EXIT! CRISE E CRÍTICA DA SOCIEDADE DA MERCADORIA
A ESCOLA DO BELICISMO
Breve curso introdutório ao novo realismo anti-alemão
Um ponto importante neste jogo consiste no facto de o verdadeiro "assunto" da sociedade burguesa ser, em vez do conteúdo, desde sempre a forma. O conteúdo em si é considerado sujo, a forma em si é nobre (Kant). No entanto é precisamente a forma capitalista que torna tão pouco limpo o conteúdo, e não apenas em termos ideológicos, mas em termos reais. Este facto tem de ser recalcado. Afinal faz parte da promessa de felicidade da Modernidade a possibilidade de se poder votar a uma certa indiferença o conteúdo tornado sujo. A racionalidade capitalista é a forma vazia, a forma indiferente a qualquer conteúdo, do valor no sistema da valorização do valor. A isto corresponde o carácter de forma vazia de toda a "civilização" burguesa. As formas de trato da sociedade civil são tão vazias de conteúdo como a forma do fetiche que se encontra na sua base. Este facto torna a verdade quase impronunciável. E com isso o belicismo de esquerda jornalístico pode viver muito bem. Este vende o imundo conteúdo fazendo surf em cima da consciência formal dos seus destinatários.
Qualquer filho de dentista com licença de vela e dotado de uma sólida semi-cultura humanista já bebeu a questão da forma com o respectivo biberão, mesmo que o destino o tenha atirado para o seio da esquerda anti-alemã. Mal ele recupere, um dia, os sentidos como um belicista pro-imperial, é precisamente por isso que sabe comportar-se. A forma determina a consciência. Mesmo que não saiba mais nada, tem um vago pressentimento disto. Aí entra em funções a racionalidade formal burguesa geral e alheia ao conteúdo: Um tiro na nuca em princípio até está bem, mas a forma tem de ser salvaguardada. Evidentemente existem situações excepcionais. Mas se for mesmo imprescindível trair o seu papel por momentos, convém que ninguém o veja. Importa atirar o cadáver rápida e silenciosamente ao rio, numa noite de lua nova, dar às de vila-diogo e, no dia seguinte, voltar a apresentar-se ao serviço com o cabelo acabadinho de secar e com o sorriso solícito do realismo nos lábios. Nem há que pensar duas vezes. Assim raciocina qualquer tronco cerebral burguês, e em particular o anti-alemão softcore.
A Escola do Belicismo - (Robert Kurz; Junho de 2003) Deutsch
WOLPERTINGER NO PARQUE JURÁSSICO
A regressão imparável dos círculos da
esquerda radical alemã
No congresso de contornos anti-alemães e paleomarxistas "Jogo sem fronteiras", na Primavera de 2003, a "linguagem" do panfleto contrário, intitulado "O jogo acabou", devia servir para justificar semelhante ignorância. Neste texto foi dito, com uma referência mesmo gramaticalmente insofismável ao belicismo (ou seja, uma ideologia): "A esquerda radical da área linguística alemã terá de se formar de um modo novo também em termos jornalísticos se alguma vez quiser voltar a ver-se livre desta pandemia". Como "pandemia" eram designados o discurso belicista e a conversa transparentemente ideológica que de repente circulam sem qualquer justificação sobre a suposta "promessa de felicidade burguesa", e não os indivíduos por ela acometidos. Existe uma diferença entre definir como uma "pandemia" seres humanos ou aquilo de que estes padecem. De resto foi para este facto que Immanuel Steinberg (pesquisa Steinberg) chamou a atenção em uma carta de leitor remetida à Konkret que, como é natural, não chegou a ser publicada. É que o que fazia falta era um qualquer papão formal de meia leca que servisse de pretexto para não terem de se debruçar sobre a crítica concreta do seu próprio posicionamento falacioso, oportunista e anacrónico face à mais recente guerra de ordenamento mundial.
