante desse confinamento de três semanas seria a contenção de um grande número de outras doenças infecciosas. Seria possível, em princípio, um tal procedimento? Sem dúvida. As actuais possibilidades materiais da humanidade não constituem um obstáculo a tais medidas. O fornecimento de meios de subsistência no sentido mais lato há muito tempo que poderia ter sido garantido, independentemente da pandemia. Comida, habitação, vestuário, cuidados médicos, se ainda não estiverem disponíveis em quantidades suficientes, poderiam ser fornecidos com pouco esforço, pelo menos com menos esforço do que o de todo o complexo militar-industrial. Para o alojamento de pessoas sem abrigo, os hotéis não utilizados poderiam ser utilizados durante o período de confinamento. O que impede a implementação efectiva das medidas de confinamento são as indizíveis condições de trabalho e de vida a nível mundial, actualmente um escândalo na indústria local da carne. O que impede o necessário fornecimento de material médico, camas hospitalares de cuidados intensivos etc. em caso de pandemia é geralmente a sua forma de mercadoria, reforçada pela privatização do sistema de cuidados de saúde, para o qual a capacidade de camas a serem fornecidas para pandemias, que normalmente não é utilizada, é inevitavelmente considerada como um custo que não pode ser amortizado. Se, para garantir o fornecimento em caso de crise, o desenvolvimento da capacidade de camas de cuidados intensivos for subsidiado – como aconteceu na Alemanha, onde o Estado pagou aos hospitais 50.000 euros por cada cama adicional de cuidados intensivos, a fim de fornecer cerca de 40.000 novas camas de cuidados intensivos – acontece o que inevitavelmente acontece numa sociedade de concorrência. O dinheiro foi recolhido, mas cerca de 7.300 camas existem apenas no papel. Sem dúvida um caso de fraude, mas uma prática comum devida à falta de controlo. Afinal, se for bem sucedida, representa uma vantagem competitiva indubitável. Em princípio, um confinamento leva a uma redução da própria produção e a restrições ao fluxo global de mercadorias e de capital, embora, se bem preparado, coordenado e limitado no tempo, não na mesma medida que o primeiro confinamento, que foi inicialmente atrasado e depois levado a cabo de forma completamente precipitada. A contenção da produção, dos fluxos de mercadorias e de capitais tem lugar no âmbito da constituição social da concorrência. Afinal, movidos pela inexorabilidade da concorrência, cada local, cada nação procura a sua própria vantagem. E isto leva-nos ao principal obstáculo a um confinamento materialmente razoável, mas apenas promissor se globalmente coordenado, que é a constituição mental da Humanidade em concorrência. A natureza ilusória desta constituição mental manifesta-se em teorias da conspiração de todas as formas e feitios. O seu espectro é amplo. Inclui a negação ou minimização da pandemia, mais proeminentemente corporizada no actual ocupante da sala oval, que gosta de mudar abruptamente para a paranóia distópica, na qual é atribuído à China o papel do vilão universal. Um personagem como o dos EUA, o brasileiro e muitos outros chamados presidentes diz muito sobre o estado de espírito de uma humanidade presa em estruturas de pensamento ultrapassadas. Uma das teorias da conspiração é interpretar mal as medidas largamente sensatas para conter a pandemia como sendo uma encenação do estado de excepção, uma instalação da lei marcial. Qualquer pessoa que afirma isto está à partida a julgar erroneamente o carácter completamente repressivo da própria democracia. A democracia é a forma mais adequada de governo do fetiche do capital (Marx) internalizada pelas pessoas. O estado de excepção, a lei marcial já estão sempre nela previstas, de resto também codificadas legalmente. No entanto, o estado de excepção e a lei marcial não são um fim em si, mas sim um meio para o fim de combater os processos sociais que vão contra a "ordem" dominante. Nenhuma proclamação de estado de excepção, nenhuma instalação dum regime militar, nem mesmo de uma ditadura fascista, exigiu até agora a legitimação por uma pandemia. A legitimação sempre foi e ainda é a manutenção da "ordem", que a maioria das pessoas ainda toma como certa e natural, apesar da loucura que lhe está associada. É como se existisse uma proibição auto-imposta de pensar para além desta "ordem".

Vejamos os recentes acontecimentos nos EUA. Acaso o estado de excepção, a imposição de recolher obrigatório foi justificada pela pandemia? Não, foi simplesmente o facto dos protestos e levantamentos anti-racistas, após o assassinato do afro-americano George Floyd, que constituiu a única razão para declarar o estado de excepção. O argumento mais válido para a encenação do estado de excepção é e continua a ser a preservação da "ordem", law and order ou, mais precisamente: a defesa e aplicação da socialização na forma da mercadoria. Todos os apologistas do capital de qualquer origem ideológica, desde o liberal ao fascista, concordam com isto. Não há necessidade de qualquer pandemia como justificação.

 

 

(1) http://obeco-online.org/gerd_bedszent8.htm

(2) http://obeco-online.org/tomasz_konicz12.htm

(3) https://pt.wikipedia.org/wiki/COVID-19

(4)https://www.rki.de/EN/Home/homepage_node.html;jsessionid=C43C81B5DEECB173D58595CEA55606BE.internet121

 

 

Original Das Virus – Kritik der politischen Pandemie in: www.exit-online.org, 11.11.2020. Tradução de Boaventura Antunes

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