Wolpertinger no Parque Jurássico - (Robert Kurz; Dezembro de 2003) Deutsch
A IDEOLOGIA ANTI-ALEMÃ
Do antifascismo ao imperialismo de crise: crítica da novíssima essência sectária alemã de esquerda nos seus profetas teóricos
Escrever este livro custou alguns sacrifícios. Pois quem já tem vontade de discutir as questões básicas da teoria social e da crítica social na forma velha e relha da luta por distinções e separações no seio da esquerda? Por isso em primeiro lugar uma palavra para todas as leitoras e leitores que não têm que lidar com a ideologia anti-alemã: a questão aqui não é simplesmente uma "sensibilidade de esquerda", mas a questão completamente diversa do problema a colocar de uma nova formulação da crítica radical do capitalismo; trata-se da teoria da história, do estatuto do nacional-socialismo e de Auschwitz, da crítica do iluminismo e do marxismo do movimento operário, da crítica da forma burguesa do sujeito, dos conceitos de teoria e de crítica em geral, da relação entre forma do valor e ideologia, mas também da espécie e do modo das discussões no seio de uma esquerda paralisada. Desde que as discussões aqui expostas estejam também para lá das suas referências ao sindroma anti-alemão do interesse por uma esquerda em luta consigo mesma e com o seu passado.
A Ideologia Anti-Alemã (prefácio) - (Robert Kurz; Agosto 2003)
É preciso acabar de vez com todo o "debate" com os belicistas, sejam eles hard ou softcore! O belicismo não pode ser uma alternativa satisfatória. O tempo está mais que maduro para traçarmos a linha divisória também a nível formal, depois da que diz respeito ao conteúdo. A esquerda radical do espaço de língua alemã terá de formar-se de outro modo, mesmo sob o aspecto jornalístico, se alguma vez quiser ver-se livre desta pandemia. Temos de acabar com todo o liberalismo e todo o acanhamento, acabar com todo o burguês fingimento de compreensão face aos tontos provincianos ideais que dão pelo nome de anti-alemães, que em todo o mundo fazem a vergonha das esquerdas alemã e austríaca! Se não ocorrer finalmente um terramoto nesta paisagem da esquerda, podemos esquecer a crítica social radical nesta sociedade para os anos que aí vêm. Os movimentos sociais perderão o seu momento e serão esvaziados pelos elementos ideológicos nacionalistas e antisemitas e tudo isso logo devido à paralisia anti-alemã da esquerda.
O
jogo acabou - (Robert Kurz; Março de 2003) Deutsch
Congresso "Jogo sem fronteiras" últimas considerações:
UM JOGO COM ESTREITAS FRONTEIRAS
O autismo anti-alemão em acção
Congresso "Jogo sem fronteiras" - últimas considerações - (Robert Kurz; Maio de 2003)
Declaração da redação da Krisis relativamente à campanha difamatória da revista "konkret" contra Robert Kurz
Declaração da redação da Krisis - (Maio de 2003)
ABAIXO DE TODA A CRÍTICA
A esquerda, a guerra e a ontologia capitalista
O que resta da esquerda revela-se, na sua ignorância, complacentemente como a bosta restante da burguesa forma do sujeito, reduzida ao politicismo, ao culturalismo e à "crítica ideológica" desprovida de qualquer fundamento em termos de crítica da forma e de análise real. Nesta deplorável condição ela já não é capaz de explicar as novas guerras de ordenamento mundial.
Observado de um ponto de vista superficial, o resultado consiste em uma polarização irredutível em uma larga corrente de anti-imperialistas tradicionais, por um lado, e uma minoria sectária de belicistas pró-ocidentais, por outro. Ambas procedem a uma retroprojecção anacrónica dos fenómenos da crise actual sobre a época das guerras mundiais, sendo que uns preferem o modelo da primeira e outros o da segunda guerra mundial.
Abaixo de toda a crítica - (Robert Kurz; Abril de 2003)
A KONKRET EM GUERRA
Mais uma nota de rodapé a propósito do mais belo de todos os debates
Quem se meter no pântano da política sectária de esquerda, afoga-se nela e já não faz mais nada que tenha qualquer sentido, já sei. Também não tenciono fazer disto um hábito. Por isso, continuai a diferenciar, que sois um pouco mais simpáticos que o Robert Kurz com os belicistas, que estes, no fundo, até são bem-intencionados. Afinal a Rosa Luxemburgo também deu a mãozinha à social-democracia belicista, e fê-lo por motivos da razão de partido, ou acaso não foi assim? E adeus!
A
KONKRET em guerra - (Robert Kurz; Abril de 2003) Deutsch
Já não existe uma alternativa imanente. Mas como a esquerda não conhece outra coisa senão a ocupação de alternativas imanentes no solo da ontologia e da história do desenvolvimento capitalista, ela refugia-se em grande parte no passado e entretém uma absurda disputa sobre se estamos em 1914 ou em 1941. Ambas estas facções ficaram intelectualmente retidas na época de um capital formado em economias nacionais e de potências expansivas nacionais e imperiais. No que diz respeito à teoria da crise e, de um modo geral, quanto à crítica da economia política, ambas são analfabetas, e ambas se agarram à racionalidade interior capitalista do sujeito iluminista burguês.
Os nostálgicos de 1914 e os adeptos da múmia de Lenine invoca o fantasma de uma aliança "anti-imperialista" dos opositores da guerra de esquerda nas metrópoles com os "soberanistas" e os "povos" do terceiro mundo que precisam de defender a sua independência burguesa contra o imperialismo dos EUA, da RFA ou da UE. Os nostálgicos de 1941, pelo contrário, deliram com a visão de uma coligação "contra Hitler" liderada pelas "boas" potências ocidentais contra o "fascismo islâmico" e os seus cúmplices alemães em protecção de Israel e "da civilização".
No entanto, o regime de Saddam não serve nem para fazer de império nazi que ameaça o mundo, nem para esperança da força do desenvolvimento nacional, e Bin Laden não é nem Hitler, nem Che Guevara. O estado palestiniano desmorona-se ainda antes da sua fundação porque a soberania de estado já não constitui uma opção emancipatória; inversamente, a barbárie da intifada e dos atentados suicidas não pode ser equiparada à aniquilação fabril dos judeus em Auschwitz. Os falsos amigos do terceiro mundo subsumem Israel ao imperialismo e ignoram a sua qualidade essencial como resultado do antisemitismo global; os falsos amigos de Israel exaltam as forças reaccionárias e ultra-religiosas responsáveis pelo assassínio de Rabin e deixam-se cair, eles próprios, numa agitação racista primária. Uns negam Israel como local de refúgio, os outros ignoram o facto da sua existência estar a ser posta em causa mais pela sua própria barbárie de crise interna do que por ameaças militares externas.
Os mortos-vivos de 1914 aceitam a barbarização nacionalista e antisemita, culturalista e anti-americana, da "luta de classes" e do "anti-imperialismo". Os mortos-vivos de 1941 sacrificam toda e qualquer crítica da imperial guerra de ordenamento mundial, denunciam impávidos e serenos a acossada oposição israelita, assim como a oposição de esquerda dos EUA, e transformam a necessária crítica do antisemitismo e do anti-sionismo na legitimação do terror bombista democrático. O que é necessário, em vez de tudo isso, é uma oposição radical à guerra que encare de frente a verdadeira situação no mundo e desenvolva uma crítica categorial da Modernidade capitalista que vá além da errónea imanência de alternativas aparentes que já apenas representam formas diversas da mesma barbárie de crise cosmopolita.
Imperialismo de crise - (Robert Kurz; Março de 2003) Deutsch Español English Français Italiano
A Guerra de Ordenamento Mundial
O Fim da Soberania e as Metamorfoses do Imperialismo na Era da Globalização
A imparável desagregação da economia é suposto ser detida com meios económicos, ao passo que se pretende travar a igualmente imparável desagregação da política com meios políticos. Os senhores mundiais do capital já não compreendem o seu próprio mundo...
A crise do sistema mundial e o novel vazio conceptual - Introdução - (Robert Kurz; Janeiro de 2003) Español English
As Metamorfoses do Imperialismo - Capitulo I - (Robert Kurz; Janeiro 2003) Español English
Os Fantasmas Reais da Crise Mundial - Capitulo II - (Robert Kurz; Janeiro 2003)
O Próximo Oriente e a Síndrome do Anti-Semitismo - Capitulo IV - (Robert Kurz; Janeiro 2003) Deutsch
O Império e os Seus Teóricos - Capitulo VII - (Robert Kurz; Janeiro 2003) Deutsch
TABULA RASA
Até onde é desejável, obrigatório ou lícito que vá a crítica ao Iluminismo?
Tabula Rasa - (Robert Kurz; Krisis 27 - Novembro 2003)
ONTOLOGIA NEGATIVA
Os obscurantistas do Iluminismo e a metafísica histórica da Modernidade
Ontologia Negativa - (Robert Kurz; Krisis 26 - Janeiro de 2003)
Razão Sangrenta
20 Teses contra o chamado Iluminismo e os "Valores Ocidentais"
Razão Sangrenta - (Robert Kurz; Krisis 25 - Junho de 2002) Deutsch Español